A
região interior foi desde sempre um espaço pouco procurado e explorado quando a
comparamos com a zona litoral e as grandes cidades do país (Lisboa, Porto,
Braga, etc.). Mesmo ao nível do desenvolvimento de uma cidade situada no interior,
são encontrados obstáculos que advêm da sua localização, tanto no que se refere
à globalização da cidade enquanto ponto estratégico de comercialização e
movimento como, também, em relação ao impacto que a mesma pode ter no
funcionamento do país.
A
região de Trás-os-Montes e Alto Douro parece, contudo, ser ainda uma das mais
afetadas, o que me faria entrar uma vez mais pelo fator geográfico e apontar
para o “problema” Norte. E, de facto, de acordo com os estudos anunciados por
várias plataformas no ano de 2018, entre as quais o sítio Evasões, o sítio Sapo
Viagens, entre outros, os destinos portugueses de eleição são, geralmente,
localizados na sua maioria no litoral sul, dando especial importância ao turismo
no litoral, seguindo-se do fator “Sul” e ainda alguns dos pontos icónicos do
nosso país, como a Serra da Estrela, Parque Natural da Peneda-Gerês e as Ilhas.
Cidades como Braga, Guimarães, entre outras, têm também visibilidade privilegiada
no panorama nacional devido à sua história. Aparte estes locais, com acentuado privilégio
geográfico, histórico, económico, muitas cidades têm de explorar as suas
riquezas, jogar os seus trunfos e lutar contra a desertificação. Vila Real é
uma dessas cidades.
O
Circuito Internacional de Vila Real
não é uma atratividade recente, bem pelo contrário. A primeira edição da prova
remonta a 1931, segundo o sítio do Circuito Internacional de Vila Real,
organizada pela mesma comissão de pessoas que organizava as Festas da Cidade e
muito graças ao empenho de algumas personalidades locais. Na década de 50, a
cidade recebe grandes nomes do automobilismo internacional, o que transpôs
visibilidade para esse evento, dando também com isso estatuto e “nome” ao local
da prova. Contudo, esta é uma história de um percurso com altos e baixos,
tendo, após essa edição, havido um interregno de 8 anos da prova na cidade. Mas,
mesmo com esses pontos mortos, este início de mobilização de uma cidade começa
a “mexer”, de certa forma, com o turismo nacional nessa região, principalmente
por parte de fãs da competição automóvel, robustecendo o seu “nome”. Como foi referido,
este é o percurso de uma atividade de atração turística que, para além de
conquistar benefícios, também sofreu alguns danos e modificações, nomeadamente
com as alterações provocadas pela revolução de 1974 e outros fatores de
modernização, conforme a página web
do Circuito Internacional de Vila Real. E, com isto, esse espetáculo tão
identitário daquela cidade perde a sua força. Registam-se posteriormente duas investidas
falhadas. Citando o sítio Circuito de Vila Real, “Entre 2007 e 2010 voltam a
fazer-se novas tentativas de ressuscitar o Circuito, desta feita com novo
traçado, mas a má conjuntura económica portuguesa dita o insucesso.”
Desta
feita, segundo a página web do
Circuito Internacional de Vila Real, no ano de 2014 foi possível, com a
fundação da A.P.C.I.V.R. (Associação Promotora do Circuito Internacional de
Vila Real) e com essa mesma equipa de trabalho, e parcerias e apoio da Câmara
Municipal de Vila Real, a revitalização da prova de desporto automóvel
caraterizadora da cidade. Os frutos desse trabalho de mobilização das pessoas e
dinamização numa região do interior norte do país parecem ser bem visíveis e,
ao que tudo indica, os números contabilizados são bastante simpáticos.
Conforme
o Sapo Desporto, numa notícia de junho de 2018, “O presidente da Câmara de Vila
Real disse que o Circuito Internacional, que inclui o Campeonato do Mundo de
Carros de Turismo, custa 1,1 milhões de euros e tem um impacto económico de 26
milhões de euros. (…) Valores que, de acordo com o autarca, foram apurados
através de estudos económicos realizados”. São números astronómicos que
demonstram bem o que é dar “vida” à cidade, criando, consequentemente, postos
de trabalho, aliciando o público nacional e internacional. Citando ainda o Sapo
Desporto, “Joaquim Ribeiro, por parte da Entidade Regional do Turismo do Porto
e Norte de Portugal, afirmou que ´este tipo de eventos, no Interior, é
fundamental para atrair público e dar notoriedade à marca`”. Esta é, portanto,
parte da dinamização turística, cultural e regional, que luta contra a
“desvalorização” do interior com atividades dignas de reconhecimento
internacional.
João
Manuel Miranda
Bibliografia:
Evasões (2018). Eleitos
os 10 melhores destinos portugueses para 2018. [Em linha]. Disponível em https://www.evasoes.pt/noticias/eleitos-os-10-melhores-destinos-portugueses-para-2018/.
[consultado em 19/02/2019].
Circuito de Vila Real (S/D). História, Circuito Internacional de Vila Real. [Em linha]
Disponível em http://www.circuitodevilareal.pt/historia/.
[consultado em 23/02/2019].
DESPORTO, Sapo (2018).
CIRCUITO INTERNACIONAL DE VILA REAL COM IMPACTO ECONÓMICO DE 26 ME. [Em
linha]. Disponível em https://desporto.sapo.pt/modalidades/motores/artigos/circuito-internacional-de-vila-real-com-impacto-economico-de-26-me.
[consultado em 23/02/2019]
NCULTURA
(2018). Eleitos os 10 melhores destinos
portugueses para 2018. [Em linha]. Disponível em https://ncultura.pt/eleitos-os-10-melhores-destinos-portugueses-2018/.
[consultado em 19/02/2019].
VIAGENS,
Sapo (2018). FÉRIAS EM PORTUGAL: ESTES
SÃO OS DESTINOS DE ELEIÇÃO. [Em linha]. Disponível em https://viagens.sapo.pt/planear/noticias/artigos/ferias-em-portugal-estes-sao-os-destinos-de-eleicao.
[consultado em 19/02/2019].
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2018/2019)
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