Boa tarde!
As primeiras
palavras que quero aqui deixar são de agradecimento ao Professor José Mendes e
à Fundação Mestre Casais por se terem disponibilizado para o patrocinar e
financiar a respetiva edição em papel. Agradeço-lhes, também, a organização
desta sessão de apresentação pública.
Agradeço,
ainda, aos autores que quiseram/puderam associar-se a este evento, entre os
quais identifiquei a presença na sala, para além do Prof. José Mendes, que
também é autor, dos Profs. José Vieira, Rui Alexandre Castanho e Ivo Oliveira, aparte
o Prof. José Mendes, que também é autor.
Muito obrigado
a todos os presentes!
Em breves
palavras, gostaria de vos dizer que o que me levou a avançar com esta edição
prende-se com o momento atual do debate sobre Sustentabilidade, nas suas
expressões ambiental, económica e social, mas resulta igualmente de referências
longínquas que mantenho sobre este debate.
Essas
referências remontam a 1972 e 1973, e ao meu ingresso na Universidade Técnica
de Lisboa, ocasião em que vários elementos marcantes do debate então gerado
foram sendo trazidos para o contexto da minha formação académica.
No momento em
que o essencial do meu percurso académico, se encerrou, com a minha aposentação
recente, achei que fazia sentido recuperar essas referências e ajudar a fazer
um ponto de situação do que que foi ocorrendo ao longo de várias décadas.
Quando menciono
o ano de 1972, quero, obviamente, invocar o livro “Os Limites do Crescimento”,
de Meadows et al. (1972), do qual,
como principal conclusão, se podia extrair que o Homem estava à beira de uma
catástrofe ecológica, a menos que se conseguisse reduzir para uma taxa zero a
evolução da população mundial e da produção industrial.
Com é geralmente
sabido, o livro captou enorme atenção e desencadeou grande controversa sobre os
resultados a que se chegou e as hipóteses de partida que foram assumidas.
Uma premissa
base era a de que o crescimento infinito era impossível num planeta finito.
Dos estudos que
então fiz enquanto estudante de Economia, percebi que o risco de catástrofe
para a humanidade que o trabalho de Meadows et
al. (1972) enunciava tinha muito de paralelo com o que fora proclamado cerca
de cento e setenta anos antes por Thomas R. Malthus, no seu “Ensaio sobre o
Princípio da População”.
Aí, Malthus (1826)
dizia que as pessoas tenderiam a multiplicar-se exponencialmente enquanto a
provisão de alimentos, na melhor das hipóteses, tenderia a aumentar a uma taxa
constante.
Daí retirava a “profecia”
de que tenderiam a ser a fome e a guerra a corrigir os desequilíbrios de
ajustamento entre crescimento demográfico e disponibilidade de recursos
naturais que viessem a gerar-se, periodicamente.
Embora com
fundamento diferente do de Thomas Malthus, e sem o dramatismo enunciado por
aquele, também em David Ricardo (1975[1817]), um dos fundadores da Economia
Política, podem encontrar-se preocupações com a dinâmica de crescimento das
economias, a longo-prazo.
Na perspetiva
de Ricardo (1975[1817]), mais cedo ou mais tarde, o rendimento nacional
deixaria de crescer ou atingiria um estado estacionário.
Para tal
tenderiam a contribuir a queda tendencial da taxa de lucro e a estagnação do
progresso técnico.
O combate à
estagnação do progresso técnico poderia, entretanto, e por algum tempo, ser
feito através da mecanização e das descobertas que pudessem ser conseguidas na
agricultura que se traduzissem em aumento do rendimento das terras, assim como
através do recurso à importação de bens agrícolas (Ricardo, 1975[1817]).
Retornando ao
texto “Os Limites do Crescimento”, o facto de nas décadas seguintes terem
ocorrido grandes avanços tecnológicos e de terem sido descobertas novas
reservas de energia fóssil acabou por afastar a problemática da
sustentabilidade do debate público corrente, aparecendo as iniciativas da ONU sobre
o ambiente como o grande contraponto a esse “esquecimento”.
Esse debate alargado
só voltou a emergir mais tarde, quando graves problemas sociais e ambientais,
com consequências económicas incontornáveis, se tornaram fenómenos recorrentes.
No rescaldo do debate lançado no início da década de
setenta, na década seguinte, a ideia de desenvolvimento “sustentável”, em
leitura que integra as dimensões ecológica, social e económica, foi
progressivamente fazendo percurso.
O lançamento do Relatório
Brundtland (1987) (Brundtland,
1988[1987]), da iniciativa da Comissão sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidos (ONU), é a expressão mais
conhecida desse trajeto.
É daí (Brundtland, 1988[1987]) que
resultou o conceito de desenvolvimento sustentável, apresentado como a forma
pela qual as atuais gerações satisfazem as suas necessidades sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de satisfazerem as delas.
Obrigado!
J.
Cadima Ribeiro
Braga, Hotel
Meliã, 23 de setembro de 2025
“A
Sustentabilidade tem que ser um compromisso de todos!”
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