terça-feira, dezembro 18, 2007

Os vinhos portugueses de qualidade e o efeito região de origem: a percepção de consumidores e retalhistas

O regresso à análise do comportamento do consumidor encontrou uma forte motivação quando a discussão sobre o efeito país de origem dos produtos foi levantado pelos investigadores do marketing e dos negócios internacionais nos anos 80 do século XX e, sobretudo, na primeira metade dos anos 90. O que aqueles pesquisadores defenderam foi que o país de origem tinha uma influência considerável na avaliação de um produto feita pelos consumidores.
A revisão da literatura permite tornar claro que o comportamento dos consumidores pode variar significativamente, quer em termos de motivação para a compra, quer nos critérios de escolha de um produto, quer em termos de comportamento. A cultura, o estatuto económico e os valores humanos podem ser fortes pistas para compreender as motivações de compra dos consumidores. Isso não permite concluir que o efeito país de origem e o etnocentrismo não estejam presentes, mas que esses fenómenos serão muito mais complexos do que tem sido assumido em muitos estudos. Contrariamente à desvalorização do efeito país de origem, alguma investigação dá suporte à noção de que existe uma hierarquia de países estrangeiros implícita na decisão do consumidor.
A mencionada evidência adquire a sua inteligibilidade a partir de algo que parece óbvio: quando os consumidores não estão familiarizados com os produtos de um país, a imagem do país pode servir como chave para a tomada de decisão sobre a aquisição. No sentido oposto, uma vez os consumidores familiarizados com os produtos de um país, a imagem do país perde importância em favor de outros atributos, como a marca e o preço.
O conceito de etnocentrismo é originado na realidade de, nas suas decisões de compra, os consumidores, amiúde, tenderem a dar preferência a produtos nacionais. As razões que subjazem a este comportamento foram resumidas como sendo: i) o receio dos consumidores de lesarem a economia do seu país “amado” ao adquirem produtos estrangeiros; ii) "a moralidade de comprar produtos importados"; e iii) a existência de preconceitos pessoais em relação a produtos estrangeiros. Inversamente, consumidores não-etnocentricos são aqueles que adquirem os produtos em função da avaliação que fazem dos seus méritos e, neste contexto, tendem a não valorizar a origem geográfica.
Entretanto, pode-se entender que, à medida que a familiaridade com a marca aumenta, os consumidores tendam a usar menos outros sinais extrínsecos, como o país de origem ou o preço. Por outro lado, falando da importância dos preços na decisão do consumidor, alguns investigadores concluíram que o preço é raramente o atributo ao qual os consumidores conferem o maior relevo.
Testando a relevância dos factores etnocentrismo ou patriotismo, qualidade, marca e preço do produto, a investigação empírica foi levada a concluir que, embora patriotas a ponto de fazerem sacrifícios em matéria de preço, é duvidoso que os consumidores aceitem desiludir-se optando por produtos que não se conformem com a qualidade que exigem.
Salvaguardadas algumas distâncias, o que é válido para analisar a preferência dada pelos consumidores aos produtos de um país pode também ser válido para os de uma região. Pelo menos, a cultura é certamente algo que dá singularidade aos territórios e, em muitos casos, a cultura e o clima são elementos chave para compreender os factores intrínsecos de diferenciação dos produtos.
Tendo presentes as ideias e conceitos antes enunciados, como forma dos testar, o autor deste texto desenvolveu há uns meses atrás dois questionários através dos quais retalhistas e consumidores finais foram inquiridos sobre as razões da escolha que faziam de vinhos de mesa portugueses, de qualidade. Uma das questões incluídas respeitava à região de origem desses vinhos. Era-lhes também solicitado que identificassem os três principais atributos considerados na decisão de aquisição, hierarquizando-os. Os inquéritos foram realizados entre Fevereiro e Abril de 2007, numa loja Makro (retalhistas) e no hipermercado Feira Nova (consumidores finais), ambos em Braga.
De forma breve, dos resultados que foram obtidos, sublinhamos o seguinte:
i) o factor de maior influência na aquisição de vinho foi identificado como sendo a região de origem, tanto no caso dos consumidores finais como no dos retalhistas;
ii) num distante segundo lugar, apareciam a marca, o preço e o tipo de vinho, no caso dos retalhistas, bem como o tipo, a marca e o preço, no outro inquérito;
iii) olhando para o segundo factor de escolha, as diferenças de abordagem entre retalhistas e consumidores finais ofereciam-se mais evidentes, com os retalhistas a enfatizarem a marca e a região de origem e os consumidores a darem mais importância aos preços e menos à região de origem.
Resumindo, dos resultados obtidos com a amostra dos consumidores conclui-se que o atributo mais valorizado foi, destacadamente, a região de origem, sendo o tipo de vinho decisivo na decisão de aquisição apenas em 13% dos casos. Como segundo factor de escolha, o preço foi assinalado por 25,6% dos respondentes como sendo considerado na sua decisão de aquisição. Dessa forma, os consumidores finais e os retalhistas revelam ter uma estratégia de escolha distinta, com a marca e não o preço a emergir como segundo factor de escolha no caso destes últimos.
J. Cadima Ribeiro
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(artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho, em coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Revista REDES: versão electrónica

«É com muita satisfação que comunicamos a publicação on line da Revista REDES, Vol. 12, nº 1, o primeiro número de REDES no formato eletrônico. Nesta edição constam os textos que constituíram conferências do III Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, realizado em 2006, além da aula inaugural proferida pela Profª Kathrin Rosenfield e realizada em conjunto pelos Programas de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional - Mestrado e Doutorado - e Letras - Mestrado - em março de 2007.
A Revista REDES é uma publicação quadrimestral, de caráter permanente do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional da UNISC, organizada e editada pelo Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento Regional - CEPEDER, com 11 volumes impressos e, a partir de agora, contará com edições exclusivamente no formato eletrônico.
REDES está classificada como "A" Nacional no Qualis CAPES no Comitê de Planejamento Urbano e Regional/Demografia e no Comitê de Administração.
O acesso às publicações de REDES é gratuito e irrestrito, bastando cadastrar-se no Portal de Periódicos On Line da Universidade de Santa Cruz do Sul, http://online.unisc.br/seer/index.php/redes e criar seu login e senha.
Caso queira submeter artigos para publicação, siga os passos emitidos pelo próprio sistema on line e contribua para o sucesso da Revista REDES!
Qualquer dúvida entre em contato.
Atenciosamente,

Marcos Artêmio Fischborn Ferreira
Editor-Chefe da Revista REDES
Daniela Souza Cuervo
Assistente do CEPEDER
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC
Tel. +55 51 3717 7608»
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(reprodução integral de mensagem hoje recebida, sob a epígrafe "Revista REDES Eletrônica")

sábado, dezembro 08, 2007

Apoios do QREN

"FUNDOS COMUNITÁRIOS
Notícias sobre os apois do QREN:
http://apoiosqren.blogspot.com/

Todos as informações sobre Projectos de Investimento"

(mensagem que me caiu na caixa de correio electrónico em 07/12/07, proveniente de noticias@fordual.pt)

terça-feira, dezembro 04, 2007

Um novo modelo de transporte de mercadorias

Durante décadas as empresas Portuguesas tiveram grandes dificuldades para concorrer nos mercados das regiões mais ricas do norte e centro de Europa, pelos elevados custos de transporte que tinham que assumir, em resultado do défice de infra-estruturas tanto no próprio país como em Espanha. A melhoria das infra-estruturas de transporte, primeiro em Espanha e depois em Portugal, tem contribuído significativamente para aproximar as produções portuguesas do centro de Europa.
No caso da região Norte, a situação das ligações a Espanha e à Europa por via rodoviária permaneceu estagnada durante muitos anos, condicionada tanto pelos planos de melhoria da rede de auto-estradas e autovias em Espanha como por um modelo rodoviário nacional que obrigava a que as mercadorias do Norte tivessem sempre que rumar a sul para sair do país. A conclusão da rede de autovias em Espanha e do troço da A3 Braga-Valença, juntamente com a construção das auto-estradas interiores que permitem a saída do país via Chaves, vieram demonstrar que um modelo virado a norte é o mais adequado para que as mercadorias da zona mais exportadora do país possam chegar à fronteira francesa em menos tempo e a um menor custo.
A melhoria da infra-estrutura rodoviária tem promovido a intensificação do transporte de mercadorias por esta via, roubando quota de mercado ao transporte marítimo. Este modelo de base rodoviária parece insustentável a médio prazo pelo impacto ambiental que se lhe associa. Neste sentido, a política da UE em matéria de transporte de mercadorias está cada vez mais vocacionada para a promoção da ferrovia como opção modal prioritária. Por esse motivo, existe um claro redireccionamento do financiamento comunitário para infra-estruturas de transporte, que privilegia nitidamente os projectos ferroviários em detrimento dos de carácter rodoviário. Ademais, é uma hipótese cada vez mais real que a prazo venham a ser introduzidas taxas sobre o transporte rodoviário de mercadorias, com a finalidade de penalizar esta opção modal de forma a mitigar as referidas externalidades ambientais.
A aposta no caminho-de-ferro está ser a aproveitada pelos países da UE de forma diversa. Uns estão a desenvolver amplas redes de alta velocidade que cobrem a totalidade do país, construídas na base das dinâmicas de passageiros, como é o caso de Espanha. Outros estão a utilizar os seus recursos de forma mais racional, destinando-os à melhoria e requalificação da rede existente, com a finalidade de que o novo material circulante possa operar a velocidades máximas de 220 km, e para a construção de novos troços que possam contribuir para eliminar a congestão e para promover os denominados efeitos de rede. Esta estratégia, adoptada maioritariamente pelos países nórdicos e do norte de Europa, tenciona promover a inter-conectividade de redes e a inter-modalidade, integrando o transporte de mercadorias no modelo ferroviário.
No caso Português o debate sobre o modelo ferroviário precisa de incorporar novas perspectivas e propostas e redimir-se de racionalidades ultrapassadas. Alguns dos planos da alta velocidade para o país incluem soluções maximalistas com linhas de alta velocidade internas e de ligação a Espanha nas quatro fronteiras mais importantes. Apesar da impossibilidade de levar a cabo na próxima década um plano com aquela dimensão e características técnicas, é obvio que algumas das soluções propostas poderiam ser postas no terreno com perfis técnicos notoriamente diferentes. Neste sentido, a recente decisão da Comissão Europeia de considerar prioritário, para efeitos de financiamento, o troço ferroviário transfronteiriço entre Portugal e a Galiza, que na parte Portuguesa abrange a secção da linha entre Ponte de Lima e Valença do Minho, contribuirá decisivamente para impulsionar a construção de uma infra-estrutura ferroviária mista de altas prestações entre Braga e a fronteira. A decisão comunitária de incluir o referido troço transfronteiriço entre os 30 projectos prioritários garante um financiamento para o projecto de 244 milhões de euros, ainda que os governos nacionais deverão contribuir com aproximadamente 70% dos fundos necessários, dado que a comparticipação comunitária neste tipo de projectos não pode ultrapassar 30% do orçamento total.
Esta infra-estrutura, que de acordo com o calendário estabelecido pelos governos Português e Galego deverá estar concluída em 2013, representa uma grande oportunidade para a região. Contribuirá para incrementar os níveis de integração com a Galiza e, ao mesmo tempo, permitirá mudar progressivamente o modelo de transporte de mercadorias de base rodoviária por um de base ferroviária, apoiado necessariamente na rede espanhola e nas infra-estruturas logísticas de suporte às actividades de transporte.
As infra-estruturas de transporte representam um factor fundamental na dinâmica de recomposição do território europeu. Os agentes regionais devem estar atentos aos desenvolvimentos referidos, dado que os modelos de transporte não devem continuar a reforçar centralidades nacionais, mas antes devem procurar promover as interconexões em função das próprias dinâmicas e inter-relações de cada território. Deve existir um claro compromisso dos agentes económicos e institucionais regionais para apoiar este tipo de projectos, que ao melhorar a acessibilidade em termos temporais, contribuem para a revalorização do espaço regional.
FRANCISCO CARBALLO-CRUZ

(artigo de opinião publicado na edição de hoje no Suplemento de Economia do Diário do Minho, em coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

domingo, dezembro 02, 2007

The measure of success

"The measure of success is not whether you have a tough problem to deal with, but whether it's the same problem you had last year."

John Foster Dulles

(citação extraída de SBANC Newsletter, November 27, Issue 498-2007, http://www.sbaer.uca.edu)

segunda-feira, novembro 26, 2007

Écos da sessão pública de apresentação do QREN/POrN, em Azurém, na 4ª feira pp.

A AGENDA DA VALORIZAÇÃO DO TERRITÓRIO PARA O NORTE DE PORTUGAL
Helena Azevedo – Gestora PO Valorização do Território
Cristina de Azevedo – Vogal da Comissão Directiva do PO Regional do Norte

O Investimento Directo Estrangeiro em 2006

Investimento estrangeiro cresce
«O investimento directo estrangeiro (IDE) em Portugal aumentou no ano passado 30 por cento e deverá continuar a crescer nos próximos três anos, se bem que a um ritmo mais lento do que o desejável, concluiu um estudo da Ernst&Young.
"O ano de 2006 foi bom na captação de IDE, aumentando em 30 por cento [38 projectos] em relação a 2005 [29 projectos]", sendo estimada a criação de 10 mil postos de trabalho, disse à agência Lusa José Gonzaga Rosa, coordenador do estudo da Ernst&Young sobre atractividade de investimento estrangeiro, apresentado ontem à noite.
Em declarações à Lusa, o ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, frisou que "Portugal é visto como um país mais atractivo" e que o facto de os gestores internacionais acreditarem que se vai tornar ainda mais atractivo nos próximos três anos "é uma boa notícia e confirma a subida de Portugal nos índices internacionais de competitividade e o bom comportamento das exportações".
"Os velhos do Restelo dizem que Portugal não é atractivo, que não é competitivo e que não tem capacidade em exportar. Quem trabalha diz que Portugal está a ficar mais atractivo, mais competitivo e com maior capacidade de exportar", disse o ministro.
José Rosa explicou que face ao número de projectos que entram, tendo em conta a população, "o desempenho português é tão bom como o de Espanha, Alemanha e Polónia". "Oitenta por cento dos projectos são novos, relativos a investimentos que não existiam em Portugal, sobretudo na área de prestação de serviços, o que é um sinal de um envolvimento maior", frisou ainda o coordenador do estudo.
Lusa»
(reprodução integral de notícia do Público, de 15-11-2007)

terça-feira, novembro 20, 2007

Estratégias de negócio e internacionalização das empresas: um caso da fileira têxtil

Até finais dos anos 80 do século XX a competitividade da maioria das empresas seguia o princípio das vantagens comparativas. As dotações de mão-de-obra, matérias-primas, capital e outros inputs constituíam as principais fontes de competitividade. Portugal baseou as suas indústrias exportadoras em salários baixos ou no acesso a recursos localizados no país, como foi o caso da indústria da cortiça, da cerâmica e dos têxteis. No sector têxtil, a competitividade encontrava-se salvaguardada pelo acordo multifibras, que conferia a Portugal uma protecção em torno de 80% dos produtos exportados.
Com o fim da Guerra-fria, a abertura do Leste Europeu, o alargamento das regras da economia de mercado à generalidade dos países do mundo, a entrada da China na Organização Mundial de Comércio e a presença das multinacionais nas economias nacionais verificou-se uma forte intensificação da concorrência. Aparte ter aumentado, a concorrência deixou de basear-se nas dotações em factores produtivos básicos, para se centrar em vantagens baseadas na inovação, na tecnologia, na diferenciação dos produtos e na qualidade, orientadas para a satisfação das necessidades dos consumidores. Neste contexto, as “vantagens competitivas” resultam essencialmente de elementos qualitativos.
São múltiplos os factores que influenciam a competitividade das empresas, podendo sinteticamente referir-se as economias de custo e a diferenciação. Estas duas vantagens (preço e diferenciação) podem ainda ser focalizadas num nicho de mercado que, pela sua escassa dimensão económica, não se oferece aliciante para a maioria dos operadores.
Em relação à diversificação do produto, no ambiente tecnológico actual, as possibilidades apresentam-se quase ilimitadas. O potencial de diferenciação é determinado, em parte, pelos atributos do produto (características técnicas, embalagem, marca, garantia) e pelas características do mercado alvo (grupos de consumidores). Contudo, o sucesso da diferenciação está intimamente associado ao empenho que a empresa coloca na satisfação das necessidades e preferências que o consumidor valoriza e, por outro lado, às competências geradas no seio da própria empresa.
O nível de serviço disponibilizado pela empresa ao consumidor é outra fonte de diferenciação, assim como as actividades de marketing. A tecnologia adoptada e a qualidade dos factores de produção usados são, ainda, uma fonte mais de diferenciação, a que se podem acrescentar procedimentos de gestão inovadores, a experiência e qualificação dos empregados, entre outros factores.
Do que assinala nos parágrafos precedentes, resulta que, quando se considera, hoje em dia, a afirmação e competitividade das empresas ou o desenvolvimento dos territórios as questões da abertura da sua economia e da respectiva inserção na divisão internacional do trabalho não podem deixar de estar presentes. Não é por acaso que se considera que um consumidor remoto pode ser mais importante que o cliente próximo.

Tomando um caso da fileira têxtil, vejamos como as dificuldades e desafios colocados pela dinâmica actual dos mercados vêm sendo enfrentados. A empresa retida é a Irmãos Vila Nova/ Salsa.
A Irmãos Vila Nova (IVN) é uma empresa fundada em 1987. Criada por três irmãos e localizada em Vila Nova de Famalicão, iniciou a sua actividade na área dos acabamentos têxteis (lavandaria e tinturaria de artigos confeccionados).
Começou por ser apenas uma têxtil subcontratada por empresas estrangeiras mas, perante o reduzido valor acrescentado e a estreita margem de manobra decorrentes desse estatuto, os seus promotores decidiram avançar para a produção de vestuário e criar uma marca. Assim surge a Salsa. Escolheram também deixar de produzir para intermediários, passando a operar para clientes que detinham já uma carteira de clientes finais.
Com a finalidade de projectarem a marca no mercado e expandir o negócio, investiram numa Estação de Tratamento de Águas Residuais, automatizaram processos de acabamento e de confecção, e melhoraram a nível do equipamento e do design gráfico.
O ano de 1994 foi um ano chave para a empresa, que alargou o número de agentes para sete. Foi, também, o ano em que se operou a transformação dos agentes comerciais em vendedores comissionistas. Esta evolução permitiu criar uma maior proximidade aos clientes e conhecer como trabalhavam as lojas multimarca.
Os irmãos Vila Nova inauguraram em 1998 uma loja no centro comercial Norteshopping, no Porto, que marcou mais uma etapa na vida da IVN. Quanto à internacionalização, esse processo teve início em 2002, em Madrid e Barcelona. Foi igualmente em 2002 que foi adquirida em Espanha uma empresa industrial e se iniciou o processo de constituição da holding IVN.
Ao longo de 2004 e 2005, a Salsa expandiu-se para novos mercados, tendo elevado o número de lojas para 50, ficando presente em Portugal, Espanha, Luxemburgo e Médio Oriente (Dubai e Qatar). O recurso à subcontratação da produção atingiu nessa altura os 35% do total. Esta solução permitiu reduzir custos e obter maior flexibilidade na oferta.
Um passo mais recente foi a criação de um novo centro de logística, à luz do propósito de atingir uma mais eficaz gestão da cadeia de abastecimento.

J. Cadima Ribeiro

(artigo de opinião publicado na edição de hoje no Suplemento de Economia do Diário do Minho, em coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

quarta-feira, novembro 14, 2007

“Foreign Direct Investment and Country-Specific Human Capital”

“Workers who are educated abroad acquire human capital specific to the country of foreign study (for example, language capital and country-specific knowledge on firm organization and on social system) which makes them more productive than domestically educated workers when both types of workers are employed by subsidiaries of multinational firms headquartered in the country of foreign study. An increase in foreign-educated labor in an FDI-host country thus attracts more FDI from the country of foreign study. We find evidence from bilateral FDI and foreign-student data for 63 countries over the period of 1963-1998 that strongly supports this prediction. Our findings suggest that foreign-educated labor may account for a sizable portion of growth in FDI flows during the sample period.”

Jinyoung Kim (Department of Economics, Korea University)
Jungsoo Park (Department of Economics, Sogang University)

Keywords: foreign direct investment, multinational firm, human capital, foreign education, students abroad.
Date: 2007
URL: http://d.repec.org/n?u=RePEc:iek:wpaper:0705&r=edu

(resumo de “paper”, disponível no sítio referenciado)

terça-feira, novembro 06, 2007

"A variedade é a vida"

Em todos os Estados onde se destruiu a variedade local, eis que um pequeno Estado se forma no centro
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(título de mensagem, datada de 07/11/06, disponível em Sobre o tempo que passa)

Política de “clusters” e desenvolvimento regional

Embora possa parecer contraditório, o processo de globalização tem reforçado algumas das dimensões do local. A globalização económica tem dado origem a transformações de diversa natureza, ainda que as principais se tenham concentrado em três âmbitos bem delimitados. A primeira grande transformação afecta as estruturas produtivas, e tem a sua manifestação nos processos de ajustamento, reconversão e reordenamento sectorial nas economias mais desenvolvidas e nos de arranque, consolidação e complexificação característicos das economias emergentes. A segunda transformação, de carácter comercial, implicou uma alteração dos padrões de fornecimento e venda das empresas. As mudanças daí resultantes têm levado a um incremento da percentagem de consumos intermédios importados de mercados de origem progressivamente mais longínquos, e ao aumento da quota das vendas internacionais nos balanços empresais. A terceira transformação manifesta-se no território. Os espaços competitivos emergem ou reforçam-se a partir de realidades maduras do ponto de vista do desenvolvimento, em territórios onde o processo de geração de vantagens comparativas se retro-alimenta de forma contínua, dando origem a uma melhoria continuada da sua posição competitiva.
Os espaços competitivos mais dinâmicos e que melhor têm respondido aos desafios globalizadores podem ser classificados de formas diversas, em função das suas dimensões mais características. Um dos mais interessantes é o “cluster”, tanto pela sua capacidade de adaptação às novas formas de concorrência, como pelo sucesso da sua exportação como modelo de desenvolvimento empresarial para realidades produtivas assentes em pequenas e médias empresas. Este tipo de organização da produção de base territorial é uma associação, de natureza para-formal, constituída por empresas vinculadas, de forma directa ou indirecta, a uma actividade dominante, onde o sentido de participação e as relações entre elas procedem tanto da preponderância sectorial como da partilha de um espaço em comum. Apesar de cada uma das unidades empresariais continuar a manter os seus objectivos individuais, a existência de um “cluster” obriga à definição de objectivos conjuntos em matéria de disponibilização e qualificação de recursos, de organização da produção e de promoção da competitividade. Em termos genéricos, os elementos comuns neste tipo de organização produtiva são: i) trata-se de estruturas dinâmicas em constante evolução/transformação, onde o motor da mudança é a geração de valor; ii) as diferentes unidades constitutivas do “cluster” estão organizadas matricialmente à volta de uma actividade principal, ainda que existam uma série de actividades relacionadas, com uma importância central para assegurar a sua continuidade e bom funcionamento (por exemplo, as de serviços especializados e I+D+i); iii) a especialização produtiva e o carácter diferenciado das produções fazem com que os mercados alvos das mesmas sejam os mercados internacionais.
Os “clusters” surgiram em muitos locais como formas de organização da produção espontânea e não dirigida, que souberam aperfeiçoar-se na procura de geração de valor e de ganhos de competitividade. O seu sucesso fez com que vários governos tenham tentado reproduzir o modelo em questão mediante políticas de promoção de “clusters”, nalguns casos, a partir do zero e, noutros, mediante tentativas de organização sectorial em áreas em declínio ou o apoio a iniciativas inovadoras ainda incipientes. Apesar da existência de elementos comuns entre vários tipos de “clusters” localizados em contextos espaciais bem diferentes, as características territoriais, sectoriais e estruturais de cada um deles dificultam a identificação dos factores de sucesso, o qual, em certa medida, cria entraves para a extrapolação deste tipo de modelos entre realidades territoriais, sectoriais e culturais diferentes. Portanto, a replicação de experiências e políticas, a este nível, deve ser extremamente cuidadosa e calculada, dando especial relevo à componente de diagnóstico e de implementação dos instrumentos correspondentes.
Em Portugal, a política de “clusters” foi timidamente introduzida no seu momento e actualmente vive um impasse preocupante, sobretudo porque as actuações em matéria de política produtiva são escassas e deficientemente dirigidas, e porque existem alguns sectores de futuro que devem ser decididamente apoiados, nomeadamente, através da intervenção nas dimensões intangíveis e nas organizativas com carácter de bem público. Em termos de desenho e implementação da política de “clusters” há alguns aspectos que merecem especial destaque: i) Os sectores escolhidos devem estar associados a actividades de valor acrescentado alto e médio-alto, com uma elevada componente de inovação; ii) A localização para o desenvolvimento do “cluster” deve alhear-se de considerações espúrias e decidir-se pelo potencial real em termos de recursos e de ligações aos centros e mercados internacionais; iii) A estrutura social de suporte deve promover uma atitude estratégica permanente e a sua intervenção deve dar resposta a estratégia previamente delineada; iv) A cultura de cooperação deve ser fortemente promovida, especialmente em actividades dificilmente financiáveis individualmente e onde os esforços isolados se têm revelado pouco eficazes.
O fomento duma política de “clusters” em Portugal, para além de ter em consideração os aspectos anteriormente enunciados, não deve avançar sem que a administração promova o diálogo com as empresas e com outros agentes que potencialmente podem induzir a mudança. A implementação deve ser rigorosa, rápida, dinâmica e flexível e deve reger-se por critérios técnicos, tentando minimizar as consequências negativas dos equilíbrios e tensões políticas que sempre surgem neste tipo de processos.
FRANCISCO CARBALLO CRUZ
(artigo de opinião hoje publicado no Diário do Minho - Suplemento de Economia, em coluna intitulada "Desde a Gallaecia")

quarta-feira, outubro 31, 2007

sábado, outubro 27, 2007

"Portuguese olive oil and the price of regional products: does designation of origin really matters?"

"Resources (tangible and intangible) can be mobilised to increase region’s reputation and confer a competitive advantage to certain products. The returns of a region’s resources depend upon the ability of local firms to appropriate the rents earned and whether the consumers value the characteristics that are associated with the product, being disposed to pay a price premium.
The results we got through the estimation of a hedonic price function, which relates the price of Portuguese regional olive oil to its various attributes, provided empirical support to this idea.
The study shows that designation of origin, producer’s brand and olive oil characteristics (biological and mixed with herbs) have strong impact on price."
J. Cadima Ribeiro
J. Freitas Santos
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(resumo de comunicação apresentada no Congreso de la Associación Española de Ciencia Regional – XXX Reunión de Estudios Regionales, que decorreu em Barcelona, Espanha, a 18 e 19 de Novembro de 2004; uma versão em português deste texto encontra-se publicada em: “Produtos do território e desenvolvimento local”, Ensaios de Homenagem a António Simões Lopes, António Romão, José Pedro Pontes, Manuel Brandão Alves e Nuno Valério (Org.), Edição do ISEG/UTL, Lisboa, 2006, págs. 165-183 )

sexta-feira, outubro 26, 2007

É preciso atitude e estratégia

"É preciso atitude e estratégia, porque tecnologia há muita por aí [...]"

João Orvalho

(extracto de mensagem, datada de 07/10/25 e intitulada "COIMBRA 2.0 (Publicado no Diário de Coimbra, em 25/10/07)", disponível em Livre Circulação)

terça-feira, outubro 23, 2007

A norte: o desastre em matéria de estratégia de desenvolvimento e de ordenamento do território

A Comissão Europeia divulgou há alguns meses um relatório sobre a situação nas regiões da União Europeia de onde resultava que o norte de Portugal (NUT II norte) emergia como a área do território nacional mais pobre, isto é, com o PIB per capita mais baixo. Há pouco mais de um par de semanas, o INE divulgou, por sua vez, um “Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio - 2005”, de onde ressaltava que não era óbvia a convergência da NUT II norte com a média nacional e, sobretudo, que a dispersão de níveis de poder de compra nesta unidade estatística persistia muito elevada, ao contrário do evidenciado pela generalidade do país.
Quem rejeite a ideia de fatalidade na evolução dos fenómenos económicos não pode deixar de questionar porque é que isso acontece e a consistência das políticas públicas que ditaram tal resultado, muitas delas suportadas por fundos comunitários e nacionais vultuosos, aparte a equidade da distribuição destes pelas diferentes regiões. Na minha condição de observador da evolução da realidade desta parcela do território nacional e de técnico interveniente nalgumas operações de planeamento, não posso deixar de pensar que os resultados a que se chegou são, em grande medida, fruto de estratégias de desenvolvimento e de políticas de ordenamento do território erradas.
Avançando esta posição agora, mais não faço do que repetir o que venho afirmando desde há 25 anos, com o “conforto” que me dão nesta altura os números a que me reporto. Quero eu dizer: quem se atreve agora a classificar de bom o desempenho económico das últimas décadas do norte de Portugal e de acertadas as orientações de política prosseguidas?
Para não me ficar pelo enunciado de ordem geral, retenho do “Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio - 2005” alguns números. A esta recensão de números acrescentarei, a concluir, duas ou três orientações de estratégia, alternativas às que vêm sendo prosseguidas pela CC(D)R-N e pelos Governos, desde os anos 80 do século XX. Essas notas parecem-me ter particular pertinência na ocasião em que está em preparação o chamado Plano Regional de Ordenamento do Território e um estudo de impacte da construção de uma linha férrea de um comboio de velocidade alta entre Porto e Vigo.
Passemos aos números sobre o poder de compra concelhio, isto é, ao índice de poder de compra, como medida da posição relativa dos municípios em termos de capacidade aquisitiva média. Os dados sobre os municípios minhotos invocados são comparados com os das respectivas NUT III e NUT II e os de Porto e Lisboa. São eles os seguintes:
*
Portugal (território base) – 100
NUT II Norte – 85,45
NUT III Minho-Lima - 70,72
-Arcos de Valdevez – 52,49
-Valença – 74,11
-Viana do Castelo – 87,45
NUT III Cavado – 82,47
-Barcelos – 67,05
-Braga – 105,83
-Terras de Bouro – 47,36
NUT III Ave - 74,57
-Guimarães – 77,50
-Póvoa de Lanhoso – 59,38
-Vila Nova de Famalicão – 81,55
NUT III Tâmega - 61,57
-Cabeceiras de Basto – 52,88
-Celorico de Basto – 48,50
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Lisboa – 216,04
Porto – 164,26
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O contraste dos números diz bem das assimetrias de desenvolvimento que se configuram no território em análise.
Respostas consequentes à situação da NUT II norte têm que assumir as fragilidades de partida, e ser ousadas. Nessas respostas, tem que tomar papel estruturador a rede urbana, caracterizada na actualidade pelos seguintes tipos de áreas: i) a Área Metropolitana do Porto (AMP), que constitui um espaço maioritariamente urbano, com fortes relações de interdependência funcional interna; ii) uma mancha urbano-industrial descontinua, envolvente da AMP, integrada por cidades de pequena e média dimensão e por contínuos rururbanos; iii) uma área de consolidação urbana, que se consubstancia no quadrilátero constituído pelas cidades de Braga, Guimarães, Famalicão e Barcelos, que se vem progressivamente reforçando pela via da atracção que exerce sobre as áreas envolventes; iv) áreas de intermediação, onde prevalecem conflitos no uso dos solos, escassa dotação de infra-estruturas e espaços urbanos fragmentados; e, v) áreas rurais, caracterizadas por uma estrutura económica frágil e por baixos níveis de prestação de serviços.
A consolidação de espaços urbanos funcionalmente mais autónomos tem implicações para a área metropolitana do Porto, o que não deve inibir a sua potenciação, assumindo a polinucleação que o território já evidencia, o que implica a partilha da sua centralidade competencial com outras centralidades tendencialmente mais dinâmicas, com destaque para o quadrilátero urbano acima nomeado, mas, igualmente, com Viana do Castelo, que tem vindo a consolidar a sua especialização a nível turístico, ambiental e de lazer.
Neste quadro de superação de fragilidades do tecido produtivo, assume particular importância o investimento na qualificação das redes de transportes e comunicações, incluindo as de âmbito transfronteiriço, fazendo particular sentido explorar a capacidade de um equipamento como o comboio de altas prestações como instrumento de consolidação de uma estrutura urbana mais equilibrada e de abertura de novas vias para o desenvolvimento. Esclareça-se entretanto que o uso do conceito de rede quer significar, em simultâneo, inter-operacionalidade de canais e multi-modalidade, dimensões estas onde subsistem particulares estrangulamentos quer na operação interna quer na relação com o exterior.
Na falta de espaço para aprofundamento das ideias de política esboçadas, fica a promessa de um regresso ao tema.

J. Cadima Ribeiro

(artigo de opinião hoje publicado no Diário do Minho - Suplemento de Economia)

domingo, outubro 21, 2007

"Aproximar as regiões"

Relatório APDSI - Aproximar as regiões

(título de mensagem datada de 07/09/30, disponível em http://lmbg.blogspot.com/)

quarta-feira, outubro 17, 2007

“Education, social capital and entrepreneurial selection in Italy”

“There is wide consensus that entrepreneurial talent is the ability to discover and exploit market opportunities by taking the relevant risky decisions. Discovery and exploitation are separate but interlinked features of entrepreneurship requiring, in different proportions, the exploitation of innate and acquired skills. Institutions and technology, by determining the nature of the discovery and exploitation process and the need for such skills, play an essential role in shaping the nature of entrepreneurial talent and the specific role of education in entrepreneurial selection and performance. Empirical studies on entrepreneurship do not offer a net picture of the actual contribution of education to entrepreneurial human capital or entrepreneurial talent. This unsatisfactory outcome is not surprising and is due to an inadequate assessment of the context-dependent factors shaping the latter. Building on these premises, the aim of our research work is to carry out a in depth analysis of the determinants of entrepreneurship in Italy, thus accounting for the role that variables like the educational qualification, the family background, and social capital play in determining the entrepreneurial selection. This paper attempts to constitute a first step for the improvement of our understanding by means of a preliminary, exploratory, analysis on the Italian data and a series of probit analyses aimed at identifying the main determinants founding the entrepreneurial choice. Rough data are taken from an original dataset built by the authors partly drawing on the Survey of Household Income and Wealth (SHIW) carried out by the Bank of Italy. The latter has been integrated with a wide variety of environmental variables drawn from different data sources describing the social and institutional context of the entrepreneurial activity.”

Ferrante, Francesco
Sabatini, Fabio
Keywords: Education; Work status; Employment; Self-employment; Entrepreneurship; Human capital; Social capital; Cognitive abilities
Date: 2007-01
URL: http://d.repec.org/n?u=RePEc:pra:mprapa:2451&r=edu

(resumo de “paper”, disponível no sítio referenciado)

terça-feira, outubro 09, 2007

Uma perspectiva sobre as estratégias de desenvolvimento regional

Durante um longo período de tempo o Estado teve um papel extremamente intervencionista nas economias de muitos dos estados mais desenvolvidos, materializado na produção directa de bens ou na prestação de serviços, na limitação da concorrência em determinados sectores e na imposição de restrições à liberdade comercial. Durante a década de setenta e a primeira metade da década de oitenta, as intervenções de apoio às empresas enquadravam-se, genericamente, na denominada política industrial, a qual tinha um âmbito de actuação predominantemente nacional. As intervenções em contextos espaciais mais restritos eram escassas e, na maior parte dos casos, foram deficientemente implementadas.
Ao longo da década de oitenta foram sistematizados os factores de sucesso de alguns territórios que baseavam a sua competitividade no seu potencial endógeno. A reflexão e o debate sobre estas realidades permitiram delinear algumas aproximações agrupadas genericamente sobre o denominado desenvolvimento regional endógeno. Neste contexto, as políticas regionais, destinadas a reduzir as assimetrias regionais e a promover a convergência entre territórios, passaram a dominar a agenda da intervenção pública a nível microeconómico. Os instrumentos deste tipo de políticas dirigiram-se para a melhoria da qualidade institucional, para a promoção de um mercado de trabalho bem dimensionado, qualificado e vocacionado para a aprendizagem, para o fortalecimento e flexibilização das redes de empresas e para o impulsionamento das actividades de I&D e da capacidade de inovação. A implementação de políticas regionais deste tipo deu origem a resultados muito dispares, mas naqueles territórios onde a resposta institucional, do mercado de trabalho e das empresas foi positiva a competitividade empresarial viu-se amplamente reforçada.
Na última década as políticas de desenvolvimento regional continuaram centradas nas premissas do enfoque anterior, embora tenham sido introduzidos alguns elementos adicionais com intuito de ultrapassar várias das limitações e problemas dele decorrentes. Em primeiro lugar, adoptou-se uma perspectiva sistémica na compreensão das problemáticas regionais, evitando a excessiva concentração em aspectos parcelares ou muito específicos e assumindo um enfoque suficientemente amplo, a fim de abranger as dimensões mais relevantes das tendências globalizadoras. Em segundo lugar, deu-se um maior relevo às intervenções de carácter sectorial, as quais tinham sido parcialmente subalternizadas em favor de intervenções de carácter eminentemente transversal. Em terceiro lugar, promoveram-se acções destinadas a reduzir os custos de contexto, fundamentalmente, os de natureza infra-estrutural. Em quarto lugar, melhorou-se a fase de implementação das políticas mediante a introdução de programas realistas, tanto em termos de conteúdo como em termos de timings. E em último lugar, relançou-se a cooperação institucional e empresarial, tanto a nível formal, mediante a consolidação de estruturas de partenariado, como a nível informal, através do fomento de valores culturais de partilha, colaboração e associação.
As estratégias de desenvolvimento endógeno descritas surgem como uma alternativa a outras intervenções de carácter pontual de curto prazo, baseadas na concessão de subsídios directos, que fomentam a economia subsidiada e introduzem elementos de concorrência desleal entre empresas e territórios. A falta de eficácia destas ajudas directas evidencia a superioridade da opção baseada na adopção de uma estratégia de desenvolvimento endógeno consciente, não dependente, sustentável, e viável num horizonte temporal alargado. Ademais, à vista dos resultados em algumas das regiões mais competitivas das economias ocidentais, parece que as estratégias de desenvolvimento endógeno de segunda geração, onde o vínculo território-empresa é tendencialmente mais forte, conseguem ser extremamente eficazes para ultrapassar os desafios derivados do processo globalizador. Este facto é de uma importância extrema para a realização de escolhas e a definição de prioridades, dado que, no âmbito da globalização, as economias nacionais são progressivamente mais sensíveis às mudanças e à conjuntura económica internacional. Adicionalmente, a vulnerabilidade derivada do novo paradigma em consolidação amplifica-se significativamente quanto maiores são as assimetrias territoriais e mais fraca é a estrutura político-institucional a nível regional. Desta forma, intui-se que todas as políticas destinadas a melhorar a competitividade regional contribuem decididamente para reforçar a posição do país face às consequências indesejadas da globalização.No caso Português as políticas de desenvolvimento regional não têm seguido um modelo claramente definido e continuam a utilizar referências ultrapassadas e a privilegiar propostas necessitadas de novos enfoques. As ditas políticas não têm conseguido obter, em geral, resultados positivos em termos de coesão territorial, agravando, em alguns casos, as assimetrias espaciais que, à partida, deveriam esbater. Ademais, têm sido utilizados critérios pouco transparentes em termos de distribuição de verbas, dado que parece existir uma escassa relação entre os diferenciais de investimento atribuído e as disparidades espaciais de rendimento. Desta forma, o modelo que tem sido empregue privilegia os territórios com maior capacidade de geração de riqueza e tem-se mostrado incapaz de ultrapassar os entraves que condicionam o desenvolvimento dos territórios com maior atraso relativo. Para atingir maiores níveis de eficácia, a política de desenvolvimento regional em Portugal deve, no futuro, atribuir uma maior preponderância à componente estratégica sem retirar importância aos aspectos de desenho e implementação de políticas, ainda que estes devam actualizar as propostas, incorporar novos instrumentos e complementar certas dimensões.

FRANCISCO CARBALLO-CRUZ

(artigo publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho, no quadro de colaboração regular em coluna intitulada "Desde a Gallaecia")

domingo, outubro 07, 2007

“Human Capital Quality and Economic Growth”

“The estimation of the relationship between education and economic growth is marked by contradictions. These contradictions underline the lack of precision characterizing indicators of human capital. This paper constructs new indicators based on a pool of international surveys concerning pupil assessment. Thus, our new database, which includes 105 countries, makes it possible to confirm or not the positive relationship between education and growth. Taking into account the endogeneity of education, we measure a positive effect of qualitative indicators of human capital and the growth of countries between 1960 and 2000. The contribution of education to growth therefore appears significant, both from a quantitative and a qualitative point of view.

Nadir Altinok (IREDU - Institut de recherche sur l'éducation : Sociologie et Economie de l'Education - [CNRS : UMR5225] - [Université de Bourgogne])
Date: 2007-09-17
Keywords: Education quality ; Human capital ; Growth ; Development
URL: http://d.repec.org/n?u=RePEc:hal:papers:halshs-00132531_v2&r=edu

(resumo de “paper”, disponível no sítio referenciado)

segunda-feira, outubro 01, 2007

Relação universidade-empresa

"A capacidade da universidade e empresa estabelecerem relações duradouras e mutuamente benéficas é um dos desafios que se colocam numa sociedade cada vez mais baseada no conhecimento."

Vasco Eiriz

(extracto de mensagem, datada de 26 de Setembro de 2007 e intitulada "Redes de conhecimento: estudo de um caso sobre a relação universidade-empresa", disponível em Empreender)