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quinta-feira, novembro 29, 2018

Leiria e o Investimento Direto Estrangeiro (4ª parte)

(Continuação)


8 - O que precisaria a região de fazer para alterar atrair outro tipo de investimento? 
A região precisaria de ser capaz de ganhar muito maior audição junto do governo central e de ter uma postura ativa no processo de captação de investimento externo, conforme já mencionado. A primeira dimensão prende-se com a reivindicação de novas infraestruturas e melhoria das existentes, a começar pela linha férrea e material circulante mas, também, em constituir-se como parceiro da mesma entidade nacional do processo de captação desse investimento. A segunda dimensão liga-se com a promoção da imagem do território e a definição de uma estratégia de desenvolvimento onde haja espaço para o reforço produtivo do território pela via de captação de IDE que seja estruturante, isto é, que permita dar força às apostas que se pretenda fazer. Neste enquadramento, mais uma vez, será necessário garantir apoios públicos e reforçar a capacidade de oferta de mão-de-obra qualificada e alguma capacidade endógena de inovação.


9 - O facto de não existir cá uma universidade, mas apenas um politécnico, pode retrair a vinda de novos investidores?
O problema não é ter-se ou não se ter uma universidade. O problema é a qualidade e solidez da instituição de ensino superior de que se dispõe e a sua presença no terreno, na relação com os agentes económicos e sociais, para além das funcionalidades de que dispõe, nomeadamente na dimensão formação, investigação e prestação de serviços à comunidade. Ora, o Instituto Politécnico de Leiria é uma instituição relativamente recente, que encetou um processo de qualificação dos seus quadros datado de há menos tempo e que, por força de enquadramentos legais e financeiros, encetou o processo de criação de estruturas de investigação ainda há menos tempo. De tudo isso resultam as fragilidades que eu enunciava acima, que condicionam o contributo que pode dar ao sistema socio-produtivo local, quer na dimensão formação de quadros quer na da produção de inovações e prestação de serviços de que o sistema produtivo local possa tirar efetiva vantagem. Estas coisas tomam tempo e é preciso assumir isso sem complexos. Está criado espaço para que a instituição tenha no futuro um protagonismo muito mais relevante.  

J. Cadima Ribeiro

(Reprodução parcial de respostas dadas, em 2 de novembro de 2018, a questões formuladas pela jornalista do Jornal de Leiria, Lurdes Trindade, no contexto de um dossiê jornalístico que estava a elaborar)

segunda-feira, novembro 26, 2018

Leiria e o Investimento Direto Estrangeiro (3ª parte)

(Continuação)


6 - "Leiria nunca teve uma estratégia de desenvolvimento para atrair novos investimentos". São palavras de mais um empresário. Pelo que conhece, pelo que lê nos jornais, se assim for, poderá ser mais difícil atrair investimento estrangeiro?
Subscrevo a leitura de situação a que alude. Aparte a dotação de atributos, são precisos negociadores e porta-vozes para negociar projetos e incentivos para o território, desde logo, na frente interna, com o governo. Na captação de IDE em volumes relevantes, direta ou indiretamente, o governo nacional está presente. Por outro lado, quando um investidor externo equaciona fazer um investimento em Portugal, sobretudo se for uma entrada no país, ele olha em primeiro lugar para a atratividade do país e só depois o elemento diferencial que lhe pode ser dado por uma localização específica. Aí entra a capacidade de “lobby” e de negociação da “região”, que tem que ter protagonistas, sob pena de não contar para o jogo.

7 - Que outras razões encontra para a falta de atractividade de Leiria, apesar de existirem cá muito boas empresas, técnicos qualificados, alguns centros de investigação com qualidade...? 
Em expressão geral, a resposta já foi dada. Sublinho que, havendo capacidade empresarial, a Região de Leiria tem ficado aquém do desejável em matéria de construção de uma afirmação e liderança coletivas. Houve quem, no passado recente, tivesse ensaiado esse percurso (como foi o caso do empresário e dirigente associativo José Ribeiro Vieira, falecido prematuramente). O projeto está por cumprir, tal qual o projeto de criação de uma liderança política local/regional, necessariamente agregadora de vontades e interesses. Na componente investigação, estão apenas dados os primeiros passos e não sei se terão continuidade, isto é, se se mobilizarão os recursos, financeiros e humanos, para lhe dar dimensão crítica, isto é, para fazer dela peça relevante da estratégia de projeção do território a partir de produtos e serviços inovadores, gerados internamente.

(Continua)

(Reprodução parcial de respostas dadas, em 2 de novembro de 2018, a questões formuladas pela jornalista do Jornal de Leiria, Lurdes Trindade, no contexto de um dossiê jornalístico que estava a elaborar)

domingo, novembro 25, 2018

Leiria e o Investimento Direto Estrangeiro (2ª parte)

(Continuação)

3 - Alguns empresários já ouvidos pelo Jornal de Leiria dizem preferir pequenas empresas - mas boas - do que grandes grupos. O que pensa disso, numa região onde, de facto, tem existido menos desemprego que em outras zonas do País?
Se olharmos para o desempenho económico da NUT Região de Leiria nas últimas décadas, temos que concordar que não é descabida a consideração que fazem os empresários a que se refere. Olhando para os diversos índices de desempenho que foram divulgados, incluindo uma recente, da Marktest, tratando-se de competitividade, emprego, exportações, o território tem-se situado sempre nas posições cimeiras em termos nacionais. A questão que se pode colocar é se não poderia ter ido mais longe se algum grande grupo económico aí emergisse ou se sedeasse.
Note-se que a formação de grupos económicos não acontece como a mesma probabilidade em todos os setores. A essa luz, questiono-me se o tipo de especialização produtiva industrial do território (moldes, vidro, cerâmica, madeiras, plásticos) não será um óbice à instalação de tais projetos empresariais.

4 - Considera que, por exemplo, o facto de não existir uma boa ligação de comboio entre o aeroporto de Lisboa e a região (Marinha Grande e Leiria, por exemplo), poderá condicionar a vinda de um grande grupo para a região?
As infraestruturas são uma peça central da competitividade e da estratégia de localização de muitas empresas estrangeiras, sobretudo se visam o mercado internacional e/ou se a sua cadeia de produção depende em grande medida de fornecimentos externos. O comboio é e será cada vez mais instrumental nesse acesso aos mercados. Que a situação existente é má, isso é inquestionável. Sem comboio, com o aeroporto e o porto de mar a 120 km, o transporte fica refém da logística rodoviária. Comparativamente com outras regiões do país, por exemplo, Porto, Aveiro, Braga, para não falar de Lisboa, nas acessibilidades, Leiria/a região tem uma posição desfavorável.

5 - Também se fala da falta de massa crítica. Concorda? 
A massa crítica, seja pensada em termos de mão-de-obra altamente qualificada, de estruturas e capacidade de inovação, de capitais financeiros e arrojo empresarial, seja em termos de habilidade para construir plataformas de concertação empresarial e entre atores económicos e sociopolíticos, é um instrumento central na construção de estratégias mais ousadas e sólidas nos territórios. A chegada tardia e algo fragilizada do ensino superior ao território e o desenvolvimento muito recente de alguma capacidade de investigação, aparte a ausência de espírito associativo empresarial e inexistência de uma liderança política visível têm que ser presentes quando se olha para Leiria e se confrontam potencialidades e realizações concretas.

(Continua)

(Reprodução parcial de respostas dadas, em 2 de novembro de 2018, a questões formuladas pela jornalista do Jornal de Leiria, Lurdes Trindade, no contexto de um dossiê jornalístico que estava a elaborar)

sexta-feira, novembro 23, 2018

Leiria e o Investimento Direto Estrangeiro

[Caro Professor Doutor José Cadima Ribeiro,

Sou jornalista no Jornal de Leiria e estou a contactá-lo pois gostaríamos muito de obter a sua opinião relativamente a um tema que estamos a tratar.
O tema em questão prende-se com a ausência de grandes grupos empresariais na região de Leiria, como acontece, por exemplo, com a Bosh e a Continental Mabor, em Braga, a Amorim, a Prio e a Renault, em Aveiro, ou a Autoeuropa e a Repsol em Setúbal, entre outras. Independentemente de ser uma vantagem ter este tipo de investimento nas regiões, haverá certamente razões para a região de Leiria nunca os ter sabido atrair.]

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Questões/tópicos.

1 - Na sua opinião, quais poderão ser as causas desta ausência?
Como aspeto prévio à questão colocada da “ausência de grandes grupos empresariais na região”, tenho que fazer notar que o conceito de Distrito nunca foi adequado para caraterizar a realidade económica de Leiria, em sentido amplo, mesmo enquanto existiu como instância de coordenação político-administrativa. Do ponto de vista da dinâmica socioeconómica, o conceito de região funcional oferece-se muito mais adequado. A região funcional é aquela que é definida a partir da interação social (intensa) e das trocas económicas que subsistem num certo território. Nessa perspetiva, as NUTS III, neste caso, a atual NUT III Região de Leiria, é muito mais apropriada para falar da dinâmica económica do território que tem sede principal em Leiria.
A ausência de grupos económicos importantes e, sobretudo, de investimento direto estrangeiro (IDE) significativo, prender-se-á com um conjunto de fatores que usualmente estão associados à sua captação, que vão desde fatores produtivos em abundância e a “bom preço”, infraestruturas e equipamentos públicos de boa qualidade, incluindo aqueles que se prendem com o acesso aos mercados internacionais, disponibilidade de espaço infraestruturado e/ou incentivos fiscais e financeiros, existência de potencial de criação de uma rede de fornecedores e outros agentes sociais e políticos, entre outros.
Sem desvalorizar a existência de alguns projetos empresais importantes noutros territórios, note-se que o principal destino do Investimento Direto Estrangeiro que tem chegado a Portugal tem sido, sempre, Lisboa, isto é, a Área Metropolitana de Lisboa. Se quisermos inquirir o porquê disso, facilmente identificaremos um conjunto de atributos que tem que não é replicado por mais nenhum outro território no país.
No caso dos grupos empresariais de origem nacional, a localização das suas sedes e estabelecimentos decorre, a maior parte das vezes, de motivações pessoais.

2 - O que exigem dos territórios estes grandes grupos que, na generalidade, são multinacionais?
Na sua expressão geral, a resposta a esta questão foi dada acima. Se quisermos olhar para casos concretos, por exemplo, a Autoeuropa, sabe-se que a sua localização ficou ligada, particularmente, às infraestruturas portuárias e viárias existentes na área metropolitana de Lisboa (a empresa é uma das nossas principais exportadoras), a uma mão-de-obra qualificada e relativamente barata, com alguma tradição no setor ou afins, a fortes incentivos fiscais e financeiros associados à implementação da unidade e à formação dos seus ativos, ao potencial existente em termos de constituição de uma rede local de fornecedores. A proximidade face às instâncias de poder político e económico-financeiro pode também não ter sido despicienda.
No caso da Bosh, em Braga, esta aproveitou a existência anterior de um complexo ligado às indústrias eletrónicas, onde se sedeou em termos físicos, e a uma reserva de mão-de-obra igualmente associada a esse complexo industrial, tira proveito da formação técnico-científica assegurada pela Universidade do Minho, nomeadamente nos domínios da informática e da engenharia de sistemas, e beneficia igualmente da proximidade física ao aeroporto Francisco Sá Carneiro, na Maia, a 40 km de distância. Obviamente, os custos do trabalho (relativamente baixos) não serão um fator que o grupo tenha desvalorizado.
O caso da Continental, em Famalicão, Braga, não é muito diferente do da Bosch, posto que a Continental adquiriu e dei continuidade a um projeto empresarial pré-existente, que era a Mabor (produção de pneus). 

(Continua)


(Reprodução parcial de respostas dadas, em 2 de novembro de 2018, a questões formuladas pela jornalista do Jornal de Leiria, Lurdes Trindade, no contexto de um dossiê jornalístico que estava a elaborar)

quinta-feira, junho 25, 2015

Globalização – a Lógica das Empresas Globais

As sociedades globalizadas encontram-se nos dias atuais cada vez mais conectadas. Através dos veículos de comunicação e informação faz-se possível interagir de forma instantânea com um número cada vez maior de lugares que se pretende, para os mais diversos fins. O mundo globalizado como o concebemos hoje (e que teve seu embrião com a implementação dos projetos coloniais do século XVI), pôs em vigor o consumo de espaços, territórios, lugares e culturas de uma forma jamais vista anteriormente na história da humanidade.
É a partir da 2ª Guerra Mundial que a produção de mercadorias em grande escala, o grande avanço das tecnologias de informação e comunicação, os movimentos migratórios populacionais internacionais, os fluxos de mercadorias, e as novas divisões territoriais do trabalho, ganharam um enorme impulso. Este é um período denominado de técnico-científico-informacional (SANTOS, 2003) e, diga-se de passagem, tem como protagonistas, e controladores, as grandes empresas multinacionais, e grandes conglomerados econômicos, que por sua vez alteram toda a dinâmica global, das sociedades locais, de tempos em tempos, para que seus interesses econômicos sejam alcançados.
As empresas globais “não têm pátria”, e não parece-nos contraditório dizer que as mesmas empresas que contribuem para o elevado desenvolvimento tecnológico atrelado aos grandes níveis de cientificidade, e geração de empregos qualificados em alguns lugares específicos do globo (Europa Ocidental, Estados Unidos, e Japão), sejam responsáveis (sendo importante perceber que há em diversos países do mundo, uma diminuição da ação dos Estados Nacionais no que diz respeito à implementação de políticas públicas que beneficiem as populações) pelo aumento e proliferação do desemprego, criação de subempregos e escravidão em outros, como a América Latina, Ásia e África, isso tudo em pleno século XXI.
As novas tecnologias [utilizadas pelas grandes empresas] na condição de objetos devem ser compreendidas em conjunto com o sistema de normas e regulações a que estão associadas. A flexibilidade locacional das empresas, possível tecnicamente, vem junto com as políticas de flexibilização da legislação trabalhista, [que as beneficia] (GONÇALVES e HAESBAERT, 2006). A diminuição do papel do Estado vem atrelado aos acordos fechados com essas empresas antes de sua fixação nos territórios dos países. A oferta de mão de obra barata, os incentivos fiscais, a concessão dos terrenos, a construção das infraestruturas necessárias para o transporte de mercadoria, por parte do Estado, e a geração de empregos por parte das empresas fazem parte do pacote.
Assim sendo, estes elementos que são impostos provocam uma reação, das classes sociais, que organizam-se em sindicatos, através dos quais buscam incessantemente fazer com que os seus direitos sejam respeitados, e as desigualdades entre as partes sejam amenizadas. O Estado, por sua vez, contraditoriamente, entra como um regulador dos conflitos, propondo um acordo de paz entre as partes, mas, utilizando-se para isso do poder de polícia.
É importante percebermos qual a lógica das empresas globais, bem como da sua relação com os Estados nacionais. Para quem são direcionadas as ações ocorridas no tecido social? A quem serve verdadeiramente o Estado? Qual o nosso papel enquanto sujeitos produtores do conhecimento?

Carlos Riccelly Guimarães

Bibliografia
COSTA, Rogério H. da e GONÇALVES, Carlos Walter Porto – A nova desordem mundial / São Paulo: Editora UNESP, 2006 – 160p : il. – (Paradidáticos. Série Poder).
SANTOS, Milton – Por uma outra globalização: do pensamento único 6' ed. à consciência universal / Milton Santos. - 6* ed. – Rio de Janeiro: Record, 2003.

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia e Política Regional” do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

sexta-feira, maio 04, 2012

Investimento direto estrangeiro: será que vale sempre a pena? O caso do investimento da Pescanova, no concelho de Mira, Distrito de Coimbra, em 2007

Este artigo versa uma chamada de atenção para o investimento estrangeiro, com comparticipações elevadas do estado diretas e indiretas e a preservação da natureza.
Foi criada a maior unidade mundial de aquicultura de produção de rodovalho, na zona Sul da Praia de Mira, a 500 metros da costa, em plena Rede Natura 2000, no concelho de Mira, Distrito de Coimbra. A Acuinova filial do grupo Espanhol Pescanova investiu 140 milhões de euros nesta unidade de produção, foi reconhecida como PIN – Potencial Interesse Nacional. O contributo do estado português acordado é de sensivelmente 45 milhões de euros e 42 hectares de terreno, existindo o compromisso de criação de 200 postos de trabalho por parte da Pescanova. A fábrica foi inaugurada em 21 de Junho de 2009. Mais de dois anos após o início de laboração ainda só tinham empregado 106 pessoas, o que não correspondia à perspetiva inicial.
Situações como esta, com elevado investimento financeiro por parte do estado tendo como contrapartida 200 postos de trabalho, na melhor das hipóteses e fazendo as contas por alto, os 45 milhões de euros, multiplicando 200 postos de trabalho por 14 meses e posteriormente multiplicar por 10, o equivalente a 10 anos de atividade equivalia a 28.000 salários. Dividindo por 45 milhões de euros por 28.000 salários o resultado é de 1607 euros por mês para cada funcionário, por isso eles vieram para Portugal, que bom negócio para eles, dez anos de ordenados pagos e 42 hectares de terreno.
No decreto-Lei n.º 174/2008 de 26 de Agosto, no artigo 1, terceiro ponto é reconhecido como sendo PIN – Potencial Interesse Nacional, projetos que representem um investimento global superior a 25 milhões de euros, assim como é referido no mesmo artigo, ponto dois, alínea VI) Balanço económico externo, nomeadamente no aumento de exportações ou na redução de importações. Estes dois argumentos convergem para que o investimento da Pescanova seja um PIN por ter um investimento muito superior a 25 milhões de euros e a empresa espera produzir 7000 toneladas de rodovalho por ano sendo 99% para exportação. Em relação à exportação, é muito interessante porque toda a produção para exportação é vendida à mesma empresa, que pertence ao grupo Pescanova, e está instalada em Espanha. Só depois vende para o resto da Europa e mundo. Possivelmente o que acontece é venderem a um preço pouco superior ao de custo, à empresa do grupo e as mais-valias para a Acuinova serem muito baixas. No mesmo decreto-Lei no ponto “8 – Sustentabilidade ambiental, alinea a) Compatibilidade com os valores naturais presentes, designadamente com as áreas protegidas e com a Rede Natura 2000…”.  
O Sitio de Interesse Comunitário da Rede Natura 2000 das Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas têm a área de 20 511 ha distribuídos pelo Concelhos de Cantanhede 13%, Figueira da Foz 18%, Mira 51% e Vagos 12%. O Concelho de Mira com 6340 ha. No respetivo Plano Setorial estão referenciadas como fatores de ameaça, a ‘pressão turística, construção de campos de golfe, eutrofização do sistema lagunar, invasão por espécies infestantes, drenagens agrícolas e captações de água, incêndios, extração de inertes, efeitos das obras de proteção costeira (esporões), prática de desportos motorizados e pisoteio das dunas. As orientações de gestão referidas no mesmo documento são a salvaguarda da faixa litoral, destacando-se os habitats dunares e a flora associada, área dunar esta que foi ocupada por 42 hectares da Empresa Acuinova.
A Pescanova antes tinha tentado instalar este projeto na Costa da Muerte, na Galiza, mas foi chumbado pelas autoridades regionais, que invocaram questões ambientais.
Existe uma opinião cada vez mais unanime de que o Decreto-Lei n.º 76/2011 de 20 de Junho, que vêm substituir o Decreto-Lei n.º 174/2008 de 26 de Agosto, vem facilitar a subversão dos valores naturais em relação aos interesses económicos e baixa nitidamente o patamar de exigência para ser considerado PIN – baixando por exemplo o investimento de 25 milhões de euros para 10 milhões.
O investimento direto estrangeiro é de grande importância para a economia portuguesa, mas não pode ser visto como a única solução para o desenvolvimento económico de Portugal e para resolver os problemas estruturais da economia. Na minha opinião quando o investimento tem apoios do estado diretos ou indiretos através de exceção de impostos devem ser tomadas precauções, para quando deixar de interessar à empresa manter-se em Portugal, se deslocalizar sem pagar indeminizações correspondentes ao investimento inicial do estado. Não devemos esquecer o caso de muitas empresas ligadas por exemplo ao calçado e ao vestuário que se deslocalizaram para outros países com mão-de-obra mais barata, criando elevados índices de desemprego nas áreas onde estavam instaladas, criando uma forte retração no desenvolvimento desses locais.

Paulo Azevedo

Bibliografia
Sites:
Legislação:
Decreto-Lei n.º 174/2008 de 26 de Agosto
Decreto-Lei n.º 76/2011 de 20 de Junho                    

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

quarta-feira, novembro 12, 2008

Unidade de auto-rádios de Braga

«A Bosch está a preparar um novo investimento para a sua unidade de auto-rádios de Braga, mas a actual crise financeira pode travar o avanço real do projecto. De acordo com João Paulo Oliveira, responsável máximo da empresa alemã em Portugal, "o sector automóvel está a sofrer consequências da actual conjuntura e não faz sentido avançar com investimentos se não houver mercado". Não adianta valores, mas explica que o objectivo é fazer crescer a unidade de Braga - a Blauckpunt Portugal. Refira-se que a fábrica do Minho é a que tem maior volume de negócios entre as seis empresas da Bosch que operam em Portugal. O sector dos auto-rádios facturou 388 milhões de euros em 2007.»
(excerto de notícia do Jornal Negócios de 12-11-2008 , intitulada "Bosch prepara investimento em Braga")

quinta-feira, outubro 02, 2008

quarta-feira, dezembro 26, 2007

segunda-feira, novembro 26, 2007

O Investimento Directo Estrangeiro em 2006

Investimento estrangeiro cresce
«O investimento directo estrangeiro (IDE) em Portugal aumentou no ano passado 30 por cento e deverá continuar a crescer nos próximos três anos, se bem que a um ritmo mais lento do que o desejável, concluiu um estudo da Ernst&Young.
"O ano de 2006 foi bom na captação de IDE, aumentando em 30 por cento [38 projectos] em relação a 2005 [29 projectos]", sendo estimada a criação de 10 mil postos de trabalho, disse à agência Lusa José Gonzaga Rosa, coordenador do estudo da Ernst&Young sobre atractividade de investimento estrangeiro, apresentado ontem à noite.
Em declarações à Lusa, o ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, frisou que "Portugal é visto como um país mais atractivo" e que o facto de os gestores internacionais acreditarem que se vai tornar ainda mais atractivo nos próximos três anos "é uma boa notícia e confirma a subida de Portugal nos índices internacionais de competitividade e o bom comportamento das exportações".
"Os velhos do Restelo dizem que Portugal não é atractivo, que não é competitivo e que não tem capacidade em exportar. Quem trabalha diz que Portugal está a ficar mais atractivo, mais competitivo e com maior capacidade de exportar", disse o ministro.
José Rosa explicou que face ao número de projectos que entram, tendo em conta a população, "o desempenho português é tão bom como o de Espanha, Alemanha e Polónia". "Oitenta por cento dos projectos são novos, relativos a investimentos que não existiam em Portugal, sobretudo na área de prestação de serviços, o que é um sinal de um envolvimento maior", frisou ainda o coordenador do estudo.
Lusa»
(reprodução integral de notícia do Público, de 15-11-2007)

quarta-feira, novembro 14, 2007

“Foreign Direct Investment and Country-Specific Human Capital”

“Workers who are educated abroad acquire human capital specific to the country of foreign study (for example, language capital and country-specific knowledge on firm organization and on social system) which makes them more productive than domestically educated workers when both types of workers are employed by subsidiaries of multinational firms headquartered in the country of foreign study. An increase in foreign-educated labor in an FDI-host country thus attracts more FDI from the country of foreign study. We find evidence from bilateral FDI and foreign-student data for 63 countries over the period of 1963-1998 that strongly supports this prediction. Our findings suggest that foreign-educated labor may account for a sizable portion of growth in FDI flows during the sample period.”

Jinyoung Kim (Department of Economics, Korea University)
Jungsoo Park (Department of Economics, Sogang University)

Keywords: foreign direct investment, multinational firm, human capital, foreign education, students abroad.
Date: 2007
URL: http://d.repec.org/n?u=RePEc:iek:wpaper:0705&r=edu

(resumo de “paper”, disponível no sítio referenciado)

quinta-feira, abril 26, 2007

O abandono do país por parte das multinacionais

"P: Tem-se assistido ao abandono do País por parte de várias multinacionais. De que forma se pode contrariar esta tendência?
R: O abandono por parte de algumas multinacionais surge no mesmo enquadramento que as trouxe. Aliás, se algumas se vão, outras vão chegando, só que o drama e visibilidade pública associados aos encerramentos são muito maiores no primeiro caso que no segundo.
Tudo isto se prende com as estratégias competitivas das empresas que operam em mercados globais e com as oportunidades em matéria de custos, de acesso a recursos naturais, mercados, redes logísticas e a capital humano que se vão revelando nos diferentes contextos económicos. Quero eu dizer que as razões que podem trazer novos investimentos externos a Portugal são necessariamente diferentes daquelas que os trouxeram no passado.
O que se pode fazer? Pode-se investir mais em qualificação dos recursos humanos. Pode-se apostar muito mais no desenvolvimento do sistema científico e tecnológico. Pode-se requalificar o território e dotar melhor o país de infra-estruturas diversas, incluindo as logísticas e as associadas à potenciação do país em matéria de turismo e lazer. Pode-se aproveitar bem melhor as relações - históricas, culturais - que o país mantém com muitas partes do mundo e potenciar a partir daí parcerias empresariais de que possamos aproveitar para chegar a novos mercados e criarmos empregos em Portugal. Pode-se dar eficiência à máquina burocrática que regula o funcionamento das empresas e da economia, de um modo genérico. Pode-se ser bastante mais célere e esclarecido nos processos de negociação com os operadores internacionais interessados."
J. Cadima Ribeiro
(extracto de entrevista concedida ao Jornal de Leiria, de 07/04/19; entrevista conduzida pela jornalista Raquel Silva)