segunda-feira, novembro 26, 2018

Leiria e o Investimento Direto Estrangeiro (3ª parte)

(Continuação)


6 - "Leiria nunca teve uma estratégia de desenvolvimento para atrair novos investimentos". São palavras de mais um empresário. Pelo que conhece, pelo que lê nos jornais, se assim for, poderá ser mais difícil atrair investimento estrangeiro?
Subscrevo a leitura de situação a que alude. Aparte a dotação de atributos, são precisos negociadores e porta-vozes para negociar projetos e incentivos para o território, desde logo, na frente interna, com o governo. Na captação de IDE em volumes relevantes, direta ou indiretamente, o governo nacional está presente. Por outro lado, quando um investidor externo equaciona fazer um investimento em Portugal, sobretudo se for uma entrada no país, ele olha em primeiro lugar para a atratividade do país e só depois o elemento diferencial que lhe pode ser dado por uma localização específica. Aí entra a capacidade de “lobby” e de negociação da “região”, que tem que ter protagonistas, sob pena de não contar para o jogo.

7 - Que outras razões encontra para a falta de atractividade de Leiria, apesar de existirem cá muito boas empresas, técnicos qualificados, alguns centros de investigação com qualidade...? 
Em expressão geral, a resposta já foi dada. Sublinho que, havendo capacidade empresarial, a Região de Leiria tem ficado aquém do desejável em matéria de construção de uma afirmação e liderança coletivas. Houve quem, no passado recente, tivesse ensaiado esse percurso (como foi o caso do empresário e dirigente associativo José Ribeiro Vieira, falecido prematuramente). O projeto está por cumprir, tal qual o projeto de criação de uma liderança política local/regional, necessariamente agregadora de vontades e interesses. Na componente investigação, estão apenas dados os primeiros passos e não sei se terão continuidade, isto é, se se mobilizarão os recursos, financeiros e humanos, para lhe dar dimensão crítica, isto é, para fazer dela peça relevante da estratégia de projeção do território a partir de produtos e serviços inovadores, gerados internamente.

(Continua)

(Reprodução parcial de respostas dadas, em 2 de novembro de 2018, a questões formuladas pela jornalista do Jornal de Leiria, Lurdes Trindade, no contexto de um dossiê jornalístico que estava a elaborar)

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