segunda-feira, junho 04, 2018

Património Azulejar Português

O azulejo é uma peça de cerâmica de pouca espessura, usualmente quadrada, em que uma das faces é vidrada, resultado da cozedura de um revestimento geralmente denominado como esmalte, que se torna impermeável e brilhante. A palavra azulejo vem da expressão árabe al-zuleique, palavra que significa pequena pedra lisa e polida.
A arte da azulejaria criou raízes na Península Ibérica por influência dos árabes, após a conquista da Península Ibérica pelos árabes, que trouxeram os mosaicos para adornar as paredes dos seus palácios, dando-lhes brilho e ostentação. O estilo cativou espanhóis e portugueses. Os artesãos pegaram na técnica mourisca de azulejaria e simplificaram-na, adaptando-a aos padrões ocidentais. Os primeiros exemplares usados em Portugal, os Hispano mouriscos, vieram nos finais do século XV, de Sevilha, e serviram para ornamentar as paredes de palácios e igrejas. Passados cerca de setenta anos, em 1560, começam a surgir em Lisboa as oficinas de olaria, que produziam azulejos segundo a técnica de faiança que fora importada de Itália.
A partir do século XIX, o azulejo sai dos palácios e das igrejas e começa a ser usado nas fachadas dos edifícios. No século XX, o azulejo começa a ser usado nas estações de caminho-de-ferro e metro; alguns são assinados por artistas conhecidos.
O azulejo é um elemento bastante popular da cultura artística portuguesa e um símbolo turístico muito apreciado. Ornamentam janelas, estações ferroviárias, paredes de casas e prédios ou templos. Em Portugal, existem muitos lugares históricos com azulejos, como por exemplo a estação de São Bento, no Porto, o Museu do Azulejo, em Lisboa, a Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego, em Sintra, o Palácio Nacional de Sintra, o Palácio nacional de Queluz, o Palácio Fronteira, a igreja de Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego.
Lisboa tem um museu dedicado ao tema, o Museu Nacional do Azulejo, onde se pode conhecer toda a sua história, a evolução técnica e artística, desde os primeiros tempos até à produção contemporânea. A coleção do museu contém a produção azulejar da segunda metade do século XV até à atualidade
O azulejo é um património de interesse cultural e turístico para o nosso país pelo reconhecimento por parte dos turistas que nos visitam, um bem verdadeiramente de valor universal. É por isso que os azulejos, muitas vezes são roubados e vendidos aos turistas. Para um português, os azulejos são uma coisa banal, pois estamos rodeados de edifícios com fachadas dessa arte cultural, mas para um turista estrangeiro pode ser uma arte pouco existente nos países deles, e é também uma recordação do país que visitaram. Apesar de nos últimos dez anos os roubos de azulejos terem diminuído bastante, ainda há igrejas e palácios que são vandalizados.
Em Lisboa, desde 2013, é proibido demolir edifícios com fachadas de azulejos sem autorização prévia. Os azulejos roubados costumam ser vendidos em feiras da ladra, com diversos preços.  
É importante ter atenção a esse património, pois a deterioração dos edifícios, a realização de intervenções desadequadas e o roubo e comercialização fazem com que se perca muito do património artístico cultural. Sabemos que existem pessoas que viajam para Portugal com o propósito de comprar azulejos. O turismo não só pode como deve ajudar na resolução deste problema.
Criar uma base de dados para o património cerâmico em Portugal e, também, a inclusão, nesta missão, dos contributos que sustentem o reconhecimento público para as boas práticas de salvaguarda, os projetos criativos e a edição de um guia nacional do azulejo podem ajudar a preservar o património azulejar no país. O plano nacional poderia ser desenvolvido através da cooperação de entidades públicas e privadas, de especialistas, artistas e cidadãos.
Existe um website dedicado à salvaguarda e valorização do património azulejar português: http://www.sosazulejo.com/. O Projeto “SOS Azulejo” é uma iniciativa do Museu da Polícia Judiciária, e veio da necessidade de diminuir os roubos e a destruição do património azulejar português.

Isa Micaela Guimarães da Silva

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, do curso de Mestrado em Património Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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