Foi
a 29 de março de 2015, um domingo, que foram
inaugurados os primeiros voos de companhias low cost para os
Açores. Depois de liberalizado o espaço aéreo, é necessário
encarar novos desafios.
O ano de 2017 revela-se, para o Governo
Regional, o ano chave para o desenvolvimento do turismo do Arquipélago e
traduz-se nisso mesmo. O orçamento de 2016 aplicou 8,6 milhões de euros à
promoção da região, lá fora e cá dentro, e o ano de 2016 acabou generoso.
Verificou-se um salto de 20 milhões de euros desde a era da pré-liberalização,
nas receitas hoteleiras. Assim, passou de menos de
40 milhões de euros para 60 milhões de euros nos nove primeiros meses de 2016.
O cenário atual é bem diferente e a hotelaria açoriana está a receber mais de 1,3
milhões de hóspedes e a empregar mais 24% do que há dois anos.
É o mesmo que dizer que, nos primeiros nove meses de 2016, os Açores bateram os
números do conjunto de 2015, que, já de si, foi ano recorde. A multiplicação
dos euros foi o
resultado de um trabalho intenso para posicionar o ‘destino Açores’ no quadro
do turismo mundial. Este tem-se vindo a fazer ao longo dos últimos anos.
Sem sombra para dúvidas que o novo
modelo de acessibilidades aéreas à região beneficiou o crescimento do setor do
turismo, contudo não podemos esquecer que este trabalho se iniciou ex-ante à
liberalização aérea.
No entanto,
as contas falam por si: o arquipélago tem agora mais de mil estabelecimentos
turísticos (a esmagadora maioria, cerca de 800, são alojamentos locais) a
funcionar na época alta, quando, antes da liberalização, eram à volta de 350
estabelecimentos; o número de hóspedes
passou de 396 mil no conjunto de 2014 para 509 mil no acumulado de janeiro a
setembro de 2016; a taxa de ocupação da hotelaria tradicional passou de 34%
para 50%, no conjunto, de janeiro a setembro de 2016, isto é, os hoteleiros já
conseguem ocupar metade das camas que têm disponíveis, uma marca que nem em
2007, ainda hoje o ano de referência para o turismo nacional, foi atingida
Aparte toda
esta evolução registada, sobram alguns significativos desafios. Um dos maiores
problemas revela-se na mão-de-obra que necessita de ser recrutada para os
estabelecimentos de hotelaria. Encontrar pessoas qualificadas dentro da ilha é
extremamente difícil, e o recrutamento do exterior exige um pacote salarial muito grande.
Surgindo também a questão da proteção da "galinha dos ovos
de ouro": a natureza. Os açorianos estão convencidos de
que o boom do
turismo não vai estragar o arquipélago, por dois motivos: primeiro, porque não
acreditam que o Governo vá deixar “que a construção se descontrole”; segundo,
porque estão todos “muito empenhados” em que o que têm de melhor seja preservado.
Como genericamente afirmam, “Se a nossa
natureza não existir, o que é que nos resta?”
Desacordos aparte, numa coisa há
consenso: a necessidade de haver uma aposta em todo o Arquipélago. A região tem
e é conhecida pelos instrumentos atrativos que tem em termos de investimento,
em especial nesta área, para o turismo.
Ana Margarida Ferreira Lima
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)
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