Guimarães é uma cidade impregnada de um
forte significado simbólico e cultural. Considerada a cidade “Berço da Nação”,
por ser a cidade onde nasceu o primeiro rei de Portugal, detém uma componente histórica
rica e notável. A acreditação do seu Centro Histórico como Património Cultural
da Humanidade, em dezembro de 2011, pela UNESCO, veio aumentar ainda mais o seu
potencial em termos turísticos. E a atribuição da menção de Cidade Europeia da
Cultura, no ano de 2012, também permitiu, de forma exponencial, dar a conhecer
o vasto património cultural desta cidade. Consequentemente, tem sido notório o
crescimento do turismo no centro urbano de Guimarães.
O Turismo é um fenómeno global com
acentuadas diferenciações e, no que concerne à cidade de Guimarães, sobressai o
Turismo Cultural, que se tem vindo a revelar como uma mais-valia em termos de
fatores de desenvolvimento local. Trata-se de um ato económico pois possibilita
a satisfação de uma necessidade da parte do turista e, para além disso,
contribui para o desenvolvimento alargado de vários setores da atividade
económica, concretamente, no que se refere ao fornecimento de bens e serviços,
contribuindo para a criação e manutenção de inúmeros postos de trabalho.
Porque os impactes criados pelo turismo
têm uma tradução essencialmente local, importa que as diversas políticas de
atuação, na área do turismo, sejam objeto de um planeamento estratégico capaz
de criar cadeias de valor, e que permita a satisfação dos turistas, ou seja,
que vá no sentido das suas necessidades.
Efetivamente, o turismo não é uma área
estanque e as necessidades em termos de turismo vão sofrendo evoluções ao longo
do tempo. Assim, não obstante a reconhecida importância da cidade de Guimarães
e do seu inigualável património e valor histórico, urge refletir sobre as
tendências atuais, a fim de responder às novas exigências e aspirações da parte
dos turistas.
Neste contexto, o Turismo Militar, como
segmento do Turismo Cultural, criado em 2014 pelo Ministério da Defesa Nacional
Português, tem-se vindo a assumir como um novo e promissor elemento que tem
vindo a ser impulsionado especialmente na região centro. Descrito como um
projeto cultural inovador, agregador e atrativo, tem um enorme potencial em
termos de mercado interno e externo. Uma das abordagens do Turismo Militar
consiste na valorização dos Campos de Batalha, nomeadamente através do “storytelling”.
No que concerne à cidade de Guimarães,
esta “respira” história e no seu centro histórico existem monumentos de grande
destaque, como por exemplo o Castelo de Guimarães ou o Paço dos Duques, que se
tornaram locais de visita obrigatória. Contudo,
a cerca de cinco quilómetros do centro, concretamente, em S. Torcato, existe um
Campo de Batalha que muitos desconhecem – o Campo da Ataca. Terá sido nesse
local que, em 24 de junho de 1128, D. Afonso Henriques venceu os espanhóis e
conquistou a soberania do Condado, iniciando-se o processo de independência de
Portugal.
Apesar de em 1996, ter sido inaugurado
nesse local um arranjo artístico-monumental que celebra este importante
acontecimento, com sete estátuas de cinco metros, muitos desconhecem a sua
existência, situação para a qual contribuem a parca sinalização e as difíceis
acessibilidades.
Inclusivamente, as festividades com cariz
histórico, de que são exemplo as Festas Afonsinas e as Festas Gualterianas,
circunscrevem-se sempre ao centro da cidade, deixando de parte este local tão
rico de história. Parece-nos assim que o Campo da Ataca é um local promissor,
mas subaproveitado, e que poderia vir a constituir um dos pontos-chave na
exploração do Turismo Militar no Norte de Portugal.
Em jeito de desafio, compete aos agentes
locais da cidade de Guimarães adotar uma atitude proativa face ao novo Turismo
Militar, partindo dos recursos valiosos que a cidade já detém, e não só
incrementar o turismo no centro histórico mas alargá-lo também à periferia.
Bruna
Ferreira
Bibliografia
Coelho, J. (2011). Turismo
Militar como segmento do Turismo Cultural: Memória, Acervos, Expografias e
Fruição Turística. (Mestrado em em Desenvolvimento de Produtos de Turismo
Cultural), Instituto Politécnico de Tomar. Disponivel em: file:///C:/Users/Asus/Downloads/Turismo%20Militar_JPCoelho.pdf
Marques, V. (2011). Turismo
cultural em Guimarães : o perfil e as motivações do visitante. (Mestrado em
Património e Turismo Cultural), Universidade do Minho. Disponivel em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/18041/1/Tese%20-%20Vitor%20Marques%20-%202011.pdf
Webgrafia
http://visao.sapo.pt/exame/2016-04-14-Portugal-na-rota-do-turismo-militar
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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