No dia 02 de
setembro, o Museu Nacional foi destruído por um incêndio de grandes proporções.
Localizado no Rio de Janeiro, o museu é a instituição cientifica mais antiga do
Brasil, sendo considerada uma das mais importantes do mundo. Foi fundado pelo
Rei Dom João VI, em 1818, sendo seu primeiro acervo fonte de doação da Família
Imperial e de colecionadores particulares. O museu possuía o maior acervo de
historia natural da America Latina, com peças de valor incalculável, com aproximadamente
20 milhões de itens. O acidente foi considerado a maior tragédia musicológica
do país. O incêndio aconteceu no ano em que a instituição iria celebrar 200
anos.
O Museu Nacional é a
matriz da ciência brasileira, sendo representante de avanços científicos,
conhecimento e da diversidade cultural do país, sendo especializado em
paleontologia, antropologia, geologia, arqueologia, zoologia e etnologia
biologica. Vestígios do passado, como fosseis, obras artísticas, objetos
pessoais entre outras coisas, eram elementos únicos, documentos de pessoas que
viveram há séculos ou milênios. Mesmo tendo sido boa parte do acervo
digitalizada, dificilmente o que foi perdido pode ser recuperado, sendo assim,
a perda desses elementos também significa a perda de parte da historia do
Brasil. Possuía uma das mais completas coleções de fosseis de dinossauros do
mundo, múmias andinas e egípcias e importantes artefatos da arqueologia do
Brasil. Possuía também a biblioteca Francisco Keller, cujo acervo possuía aproximadamente
537 mil livros.
O Museu foi palco de
importantes acontecimentos da historia do Brasil: foi residência da Família
Imperial, entre 1816 e 1821, e local onde a princesa Leopoldina, esposa de Dom
Pedro I do Brasil (Dom Pedro IV de Portugal), assinou a Declaração de
Independência do Brasil, em 1822, e onde foi realizada a primeira Assembléia
Constituinte, em 1824, para elaboração da primeira Constituição do Brasil.
Segundo Carolina Cunha, o incêndio do Museu
Nacional poderia ter sido evitado, mas a falta de investimento e a má gestão foram
prejudiciais. O museu exibia problemas na estrutura, não possuía um plano de
prevenção e combate a incêndios. Administrado pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), desde 1946, também era usado como local de atividades de
ensino, seu material era muito utilizado por estudantes de diversos níveis, além
de local de pesquisa acadêmica, fazendo com que, com o incêndio, muitos dados
de pesquisas tenham sido perdidos.
Segundo o Reitor da
instituição, Roberto Leher, o responsável pelo incêndio foi o governo federal,
pois este havia reduzido os recursos para a manutenção em 37% em quatro anos. O
museu teve salas de exposição fechadas, e por falta de pagamento dos
funcionários, em 2015, o museu teve que fechar as portas. Em 2018, a
instituição não recebeu o valor completo para a sua manutenção. Segundo o
reitor, o museu iria passar por uma reforma para a implantação de um novo
sistema de incêndio.
Atualmente, o que
restou do edifico está interditado e possivelmente será reconstruído. A UFRJ
irá aceitar doações de outras instituições para tentar recompor o seu acervo. A
UNESCO esta apoiando o trabalho de reconstrução, entretanto alguns
pesquisadores defendem que o museu permaneça como está, para servir de lembrança
do descaso e abandono do governo federal em relação à a ciência e pesquisa no Brasil.
Infelizmente, o
incêndio do Museu Nacional não foi um caso isolado. Várias instituições
culturais perecem com a falta de manutenção e de investimento, demonstrando o descaso
com o patrimônio e a ciência. Já foram afetados por incêndio a
Cinemateca Brasileira, em 2016, o Museu da Língua Portuguesa, em 2015, o Liceu
de Artes e Ofícios, em 2014, o Memorial da América Latina, em 2013, o Museu de
Ciências Naturais da PUC Minas, em 2013, e o arquivo do Hospital Psiquiátrico
do Juqueri, em 2005.
Os museus universitários
têm recursos provenientes das Universidades e Institutos Federais. Outra
possível fonte de recursos é o Ministério da Cultura e o IPHAN - Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Segundo Carolina Cunha, a crise fiscal do Estar fez o Governo cortar ainda
mais os orçamentos para a preservação do patrimônio cultural nacional e para o
desenvolvimento da ciência.
Ana Luiza Costa Novais
Referências:
Ciência - o que o Brasil perdeu com
o incêndio do Museu Nacional
Disponível em: https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/ciencia-o-que-o-brasil-perdeu-com-o-incendio-do-museu-nacional.htm
Acessado em: 07/05/2020
O Museu Nacional: ciência e
educação numa história institucional brasileira
Disponível
em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832019000100359
Acessado em: 06/05/2020
Incêndio no Museu Nacional completa um ano
Disponivel
em: https://exame.com/brasil/incendio-no-museu-nacional-completa-um-ano/
Acessado em:06/05/2020
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, lecionada ao Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, lecionada ao Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho)
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