Ninguém terá ficado
indiferente às imagens que no último ano e, particularmente, as que no trágico
dia 15 de outubro entraram pelas nossas casas adentro, através das
televisões e dos feeds das redes
sociais. Esta
foi a segunda situação mais grave de incêndios, depois de Pedrógão Grande, em junho
de 2017.
Segundo os dados do Instituto da
Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), os fogos em Portugal queimaram mais
de 400 mil hectares de floresta e povoamentos, de janeiro a outubro, o que
corresponde a quatro vezes mais do que a média registada nos dez anos
anteriores.
Num ano marcado por mais de uma centena de
mortes resultantes dos incêndios, a imagem de insegurança e devastação
inviabiliza a dinamização dos distritos afetados enquanto destinos turísticos,
uma vez que houve perdas materiais com a destruição parcial ou completa de
empreendimentos turísticos e de diversas atrações turísticas, como os percursos
pedestres. Por outro lado, também o receio que se fez sentir pelos turistas após
estas catástrofes traduziu-se na queda das reservas hoteleiras nas zonas afetadas
pelos incêndios. Logo a seguir à tragédia de 17 de junho em Pedrógão Grande, as
pessoas cancelaram em massa as férias ou escapadinhas que tinham planeado para
aquela zona. Perplexas com os números, impressionadas com o custo em vidas humanas,
houve um trauma generalizado.
Os prejuízos dos incêndios florestais
interromperam, desta forma, o ritmo de atração de turistas ou visitantes na
região. Para que as repercussões sejam minimizadas, é urgente devolver aos
mercados a confiança no país. Este trabalho passa pela promoção, mapeamento de
áreas seguras e o desenvolvimento da arte de bem receber, permitindo acelerar a
recuperação das terras e das gentes, bem como a confiança de potenciais
visitantes. A devastação dos locais afetados afasta o turismo mas a criação de
atrativos turísticos em torno dos desastres naturais permite potenciar de forma
rápida a sua recuperação.
A realidade é que a paisagem negra que
impera no centro do país impõe uma recuperação imediata e, até à sua
reflorestação. O território só é possível de ser visitado caso se altere o
paradigma turístico e se aposte na visita solidária.
No meu ponto de vista, apostar no turismo de
voluntariado em tempo de catástrofe nacional é legítimo e necessário. Promover
e incentivar o turismo de voluntariado pode ser inclusive uma forma de acelerar
a recuperação das paisagens e devolver a esperança a estas populações.
Agora, passado o choque, há que pôr mãos à
obra e continuar a ajudar quem precisa. É por isso que hoje, fazer turismo no
centro do país, é também um ato solidário. Todos temos de contribuir para que a
zona renasça das cinzas.
Cátia
Margarida Pereira Caldas
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)
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