terça-feira, setembro 25, 2007

As preferências dos turistas que visitam o Minho-Lima

Alguns territórios procuram tirar partido da sua riqueza em recursos naturais, históricos e etnográficos para, por via do aproveitamento turístico, criarem rendimento e emprego. Contudo, sendo os recursos financeiros e humanos escassos, por norma, qualquer planeamento implica fazer apostas selectivas e, logo, proceder à avaliação de alternativas.
Estando em causa um projecto de desenvolvimento turístico, os recursos existentes podem servir como ponto de partida para a definição de alternativas e, conhecendo a opinião dos turistas sobre aqueles, é possível dispor de uma base sólida para a selecção da alternativa estratégica que melhor se adeqúe aos atributos do território e às preferências dos visitantes.
A análise dos gostos e preferências dos turistas está facilitada quando estão em causa destinos mais ou menos consolidados e recursos turísticos actuais, uma vez que estes apresentam uma procura a partir da qual se pode investigar gostos e preferências. Porém, no caso de destinos emergentes e de recursos potenciais, esta tarefa torna-se mais complicada. Para ultrapassar esse problema, podemos recorrer à análise das preferências declaradas, inquirindo os indivíduos sobre as respectivas escolhas (declaradas), face a situações hipotéticas de consumo.
Foi este tipo de abordagem que foi prosseguido há uns meses atrás, no quadro de uma investigação que, em última instância, visava avaliar até que ponto seria viável pensar a sub-região do Minho-Lima como um (novo) destino turístico. O potencial do território em causa resulta-lhe do valor inquestionável dos recursos que possui, que, entretanto, é sabido não bastarem para configurar um projecto sustentável de aproveitamento turístico.
O inquérito destinado a avaliar a estrutura de preferências dos turistas que visitam ou pretendem visitar o Minho-Lima (isto é, o Alto Minho) foi aplicado entre Maio e Dezembro de 2006. Obteve-se um total de 350 respostas, 74 de turistas estrangeiros e 276 de turistas nacionais.
Os recursos do território foram apresentados aos inquiridos sobre a forma de um conjunto de cartões que pretendiam representar os perfis de atributos/alternativas de escolha disponíveis, sendo-lhes pedido para ordenarem/hierarquizarem o(s) preferido(s). Os inquiridos podiam, assim, ter em conta combinações de níveis de atributos, onde cada possível combinação representava o perfil do destino turístico que poderiam ter em mente quando estabelecessem as suas preferências e seleccionassem o seu destino de férias. O desenho do questionário foi aperfeiçoado mediante a realização de um pré-teste.
De forma muito resumida, dos resultados foram obtidos, constatámos que os recursos a que os turistas atribuíam mais importância eram as Praias Oceânicas e os Parques Nacionais ou de Paisagem Protegida. A esta luz, numa perspectiva promocional, não estando os municípios do litoral inseridos no Parque Nacional da Peneda-Gêres, teriam toda a vantagem em referir que este se encontra enquadrado na sub-região a que pertencem. Do mesmo modo, os municípios que fazem parte deste Parque Nacional deveriam referir que se encontram a X km do litoral e, por essa via, de algum modo, incluir esse recurso na sua carteira de oferta.
Considerada a nacionalidade dos entrevistados, obtiveram-se percentagens de importância dos atributos relativamente semelhantes, salvaguardadas as diferenças que se assinalam de seguida:
i) os turistas nacionais preferem os Parques Nacionais ou de Paisagem Protegida, enquanto os turistas estrangeiros valorizam mais as Serras e Montes; e,
ii) no caso dos Recursos Etnográficos, os nacionais atribuem maior importância à Gastronomia, enquanto os estrangeiros valorizam mais as Festas.
Entre os elementos coincidentes, no que se reporta aos Recursos Naturais-Água, estão a preferência dada às Praias Oceânicas e, no que se refere aos Recursos Históricos, a preferência dada ao Património Arqueológico.
Já no caso do Património Religioso e do Artesanato, considerados os mesmos resultados, dada a pouca importância que lhes foi conferida pelos turistas nacionais e estrangeiros, seria de rever o destaque que lhes vem sendo dado nas estratégias de promoção. Partindo da perspectiva que será desejável que um destino turístico disponha de uma carteira de produtos alargada, parece fazer sentido que sejam tomados como recursos complementares, alternativamente à política actual dos apresentar como dois cartazes de visita do Minho-Lima.Conforme é bem explícito, o território que foi alvo de análise foi o Alto Minho. Posta, entretanto, a similitude de recursos turísticos e de perfil de visitantes que visitam o Alto e o Baixo Minho, crê-se que as ilações que se podem retirar deste estudo sejam em grande medida válidas para o Minho, no seu todo.
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J. Cadima Ribeiro
(reprodução integral de artigo publicado em 07/09/25 no Suplemento de Economia do Diário do Minho, em coluna genericamente intitulada "Desde a Gallaecia" - o texto integral da comunicação que trata a matéria em título está disponível, em inglês, no sítio do NIPE, na entrada publicações, actas de conferências, 2007 - http://www3.eeg.uminho.pt/economia/nipe/index_pt.htm)

sexta-feira, setembro 21, 2007

Eurobarómetro: poluição, desemprego e saúde atiram Lisboa para a cauda da UE

Poluição, desemprego e saúde atiram Lisboa para a cauda da UE
«Eurobarómetro analisou a qualidade de vida em 75 cidades, entre as quais Lisboa e Braga: só a última teve bons resultados
As duas cidades apresentaram os mais baixos níveis de satisfação precisamente no mesmo parâmetro: os espaços verdes
As cidades europeias são "lugares cada vez melhores para viver".
Esta é a conclusão de um estudo feito pelo Eurobarómetro, que incidiu em 75 cidades dos 27 países da União Europeia, Croácia e Turquia, cujo objectivo era obter respostas quanto à qualidade de vida nas cidades europeias.
- Os países nórdicos destacamse no ranking, sobretudo no que respeita à segurança dos cidadãos, a qualidade ambiental, aos transportes públicos, aos espaços-verdes e à facilidade de encontrar alojamento de qualidade a preços razoáveis.
Desde Novembro de 2006, a equipa do Eurobarómetro inquiriu quinhentos moradores escolhidos aleatoriamente em cada uma das cidades, entre as quais se contavam duas localidades portuguesas: Lisboa e Braga.
Numa análise geral às vinte e três perguntas feitas a cada um dos inquiridos, são notórias as discrepâncias entre as duas cidades portuguesas. O resultado deu a vitória a Braga, que ficou colocada no primeiro terço na tabela, enquanto que Lisboa se ficou pelos últimos lugares
Nos vários parâmetros em análise, Lisboa apenas ultrapassou Braga em questões relacionadas com os espaços verdes, como parques e jardins públicos, embora ambas as cidades se encontrem no fundo da tabela, no 67° e no 69° lugar - a pior classificação de ambas as cidades portuguesas. No entanto, não existe uma correlação clara com a localização geográfica nem como tamanho da cidade.
Lisboa e Braga ocupam também à segunda metade da tabela no que respeita à facilidade de encontrar emprego e aos serviços de saúde dos hospitais, o que demonstra uma grande insatisfação quanto a dois dos principais factores que contribuem para a qualidade de vida.
Braga conseguiu o seu melhor resultado na facilidade de encontrar alojamentos de qualidade a preços razoáveis. A cidade minhota foi apenas ultrapassada por Leipzig, na Alemanha, e Aalborg, na Dinamarca, enquanto que Lisboa se ficou pela 57ª posição. Já a melhor classificação da capital portuguesa foi um 36° lugar, no que concerne à boa integração dos estrangeiros, embora Braga, também aqui, se tenha voltado a superiorizar claramente, alcançando o 12° lugar.
Quanto a segurança na cidade, Lisboa ficou mais uma vez aquém. Braga detém o 12° posto, enquanto Lisboa ficou novamente no fundo da lista, mais de 50 posições abaixo da cidade nortenha, com um fraco 65° lugar.
Desde a última Auditoria Urbana, realizada no ano de 2003, uma das principais melhorias na Europa prende-se com a satisfação quanto às oportunidades de emprego, que cresceu 9 por cento (para os actuais 41 por cento).»

Helga Costa

(reprodução integral de notícia, datada de 07/09/21, publicado no Jornal de Notícias)

terça-feira, setembro 18, 2007

"Poder de Compra Concelhio - 2005

Poder de compra cai 1/3 em cinco anos face à média
Disparidades da riqueza face à média nacional caíram nas maiores cidades do país

«Em 2000, um lisboeta conseguia adquirir três vezes mais bens do que a média do cidadão português e um portuense tinha capacidade financeira para comprar 2,38 vezes mais itens do que a média nacional. Cinco anos volvidos, quem habita na capital portuguesa apenas consegue comprar 2,16 vezes a média portuguesa, enquanto no Porto supera em 1,64 vezes a média nacional. Os habitantes das duas cidades continuam, ainda assim, a beneficiar de um poder de compra muito acima da generalidade dos portugueses, revela o estudo sobre o "Poder de Compra Concelhio -2005", divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística no final da semana passada.
Significa isto que o poder de compra dos habitantes das duas maiores cidades do país caiu? Não necessariamente. Na realidade, podemos estar na iminência de um aumento do poder de compra do resto do país. O estudo apresentado pelo INE não permite, contudo tirar conclusões sobre esta questão, uma vez que apenas são apresentados dados relativos face à média nacional (representada em base 100). No entanto, permite concluir que no espaço de cinco anos as disparidades de poder de compra "per capita" diminuíram no Continente (de 101,65 para 100,52) e aumentaram nas regiões autónomas, embora nas ilhas permaneça abaixo da média nacional.
Nos Açores, a capacidade de aquisição subiu de 65,51 para 81,66 e na Madeira aproximou-se vertiginosamente da média nacional, ao aumentar de 72,46 para 96,59 entre 2000 e 2005.
Fosso entre ricos e pobres permanece gritante
Se é verdade que o diferencial nos poderes de compra dos portugueses se reduziu, também é um facto que o fosso entre aqueles que têm um maior poder de compra e os que têm uma capacidade financeira muito reduzida continuava a ser muito grande.
Há dois anos, altura em que o crescimento da economia portuguesa foi particularmente frágil, com o PIB a acrescer a um ritmo de apenas 0,5%, dos 308 municípios do país, só em 43 o poder de compra era superior à média nacional. E destes, a maioria abrangia lugares com mais de 10.000 habitantes. Ou seja, o poder de compra mais elevado continua concentrado nos centros urbanos e no litoral. De acordo com a análise do INE, "metade do poder de compra nacional concentrava-se em apenas 20 municípios", em 2005, pertencendo grande parte à Grande Lisboa, Grande Porto ou ao Algarve.
A cidade de Lisboa continua a ser o local onde se encontra o poder de compra "per capita" mais elevado em todo o País, com 216. No entanto, há dois anos ainda era possível encontrar municípios onde o poder de compra se encontra mais de 50% abaixo da média nacional, como é o caso de Resende, Freixo de Espada à Cinta, Terras de Bouro ou Ribeira de Pena, as zonas de Portugal onde os cidadãos apresentam o mais baixo poder de compra.»

Susana Domingues

(reprodução integral de artigo, datado de 07/09/17, publicado em Jornal de Negócios)

quarta-feira, setembro 12, 2007

"Benefícios fiscais no interior"

"Benefícios fiscais no interior"

(título de mensagem, datada de 2007/09/10, disponível em Visto da Economia)

sexta-feira, setembro 07, 2007

quarta-feira, setembro 05, 2007

Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território

Assembleia da República

Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território:
Lei n.º 58/2007, D.R. n.º 170, Série I de 2007-09-04
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(cortesia de Eduardo Oliveira)