quinta-feira, novembro 30, 2006

IDE em Portugal

Portugal está mais atractivo ao investimento directo estrangeiro (IDE) segundo o relatório da Ernst & Young, intitulado “Portugal: Cause for optimism”.
Apesar de no período de 2004 e 2005 ter-se registado uma significativa queda de 22% no número de projectos de investimentos estrangeiros, ainda existem motivos para nos mantermos optimistas.
A economia portuguesa tornou-se mais atractiva para investimentos de capital internacional, em 2005, comparativamente ao período homólogo.
Esta melhoria de percepção dos investidores internacionais reflecte a evolução positiva de todos os critérios considerados pontos fortes da economia, de onde se incluem o facto de Portugal ser um país da zona euro, o ambiente social ser estável, existir uma boa qualidade de vida e fortes capacidades linguísticas da força laboral portuguesa, o custo de mão-de-obra ser acessível e haver um o potencial aumento de produtividade. Mas como nada é perfeito, existem também factores negativos que tendem a “afugentar” os investidores estrangeiros. O facto da nossa Administração Pública ainda continuar a ser ineficiente, o elevado nível de tributação sobre as empresas (IVA a 21%), a demasiada burocracia para abrir um negócio, a complexidade da legislação fiscal, são elementos que continuam a prejudicar a imagem de Portugal no estrangeiro e têm fortes impactos negativos no IDE deixando o nosso país muito aquém de outros países da união europeia como a Espanha, Alemanha, França. Outro factor que menos atrai os investimentos de empresários estrangeiros é a ausência de Investigação & Desenvolvimento, especialmente em relação a quadros com estas qualificações. A economia portuguesa poderia ser mais atractiva se o nosso governo remediasse estes pontos negativos e oferecesse mais incentivos económicos às empresas estrangeiras para que estas se localizassem no nosso território, criando assim mais postos de trabalho.
É sabido que é no sector automóvel que os investidores estrangeiros mais investem, mas este sector está com problemas graves, vejamos os casos da Opel da Azambuja e da Jonhson Controls, duas multinacionais que encerram as suas portas em Portugal entre este ano e o próximo, lançando milhares de pessoas para o desemprego, aumentando desta forma os índices de desemprego português e piorando ainda mais a frágil situação da segurança social. Por isso, seria talvez melhor virar-se para o sector dos serviços (sector terciário), sector esse que tem vindo a tornar-se cada vez mais relevante na economia europeia.
Aumentar o IDE é uma tarefa a ser executada a médio prazo, mas as medidas que o Governo tem tomado levam os investidores a concluir que Portugal está no bom caminho. Podendo já antever um sinal de retoma da economia portuguesa.

Patrícia Silva

(doc. da série artigos de análise/opinião; originalmente disponível em http://economiaportuguesa.blogspot.com)

quarta-feira, novembro 15, 2006

Desenvolvimento Endógeno e Política Regional

Em matéria de desenvolvimento regional, os anos oitenta do pretérito século ficam marcados pela emergência do paradigma do desenvolvimento endógeno, que se consolida nos anos noventa. Pese essa importante evolução teórica, as chamadas políticas regionais entretanto implementadas aparecem fortemente tributárias do paradigma funcionalista precedente.
È propósito desta comunicação situar a discussão sobre os termos da evolução necessária da política regional ou, melhor, das políticas de desenvolvimento regional, por forma a que passe(m) a tirar melhor partido do novo corpo teórico disponível. Para o efeito, recuperam-se aqui alguns estudos a que de algum forma estamos associados, para, a partir das ilações de política que daí se possam retirar, situar os termos do ajustamento a fazer em matéria de prática política e de protagonismo dos territórios concretos.
As aplicações empíricas invocadas reportam-se, deliberadamente, a problemáticas sectoriais diversas, pretendendo-se daí inferir a medida em que as acções de política se oferecem transversais aos sectores e respectivos agentes.

J. Cadima Ribeiro
J. Freitas Santos

(resumo de comunicação disponível na integra na entrada Publicações-Actas de Conferências-2005, do sítio electrónico do NIPE - http://www2.eeg.uminho.pt/economia/nipe/index_pt.htm

terça-feira, novembro 14, 2006

Aviso

Caras alunas,
Conforme vos transmiti pessoalmente, na próxima 6ª feira, 06/11/17, não haverá aula devido à minha participação numa conferência, fora do país.
Tal não deverá impedir que continuem a trabalhar nesta UC. Assim o desejo.
Ainda hoje ou amanhã, inserirei nesta plataforma electrónica um texto que gostaria que lessem.
Pocurarei manter-me em contacto.

J. Cadima Ribeiro

sexta-feira, novembro 10, 2006

A localização dos serviços

As empresas prestadoras de serviços mantêm as mesmas preocupações de localização que as outras unidades produtivas (agrícolas ou industriais). Porém, a natureza específica dos serviços sugere a sua localização em lugares centrais que garantam volumes mínimos de procura. Para além da implantação num lugar ou centro urbano colocado em posição geográfica mais ou menos adequada por referência ao mercado que pretende servir, é importante a sua acessibilidade, sem a qual o padrão de ocupação do espaço poderá sofrer distorções. Deste modo, um lugar só será apelativo para a empresa se estiver associado a um mínimo de mercado que viabilize os investimentos realizados e a uma população que a ele possa aceder.
A natureza diversa do serviço prestado determinará uma hierarquização, consoante as funções desempenhadas pelas empresas sejam de maior ou menor alcance das populações. No caso do comércio a retalho, consegue-se vislumbrar com alguma facilidade alcances diferentes para as mercearias, os supermercados e os hipermercados. Assim, enquanto as mercearias que oferecem níveis de sortido limitado não ultrapassam, em geral, as fronteiras do bairro onde se situam, os supermercados, com uma oferta comercial mais diversificada conseguem atrair consumidores de bairros urbanos próximos, e os hipermercados, com uma oferta comercial mais profunda e diversificada, atingem não só os residentes do centro urbano onde se implantam como as populações oriundas das áreas periféricas desses mesmos centros urbanos. A análise da realidade quotidiana mostra-nos que, em geral, os consumidores que se abastecem na mercearia de bairro também fazem as compras no supermercado e no hipermercado, o que significa que as áreas de influência de centros de ordem inferior (aldeia) ficarão provavelmente contidas nas de um centro de ordem superior (vila) e estas nas de centros de ordens seguintes (cidade).
Neste raciocínio estão implícitos alguns dos princípios da organização espacial que foram inicialmente propostos por Christäller para justificar a dimensão, a distribuição e o número de centros, que estão contidos na teoria dos lugares centrais.
José Cadima Ribeiro
José Freitas Santos

(extractos de texto de capítulo relativo a "A localização dos serviços", constante da obra colectiva Compêndio de Economia Regional, José da Silva Costa [Org.], APDR, Coimbra, 2ª Edição, 2005)

domingo, novembro 05, 2006

Atractividade de Portugal para o IDE

Atractividade de Portugal para o IDE - II
EPE -> Fóruns -> Boas Vindas! -> A atractividade de Portugal para o IDE Re: A atractividade de Portugal para o IDE por Carlos Barros - Friday, 27 October 2006, 00:22



"Penso que este link que nos é facultado é extremamente interessante, sobretudo analisando-o na parte em que observamos o que os outros pensam acerca de nós e, efectivamente, a ideia que eles têm de nós não é muito diferente do que realmente se passa em Portugal, se não vejamos:
1- No que se refere à opinião deles (e quando digo deles, refiro-me a todos os entrevistados, sendo que todos são estrangeiros) quanto aos nossos serviços prestados como membros da UE temos uma reputação muito boa, sendo que eles nos consideram como um forte membro da UE, e isso, na minha opinião, é verdade mas penso que Portugal deveria aproveitar essa visão que os outros têm de nós para se impulsionar e começar a mostrar mais provas de como pode ser uma "potência" de forma a não desiludir as elevadas expectativas que os outros têm de nós! Quanto ao ambiente, mais de 50% vêm o nosso país como um país que cuida do ambiente, que se preocupa com problemas como poluição, etc...
Um dos factores que eu considero muito importante, se não o mais importante do gráfico é o facto de mais de quase 50% acharem que Portugal tem uma qualidade de vida muito boa, e os restantes acharem que tem uma qualidade de vida excelente e quase 60% acham que Portugal possui umas infra-estruturas no que se refere a telecomunicações muito boas. Ora isto é um factor que atrai investidores pois na opinião deles temos bastantes qualidade de vida, e temos infra-estruturas muito boas para que eles possam desenvolver as suas actividades.
O reverso da medalha, e que também é verdade, é o facto de as opiniões negativas que eles têm do nosso país se referirem a sectores bastante importantes como a eficiência dos serviços da administração pública, a complexidade ao nível da legislação, o elevado nível de burocracia e a baixa taxa de flexibilidade no trabalho.
Pode parecer que me vou contradizer mas de facto, todos os factores que inicialmente eram apontados como atractivos para os investidores estrangeiros, deixam de o ser ao verificarem as péssimas condições (no ponto de vista deles, e no meu também, pois penso que eles estão correctos) no que se refere à administracção pública.
Especulando um pouco, muitos deles porventura já tentaram investir no nosso país mas não o fizeram devido à elevada quantidade de papeis (burocracia...) que são necessários. Só assim se compreende a ideia tão negativa que eles têm do nosso país, pois só quem já passou por essa experiência sabe que realmente isso é verdade."

Carlos Barros

(extracto do comentário publicado)

sexta-feira, novembro 03, 2006

Localização das actividades de serviços às empresas

"As actividades de serviços às empresas englobam os serviços avançados e os serviços banais. Os primeiros incluem actividades complexas e intensivas em conhecimento, de que são exemplo os serviços de engenharia relacionados com as novas tecnologias de informação, comunicação e automação, serviços de gestão de recursos humanos, consultoria estratégica e serviços jurídicos especializados. Os segundos integram o conjunto de actividades de serviços à produção que envolvem essencialmente uma prestação material: vigilância, limpeza, dactilografia, reprodução de documentos, restauração e transportes (DELGADO, 1998).
As decisões de localização das empresas que prestam serviços à produção tendem a privilegiar os centros do topo da hierarquia urbana. Este comportamento locacional radica em dois tipos de preocupações principais. A primeira está relacionada com a existência de um volume de procura mínimo que possa viabilizar a oferta de serviços especializados. Por isso, é de esperar que estas empresas mantenham uma ligação estreita aos seus clientes que, na maioria dos casos, são sedes sociais, divisões funcionais, regionais ou de produto de empresas de dimensão considerável. Os processos de “emagrecimento” provocaram uma racionalização dos custos, levando-as a optar pela externalização de alguns dos seus serviços.
A outra preocupação que se retém pretende aproximar a empresa da oferta de mão de obra qualificada, mais abundante e competitiva nos centros urbanos, e das infra-estruturas de transporte e de comunicação, que se tornam essenciais para a prestação de serviços especializados (FERRÃO, 1992).
A deslocalização destas actividades para centros urbanos de menor dimensão afigura-se possível mediante a conjugação de alguns factores (DELGADO, 1998):
- acompanhamento da procura, já que muitas das actividades industriais se têm vindo a deslocar para os subúrbios das grandes aglomerações urbanas ou para as regiões periféricas sem tradição industrial;
- crescimento das necessidades de serviços, mesmo nas pequenas e médias empresas, decorrentes da maior exigência pública na aplicação da legislação fiscal, laboral e ambiental;
- difusão do uso de determinados serviços em consequência da inovação registada no campo da informática e das tecnologias de comunicação e informação;
- deslocamento para as regiões periféricas por parte das grandes empresas de serviços de algumas das suas actividades não intensivas em contactos face a face e menos sensíveis às economias de aglomeração, como estratégia de redução dos custos;
- aumento da taxa de utilização de serviços por parte das empresas industriais e de serviços."
José Cadima Ribeiro
José Freitas Santos
(extractos de texto de capítulo relativo a "A localização dos serviços", constante da obra colectiva Compêndio de Economia Regional, José da Silva Costa [Org.], APDR, Coimbra, 2ª Edição, 2005)