quarta-feira, dezembro 28, 2011

Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça: Espanha-Portugal, 2007-2013

A Comissão Europeia aprovou, a 25 de Outubro de 2007, um programa de cooperação territorial europeia para a cooperação transnacional entre Espanha e Portugal para o período de 2007-2013, designado «Programa de Cooperação Territorial Transfronteiriça: Espanha – Portugal».
O programa prevê o apoio comunitário para as 17 regiões fronteiriças NUTS III em ambos os países e mais 16 regiões NUTS III adjacentes, no âmbito do objectivo de cooperação territorial europeia. A dotação total para o programa ascende a cerca de 354 milhões de euros, com um financiamento comunitário do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) de cerca de 267 milhões de euros.
As regiões originais elegíveis para o programa, as regiões NUTS III, representam 23,5% da Península Ibérica, 10,6 % da população total e 9,6% do emprego. O PIB dessa zona ascende a 7,5% do PIB da Península Ibérica.
O Programa tem como objectivo primordial a promoção do desenvolvimento das zonas fronteiriças entre Espanha e Portugal, reforçando as relações económicas e redes de cooperação existentes em 5 áreas específicas: Galiza/Norte de Portugal, Norte de Portugal/Castela e Leão, Centro/Castela e Leão, Alentejo/Centro/Estremadura e Alentejo/Algarve/Andaluzia. Este programa permite, assim, aproveitar essas amplas redes de cooperação que se têm vindo a desenvolver e incrementar desde 1989, com a execução de projectos de infra-estruturas, às quais se têm vindo a incorporar progressivamente outros sectores como o turismo, os serviços sociais, o meio ambiente, a inovação tecnológica, a saúde, a educação ou a cultura.
Os resultados positivos obtidos no âmbito dos programas precedentes vão prosseguir ao abrigo das novas orientações. O que se pretende é desenvolver uma abordagem mais intensiva da integração territorial e também centrar as intervenções do programa na cooperação e na gestão conjunta de infra-estruturas, equipamentos e serviços.
Uma série de indicadores, aplicáveis a cada uma das prioridades do programa, permitirão avaliar os efeitos do programa em domínios como a demografia da região, nas parcerias e na gestão conjunta de projectos de cooperação, na elaboração de projectos conjuntos de ordenamento do território e na utilização conjunta de infra-estruturas, equipamentos, serviços, entre outros.
Em conformidade com os objectivos da Estratégia de Lisboa, as linhas estratégicas do «Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça: Espanha – Portugal, 2007-2013» são o desenvolvimento de actividades transfronteiriças conjuntas no domínio económico, social e ambiental, que visem o desenvolvimento territorial sustentável, principalmente por meio de: apoio e incentivo às actividades empresariais, à expansão das Pequenas e Médias Empresas (PME) e ao desenvolvimento do turismo transfronteiriço, da cultura e do comércio; gestão e protecção conjuntas do meio ambiente e prevenção de riscos; apoio às ligações entre as zonas urbanas e rurais e a redução do isolamento, melhorando o acesso aos transportes, à informação e às redes de comunicação, assim como ao acesso transfronteiriço ao fornecimento de energia e de água e aos serviços de gestão dos resíduos; e, ainda, apoio à cooperação para o desenvolvimento e utilização conjunta de infra‑estruturas, equipamentos e serviços comuns em domínios como a saúde, a cultura e a educação.
A estrutura do «Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha – Portugal, 2007-2013» respeita as seguintes prioridades:
- Prioridade 1:Cooperação e gestão conjunta para a melhoria da competitividade e a promoção do emprego;
- Prioridade 2:Cooperação e gestão conjunta das questões ambientais, do património cultural e da prevenção de riscos;
- Prioridade 3:Cooperação e gestão conjunta em ordenamento do território e acessibilidades;
- Prioridade 4:Cooperação e gestão conjunta para a integração institucional e socioeconómica;
- Prioridade 5:Assistência técnica ao processo de cooperação transfronteiriça.
Em suma, a Cooperação Territorial Europeia que se destina a reforçar, em articulação com as prioridades estratégicas da União, as intervenções conjuntas dos Estados-Membros em acções de desenvolvimento territorial integrado, revela grande importância, uma vez que visa potenciar as possibilidades consagradas nos regulamentos estruturais comunitários, que a definem como um instrumento de intervenção chave para a prossecução dos objectivos da política de coesão e para o processo de integração europeia. A abordagem assim consagrada é inovadora,  quer no contexto comunitário, deixando os Programas de Cooperação de ser Iniciativas Comunitárias para passarem a ser Programas Operacionais com regras uniformes às demais intervenções,  quer no contexto nacional, que privilegia a cooperação territorial como componente decisiva da política regional, mobilizando recursos para complementarem e maximizarem os financiamentos europeus.

Sílvia Manuela de Jesus Pinto

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Garbage emergency in Naples: the effects on local economy

The echoes of what in Italy is recognized as “The Garbage Emergency of  the city of Naples” has almost arrived in all the world, with suggestive images that more or less can make the idea of what the city lived in the last  years until July of 2011. What is maybe less clear to the world is the impact of the emergency on the local economy of Naples and the region in which it is.
By taking one thing at a time, let’s begin by explaining briefly how the emergency was born: it was in 1989 when the criminal system of the waste of garbage was though thanks to the convergence of interests of part of institutional men (belonging to the liberal party) and criminal organizations, in particular the clan of Casalesi.[1] The business let the clan earn 1 million of euro per 40 tonnes of trash, after the costs: this high level of earnings and the collaboration with the institutions explain why no one was able to stop the traffics of garbage managed by the clans.
The impact of this on the local economy of the region of Campania has to be measured on three sides: the growing costs for the health care, the impact on tourism and the damns to the local economy (prevalently agricultural).
The positive correlation among the health’s troubles and the Garbage Emergency has been demonstrated by lots of studies that estimate, for instance, that the risk of cancer has grown by 30%, since the problem of waste exists, in the areas of illegal landfills of waste. According with the study of Carla Guerrieri on “Cancer Biology and Therapy”, in general, the region is facing a growing of cancer of 11% and a growing of  the congenital malformations of 82%: in terms of regional economy it means that a drainage of a costs around 150 million of euros (based on expenditures for past interventions of similar type) the region can realize a saving cost of 11 billion.
Campania is predominantly an agricultural region, with very high productivity and specialization characterized by intensive cultivation. According to 2007 data, 120,000 people are employed in agriculture and 41,000 in the agricultural industry, about 80% of agricultural activities are family-run, so the agricultural production units are quite small (3.6 hectares on average) . The total agricultural production of the Campania region accounts for 2.4% (against a national average of '1.8%) of the production of national GDP[2]. The productivity rate in the region of 4,000 € / ha is almost twice the national average and is the second highest in the country (Messina 2009). Soil degradation and desertification are affecting more and more hilly areas and in the mountains, coastal dunes and a long agricultural tradition. The system of food production in Italy has suffered relapses due to the presence of contaminant waste on the territory: the dioxin scare has stopped farming and food sales have declined globally. The policies on waste in Campania region are creating a climate of death, leading to the disappearance of rural culture and traditional food production, leading to not only important economic externalities but also inflicting a cultural loss.
Last but not least, it has to be registered the impact of the emergency on tourism economy of the region: for the region and the city, the tourism is one of the most important source of the economy, not only it generates 3,6 billion of regional PIL per year, but it has also a relevant multiplicative effect on the other industries of the economies of  the region. The Garbage Emergency has affected the tourism economy very strongly: in the year of highest emergency, it was leaded a research which demonstrated that the earnings of  the enterprises of the sector, in consequence to the trash trouble have had the following  trend:
50% - lower earnings
44% - stable earnings
6% - higher earnings
Just notice that, in this case, the effect on the earnings couldn’t be due also to the global crisis because the year of the data’s collection is 2008, so the changes are supposed to be the only effect of the garbage. Moreover, a survey leaded in the same year asked to the tourist operators how much the emergency had damaged their enterprises and the results were the following:

How much has the emergency damaged your enterprise?
                          Nothing            Few                   Enough            Very                   Very much        Total
Avellino
38.1
42.9
4.8
14.3
0.0
100
Benevento
52.2
39.1
6.5
2.2
0.0
100
Caserta
17.2
24.1
13.8
27.6
17.2
100
Napoli
10.7
32.9
28.0
23.1
5.3
100
Salerno
42.1
25.1
17.5
12.3
2.9
100
Campania
27.0
30.7
20.5
17.3
4.5
100

The table has to be read by knowing that the emergency was a phenomenon typically of Naples and anyway associated to Naples, no one has ever heard about the emergency in Salerno (Amalfi, Sorrento and Positano), notwithstanding they are very close to Naples: given this, it’s easy to observe that the emergency has effectively damaged the tourism in Naples and so can continue to do it in the future.
From what was said, there are clear evidences that the garbage emergency in Naples has damaged the regional economy of the city and of the territory; actually with a deeper sight to the problem we can assume that the damage of the regional economy, especially if seen in terms of opportunity costs, represents a big loss for the entire Italian economy, by considering how much the saving and the production which the regional economy of the Campania could give to the national economy, because of the uniqueness of the resources of the territory (here, we’re talking about cheese, agriculture, tourism). The solving of the problem is, thus, an interest of Italian economy, not just a regional affair.

Rosario D’Auria


[1] Iacuelli A. (2007), Le vie infinite dei rifiuti. Il sistema campano
[2] Lucie Greyl, Sara Vegni, Maddalena Natalicchio, Salima Cure e Jessica Ferretti, La crisi dei rifiuti in Campania, A Sud (September 2009)


[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3.º ano do curso de Economia (1.º ciclo) da EEG/UMinho]

terça-feira, dezembro 27, 2011

SCUTS: Regiões condenadas?!

Actualmente, um dos grandes problemas de Portugal consiste na enorme lista de dívidas que o Estado português possui. Este é um tema que vem sendo debatido ao longo dos tempos tendo em conta que “O Estado português gasta como rico sendo pobre”. Um desses pequenos luxos foi a construção das SCUTS, que visava o desenvolvimento de estradas mais eficientes (em termos de tempo e de consumo de combustível) projectando o país para outro patamar social e económico. Contudo, as consequências negativas têm vindo, nos últimos anos, a suprimir as consequências positivas.
As SCUT (Sem Custo para o Utilizador) foram planeadas para que não possuíssem portagens, resultando assim num elevado número de utilizadores dessas estradas. As SCUT consistem em vias rápidas em que o Estado realiza os pagamentos das portagens com as remessas dos contribuintes. A sua construção, financiamento, exploração e manutenção é entregue a uma empresa privada, sendo-lhe pago uma tarifa por cada veículo que usufrua da via. Os encargos com as SCUT, que começaram em 2000, só irão terminar no ano de 2030 e, sendo que em 2005 este valor já superava os 500 milhões de Euros, o resultado total será de 15 mil milhões de euros. Assim, visto que os custos são demasiado elevados para serem só suportados pelo estado, foram instaladas portagens nas SCUTS para que o “consumidor” suporte parte desse peso.
Todas as portagens, em SCUTS, têm vindo a ser altamente contestadas pelos cidadãos portugueses. Estes defendem que o pagamento de tarifas de utilização irá prejudicar tanto o cidadão que percorre a estrada para ir trabalhar como as grandes empresas, que têm milhares de camiões a realizar transportes de mercadorias por essas vias. Estas portagens irão provocar um grande aumento nos custos de transporte que por sua vez irá pôr em causa empregos, empresas e até mesmo regiões. Podemos ver o caso da A23 (Torres Novas-Castelo-Branco-Guarda), A24 (Viseu-Vila Real-Chaves) e A25 (Aveiro-Vilar Formoso): sabemos que o interior português depende, em muito, da utilização de veículo pessoal e que, por si só, já é prejudicado em relação ao litoral. Logo, as portagens só irão afectar negativamente estas regiões ao danificar o turismo e pôr fim à economia local. Os utilizadores das estradas do litoral podem defender que toda a gente tem que pagar, contudo ninguém deve esquecer as disparidades regionais tendo em atenção que estas regiões estão a sofrer com a perda de hospitais, escolas e outros serviços públicos, sendo obrigadas a percorrer grandes distâncias para ter acesso a tais serviços.
Outra grande consequência para as regiões, sem discriminações, é a poluição. Tendo em conta um estudo da Universidade de Aveiro, podemos ver que o desvio do tráfego para estradas nacionais e municipais provocou um aumento em média de 60% dos níveis de poluição nas localidades envolventes à EN109. O tráfego nessas estradas triplicou, provocando um aumento em média de 60% dos níveis de poluição. Os valores dos poluentes PM10 e óxidos de azoto estão acima do permitido colocando em risco a saúde pública, nas localidades junto à estrada nacional 109.
Como foi dito anteriormente, a introdução das SCUTS vai pôr em causa muitos postos de trabalhos. Citando a Associação dos Motoristas Internacionais e Nacionais de Pesados, "O Governo não teve isso [os custos do gasóleo e das portagens] em atenção. Continua a criar medidas para fazer a vontade à 'troika' e não se lembra que vivemos em Portugal e que somos povo”. A associação acrescenta que estarão em risco entre 20 a 30 mil postos de trabalho uma vez que, nem que a portagem fosse um euro, há empresas que frequentam a A25, 10 e 15 vezes por dia e com milhares de camiões”, realçando uma vez mais o enorme acréscimo de custos de transporte.
Concluindo, pode-se dizer que não há maneira de desfazer o erro das SCUTS; apenas discutir uma alternativa para o seu pagamento. Como constatamos, as portagens representam uma forte ameaça à utilização destas estradas, destruindo orçamentos das familias, empresas e empregos, o turismo e a economia local de muitas regiões. Assim, os contractos das SCUTS deveriam ser renegociados e devia-se calcular o custo real de cada SCUT, arranjando uma forma de pagamento que permitisse atenuar o peso das portagens por todos os automobilistas (através do imposto anual de circulação).

Telmo Rodrigues


[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3.º ano do curso de Economia (1.º ciclo) da EEG/UMinho]

2012: Braga Capital Europeia da Juventude e Guimarães Capital Europeia da Cultura

Podemos estar perante uma oportunidade única de afirmação e desenvolvimento para estas 2 cidades que serão, neste ano que se inicia, focos turísticos e pontos de atracção por receberem estes 2 eventos. Compete às entidades responsáveis por estes projectos aproveitar a efemeridade dos mesmos e conseguir extrair algo de duradouro, algo que continue a atrair pessoas às cidades após os eventos.
Apenas muito recentemente foi conhecida a decisão favorável a Braga como Capital Europeia da Juventude, assim sendo, ainda temos conhecimento de apenas algumas iniciativas e planos para 2012. A proposta apresentada pela Câmara Municipal de Braga teve como ponto de partida o facto de 35% da população de Braga se encontrar abaixo dos 26 anos de idade, tornando-a numa das cidades mais jovens da Europa.
O programa de actividades já revelado está centrado em temas como a participação activa dos jovens na sociedade, espaços ao ar livre para cultura jovem, espaços para aprendizagem informal conjuntamente com a promoção do diálogo entre gerações. Pretende-se abordar de forma inovadora o emprego jovem que é actualmente um problema da cidade e do país, e finalmente o multi-culturalismo presente na cidade, participação activa dos estudantes do programa Erasmus e a sua integração.
Entre os eventos já definidos, destacam-se os seguintes: “O Fórum YWorld”, evento de abertura, que pretende dar a conhecer junto da comunidade local a vida dos jovens nos seus países de origem, visa apontar soluções que promovam a integração, a inclusão social e a protecção dos direitos humanos; o festival “Music of the World” dará oportunidade a jovens músicos oriundos dos 5 continentes de representar as suas tendências musicais tradicionais; será ainda criado o “Programa AtCampus” que oferecerá 27 bolsas de estudo a jovens carenciados e não contemplados no programa Erasmus, em troca, os estudantes agraciados relatarão as suas experiências num weblog; finalmente, pretende-se divulgar a história e cultura local através do curso “Bracara from Augustus”.
Com a organização do evento, voltou novamente à baila a discussão acerca da necessidade de construção de uma nova pousada da juventude na cidade, e esta é vista como a oportunidade ideal para o fazer.
Por sua vez, Guimarães foi eleita para ser Capital Europeia da Cultura em 2012, uma forte aposta desta cidade histórica e cujo foco principal será a regeneração social, urbana e económica da cidade apostando para isso na reabilitação de edifícios públicos e privados que tenham interesse patrimonial, assim como a requalificação das áreas urbanas. Há uma grande vontade de promover um “encontro” de artistas e criações de vários pontos da Europa, dos mais variados campos, música, cinema, fotografia, artes plásticas, arquitectura, literatura, teatro, dança e artes de rua, e de oferecer uma visita ao passado histórico, em conjugação com inovadoras experiências culturais e criativas, o passado e o futuro. Foi criada a Fundação Cidade de Guimarães para conceber, planear e promover este projecto, apoiada pela Câmara e pelo Ministério da Cultura.
A preparação para este evento já se faz sentir na cidade, desde as obras em curso de reabilitação de várias infra-estruturas da cidade, passando pelo projecto inovador que ocorreu este ano “Guimarães noc noc” e que já nos deu uma ideia daquilo que o evento de 2012 poderá trazer, introduzindo um novo conceito de exposição artística, contacto directo e menos informal entre o público e as obras. A arte foi exposta nas ruas, ateliers, espaços públicos, ao invés do tradicional museu ou galeria. O projecto contou com a participação de mais de 300 artistas de vários países e foi um exemplo de criatividade e inovação e elucidativo da viabilidade de investir em cultura e arte com baixo investimento.
E o baixo investimento é importante, porque num momento de crise como o actual há algum receio na visão das pessoas em relação a estes 2 eventos. Os organizadores destes eventos têm que ter isto em conta, e, ao mesmo tempo, aproveitar estes eventos efémeros e conseguir efeitos mais permanentes, seja na atracção em termos de turismo, que se pretende que se prolongue bem para lá de 2012, seja a nível interno, aproveitar os fundos disponibilizados para criar oportunidades e oferecer soluções de futuro aos residentes numa altura em que o desemprego, em especial o jovem, é muito elevado.
Por fim, de referir que a curta distância que separa as 2 cidades e consequentemente os 2 eventos, poderia e deveria incitar a um esforço conjunto e a uma maior interacção, podendo inclusivamente complementar e melhorar a qualidade de ambos.

André Pimenta da Silva
                                                                                                             
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3.º ano do curso de Economia (1.º ciclo) da EEG/UMinho]

Desenvolvimento Económico de Braga e a Capital Europeia da Juventude

Braga será Capital Europeia da Juventude em 2012. 
 Mais que os eventos que se irão realizar em Braga no próximo ano, a atribuição deste “prémio” vai dar futuro a uma região jovem que tem problemas com empregabilidade. Pode ser oportunidade de dar algum futuro aos jovens. 
 Vários programas de actividades, centradas em temas como a participação activa dos jovens na sociedade, irão ser traduzidos numa aproximação da população mais jovem da restante sociedade. 
Com um nível cada vez mais baixo de jovens empregados a atribuição de Capital Europeia da Juventude irá atribuir muitos postos de emprego principalmente na população mais jovem. 
“Entre as motivações que suportam a proposta, o Município de Braga releva a afirmação e promoção de Braga na euroregião; o estreitamento de relações entre os jovens cidadãos e as instituições europeias; o facto de proporcionar a quem vive fora dos grandes eixos urbanos maior dinâmica social e igualdade de oportunidades, assim melhorando a sua qualidade de vida; e ainda a oportunidade de reforçar o papel da educação não-formal através do associativismo e do voluntariado.” 
Para finalizar irá também existir a criação de programas, que pretendem “oferecer bolsas de estudo a jovens com carências financeiras não contemplados pelo Programa Erasmus. Em troca, o estudante terá de retratar as suas experiências e promover a história local.” 

Rui Leite

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3.º ano do curso de Economia (1.º ciclo) da EEG/UMinho]

"Sem nebulosidade, a iluminação nocturna destaca a distribuição populacional"

Notícia JN 
NASA mostra noite na Península Ibérica:
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=2207586

quinta-feira, dezembro 22, 2011

Desenvolvimento Rural


Actualmente, assiste-se a uma conjuntura em que as economias são dominadas pelo fenómeno da globalização, ou seja, o destino de cada país é condicionado pelos acontecimentos mundiais, e torna-se necessário ter em conta essa realidade ao se tratar o desenvolvimento rural.
            Desenvolvimento rural é um conceito que possui uma multiplicidade de noções, o que dificulta a sua operacionalização através de políticas, programas e projectos promovidos directa ou indirectamente pelo Governo. Este conceito pode ser entendido como a melhoria das condições de vida das pessoas residentes nas áreas e regiões rurais, através de processos sociais que respeitem e articulem os princípios de eficiência económica, equidade social e territorial, qualidade patrimonial e ambiental, sustentabilidade, participação democrática e responsabilidade cívica.
            Ao longo dos tempos, assistiu-se ao acentuar das divergências entre os mundos rural e urbano e à ocorrência de enormes ondas de êxodo rural, isto é, a procura de melhores condições de vida nos meios urbanos pela falta de empregos nos meios rurais. Contudo, foi nas últimas duas décadas que se acentuaram estes problemas, levando a que os meios rurais estejam a ficar abandonados e se avolumem problemas de exclusão social nos meios urbanos, já que estes não absorvem toda a oferta de trabalho, levando à crescente degradação das condições de vida nestes meios.
            Apesar destes problemas, a atenção dada aos meios rurais é por vezes pouco clara por parte dos poderes políticos centrais, visto que apenas se verificam um conjunto de políticas apoiadas em programas de desenvolvimento regional com bons fundamentos conceptuais mas com baixas comparticipações. Então, para colmatar esta escassez de políticas que visam o desenvolvimento rural, os governos devem criar políticas de reestruturação da agricultura que fomentem avanços tecnológicos, aumentos na intensidade da produção e a sua concentração em unidades maiores, produção mais especializada e aumentos na escala das explorações, incorporação da agricultura na fileira agro-industrial, atracção de mão-de-obra jovem para a agricultura e a importância crescente de estratégias pluriactivas e inviabilização socioeconómica de certos sistemas de produção.
            Tendo como base as políticas enunciadas, o desenvolvimento rural deve ser efectuado na perspectiva de que as realidades nos meios rurais são imensas, tanto em termos económicos, como sociais, estruturais e institucionais. Como tal, deve-se apostar na diversificação das actividades em meios rurais, onde a agricultura é uma actividade a preservar tanto por razões económicas como sociais. Esta diversificação de actividades em meios rurais é vantajosa para a criação de postos de trabalho e para a melhoria das condições de vida dos residentes, permitindo assim a fixação das populações libertadas pela agricultura em face do crescimento económico. Para além da aposta na diversificação das actividades, também se deve apostar na formação de agentes de desenvolvimento rural e no desenvolvimento de projectos de cooperação transnacional, no sentido de se trocarem experiências importantes no desencadear de um processo de desenvolvimento de meios com características tão específicas como são os mundos rurais, e de se procurar acabar com a separação entre o rural e o urbano. Outra forma de fomentar o desenvolvimento rural é a conciliação das actividades agrárias com outras que podem ser desenvolvidas em meio rural, como o artesanato, o turismo rural, o turismo de habitação e as actividades ambientais, que vão permitir garantir rendimentos e fixar as populações nos mundos rurais, diversificando desta forma as actividades económicas e preservando valores culturais, sociais e ambientais.
De uma forma geral, verifica-se que subsiste uma problemática de acentuação do fosso entre o rural e o urbano, embora os usos do espaço rural tenham evoluído e tenham surgido novas aptidões que têm contribuído para redefinir o mundo rural. Portanto, para contrariar esta tendência, é necessário que sejam criadas e implementadas políticas específicas que se direccionem para o desenvolvimento rural sustentável.

Márcio David Gonçalves Bermudes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3.º ano do curso de Economia (1.º ciclo) da EEG/UMinho]

quarta-feira, dezembro 21, 2011

Rota dos Vinhos Verdes


O vinho verde é um vinho leve e fresco produzido no noroeste de Portugal, uma região costeira. Das características do solo, clima e factores soció-económicos à peculiaridade das castas autóctones da região e das formas de cultivo da vinha resulta um vinho típico e original desta região.
Desde o século XII que existem referências da produção de vinho nestas zonas e no final deste século início do século XII o vinho verde já fazia parte dos hábitos desta região e a expansão demográfica e económica fizeram do vinho a sua principal fonte de rendimento. Estes foram os primeiros vinhos portugueses a serem comercializados em outros países europeus, principalmente os da região de Monção e Ribeira do Lima. No século XIX, uma maior liberdade comercial e o desenvolvimento dos transportes e comunicações mudou o quadro de viticultura regional e proporcionou a que no século XX surgisse a orientação para a qualidade e regulamentação da produção e comércio do vinho verde e o reconhecimento da Denominação de Origem que conferiu à escala mundial a exclusividade da designação “Vinho Verde”. Mais tarde, criou-se o selo de garantia como medida de salvaguarda de origem e qualidade e, como consequência da entrada de Portugal na CEE, é promulgada, em 1985, a Lei-Quadro das Regiões Demarcadas, que determinaria a reformulação da estrutura orgânica da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes.
O clima desta região é marcado pelo regime anual de chuvas, Invernos frios e chuvosos e fim da Primavera início do Verão temperaturas mais elevadas e precipitação mais baixa. Apresenta um regime de clima ameno relativamente às temperaturas médias anuais. É uma região com uma topografia irregular devido a uma densa rede de vales recortada pela rede fluvial.
Questões de ordem cultural, microclimas, tipos de vinho e modos de condução das vinhas levaram à divisão da Região Demarcada dos Vinhos Verdes em nove sub-regiões: Amarante, Ave, Baião, Basto, Cávado, Lima, Monção e Melgaço, Paiva e Sousa.

Em Ponte da Barca, vila que pertence à sub-região de Lima, podemos destacar a animação, artesanato, folclore e gastronomia de requinte como uns dos principais pontos atractivos da vila. A praia fluvial é um ponto de atracção para vários turistas que podem desfrutar de um espaço verde agradável para realizar piqueniques e conviver, uma vez que tem uma zona preparada com mesas em pedra numa zona com árvores e, se a temperatura convidar, realizar desportos náuticos e banharem-se nas águas do Rio Lima.
Na gastronomia de Ponte da Barca encontra-se o mais tradicional sabor, fruto da utilização dos mais variados e ricos produtos da região para a confecção de diversas especialidades. Destacam-se o Cozido à Portuguesa, o Sarrabulho, as Papas de Sarrabulho, o Cabrito da Serra Amarela e a Posta Barrosã, nas carnes; a Lampreia, o Sável e a Truta, nos peixes. Ao longo do ano realizam-se fins-de-semana gastronómicos nos restaurantes típicos da região onde as pessoas podem desfrutar de um sabor único e característico da gastronomia barquense e experimentar o vinho verde branco de colheita seleccionada, ou os famosos vinhos verdes branco ou tinto Terras da Nóbrega, da Adega Cooperativa de Ponte da Barca.
Habitualmente, no mês de Maio, realiza-se a Festa das Tradições que reúne as Associações do Concelho num fim-de-semana de recriação e revalorização das tradições de Ponte da Barca. Podemos esperar muita alegria e danças tradicionais, folclore, e apresentação de uma gastronomia tradicional acompanhada do vinho verde da Adega Cooperativa ou o denominado “caseiro”.
Em Agosto, na Romaria de São Bartolomeu de 19 a 24 de Agosto, a feira de artesanato e as denominadas “tasquinhas” de produtos regionais voltam a ser um centro de atracção para quem procura experimentar e desfrutar dos produtos tradicionais que a vila tem para oferecer.
No mês de Outubro, para celebrar um dos momentos maiores da vida rural, As Vindimas, temos a Festa das Vindimas.
Em Ponte da Barca pode encontrar espaços culturais, História e Património, Natureza e lazer (Parque Nacional da Peneda-Gerês) e animação. Uma vila calma, com paisagens indescritíveis e com inúmeras tradições que vale experimentar ou viver.

Ana Margarida Pereira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular Economia Regional do 3º ano da Licenciatura em Economia da EEG/UMinho]

Uma sociedade ao abrigo dos programas de planeamento do território


Nos dias que correm, o planeamento do território é considerado um dos pilares fundamentais ao desenvolvimento coeso de determinado município. Este processo mostra-se decisivo na prevenção e resolução dos problemas urbanos. Através de um conhecimento aprofundado da realidade física e humana procura-se gerir a utilização do espaço de forma equilibrada, aproveitando-se as potencialidades com o intuito de promover as condições de vida adequadas às necessidades da população.
O PDM - Plano Director Municipal - é um dos instrumentos de gestão territorial que fixa as linhas gerais de ocupação do território municipal. De carácter dinâmico, necessita de revisão num período máximo de 10 anos. Aquando da sua revisão, cabe à população apresentar a sua visão do meio urbano e as suas ideias para o futuro. Torna-se, então, possível a definição de novas estratégias que se enquadrem da melhor forma com as mudanças das necessidades da população e potencializem as suas potencialidades. A elaboração do PDM deverá ter em vista um território organizado, uma sociedade coesa, um sistema urbano moderno, um meio ambiente como factor de bem-estar e oportunidade.
            Outros instrumentos essenciais no planeamento do território, são os Planos de Pormenor. Estes caracterizam e desenvolvem propostas de organização espacial de qualquer área específica do concelho, definindo com detalhe a forma de ocupação. Os projectos de execução de infra-estruturas, da arquitectura dos edifícios e dos espaços exteriores, têm como suporte estes planos, complementados pelas prioridades estabelecidas nos PDM.
Hoje em dia a União Europeia defende como prioridade de discussão o ordenamento do território e do meio ambiente. Neste sentido, são abraçadas medidas no que se refere a requalificação e valorização ambiental das cidades. O Programa Polis – Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades, resulta de uma sociedade entre o Estado (Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e do Ambiente) e as câmaras municipais das várias cidades em que intervem. Como principais objectivos surgem: a requalificação urbana valorizando-se o ambiente envolvente; o incentivo à criação de espaços verdes, áreas pedonais; e por fim, a promoção de uma diminuição do tráfego automóvel no centro das cidades.
No que se refere à reabilitação e requalificação dos espaços urbanos, ainda contamos com o apoio de mais programas essenciais, apesar de menos conhecidos. O programa PRAUD, o RECRIA, o REHABITA e o RECRIPH são exemplos de programas que estão ao dispor das Câmaras Municipais para reabilitar e requalificar as cidades promovendo sempre a valorização ambiental e o aumento da qualidade de vida dos cidadãos.
No entanto, nas suas tomadas de decisão de construção de novas infra-estruturas, as autarquias nem sempre seguem devidamente o suposto planeamento do território em vigor. Um mau exemplo de planeamento da cidade de Braga é o Vale de Lamaçães. Temos nesta zona um inconfundível excesso de habitações que desvaloriza e impossibilita a criação de espaços verdes, praças, parques, entre outros equipamentos de lazer que possam melhorar a qualidade de vida dos seus residentes.
Um eficaz planeamento torna-se útil para promover um meio urbano agradável e organizado, onde o que realmente deverá ser salvaguardado em qualquer decisão política é o bem-estar dos cidadãos. Sem dúvida alguma que o planeamento do território poderá ser uma arma de defesa e combate para a sociedade, podendo na minha opinião, evitar imensos problemas futuros e até resolver alguns já passados.

 Joana da Silva Araújo 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular Economia Regional do 3º ano da Licenciatura em Economia da EEG/UMinho]

Programa Polis – um refúgio urbano


Com o decorrer dos anos, Portugal tem-se tornado um país diferente no que se refere á organização do seu tão cobiçado território ambiental. Esta mudança é o reflexo dos fortes processos de transformação da estrutura económica e social, que têm conduzido a uma reorganização dos centros urbanos. Da mesma forma, as expectativas para a qualidade de vida deixam de se limitar à oferta de serviços e infra-estruturas básicas. Essa qualidade da vida passa a depender dos atributos dos espaços públicos e da capacidade de valorização dos elementos ambientais. A requalificação e sustentabilidade urbana, juntamente com a valorização ambiental das cidades portuguesas são também factores-chave nos dias que correm. Em resultado deste progresso de evolução que assistimos no nosso país, arrastou-se um vasto conjunto de problemáticas próprias. Assim, reconhecida a importância de agir contra estes efeitos negativos, em 2000 foi criado o Programa Polis. O Programa foi concebido para ter um efeito indicativo daquilo que é fundamental alterar no panorama ambiental e urbanístico das cidades e, simultaneamente, estabelecer um motor de desenvolvimento local e regional, fortalecendo o Sistema Urbano Nacional.
Como principais objectivos temos: requalificar os centros urbanos tendo sempre em conta a valorização ambiental; promover a multi-funcionalidade e revitalizar as cidades desenvolvendo acções que contribuam para tal; melhorar a qualidade do ambiente urbano e valorizar a presença de elementos ambientais (frentes de rio); e por fim, aumentar os espaços verdes, as áreas pedonais e diminuir o tráfego automóvel no interior das cidades apoiando iniciativas que contribuam para tal. É importante realçar que este programa tem como função essencial criar Planos de Pormenor conforme as necessidades das cidades em questão e colocá-los em discussão pública visando a sua publicação no Diário da República. As iniciativas apoiadas focam-se essencialmente em quatro propósitos: as Cidades Verdes, as Cidades Digitais, as Cidades do Conhecimento e do Entretenimento e as Cidades Inter-geracionais.
Numa primeira fase, foram realizadas 18 intervenções de forma a satisfazer um conjunto de situações consideradas particularmente relevantes e demonstrativas. Numa fase seguinte, através de concurso nacional, foram seleccionadas 10 outras intervenções. No conjunto das suas componentes, no âmbito do Programa Polis foram desenvolvidas 40 intervenções em 39 cidades distribuídas pelo continente e ilhas que envolveram um investimento total directo de cerca de 1,173 mil milhões de euros. É importante referir que o Programa Polis é o efeito de uma sociedade entre o Estado (Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e do Ambiente) e as câmaras municipais das várias cidades em que intervem, sendo que o primeiro órgão contribui com 60% do capital e as autarquias locais com os restantes 40%. Deste modo, para além dos fundos comunitários, constituem fontes de financiamento para as acções a desenvolver pelo Programa Polis, o financiamento autárquico e da Administração Central e ainda o financiamento empresarial público ou privado.
Falando da cidade de Viana do Castelo, que, no âmbito do programa Polis, incrementou e requalificou as áreas pedonais, conseguindo valorizar e requalificar o seu centro histórico e a sua oferta à própria população. Paralelamente o mobiliário e equipamentos urbanos foram melhorados e uniformizados. Esta cidade foi ainda palco de grandes preocupações ao nível do estabelecimento de critérios e prioridades para a recuperação dos edifícios e dos espaços públicos. Várias acções foram do mesmo modo desenvolvidas com o intuito de valorizar a proximidade dos três ecossistemas naturais presentes (mar, rio e serra) e produzir o seu cruzamento com a cidade. Procurou-se também diminuir a circulação automóvel no centro histórico e, ao mesmo tempo, alargar e consolidar a rede de circuitos pedonais. Podemos ainda referenciar a definição, como uma das prioridades, da construção e integração paisagística do Parque da Cidade e respectiva dotação em equipamentos diversos para lazer.
O prédio Coutinho, em Viana do Castelo, é um exemplo do que não deveria ser feito ao abrigo deste programa, e que, tendo sido executado, está merecer de modificações. As grandes dimensões do imóvel ficam descontextualizados com o meio envolvente, sendo assim considerado como um atentado paisagístico à própria cidade. A autarquia tem em vista a demolição do prédio ao abrigo do Programa Polis. No entanto, este processo é moroso por causa dos residentes do prédio.
Não querendo estar a repudiar os aspectos positivos do programa, há quem refira que este acarreta vários problemas decorrentes do seu desenvolvimento ou má administração. Estes problemas devem ser corrigidos em intervenções futuras, e vão desde a própria concepção do programa, ao desenvolvimento abrupto do imobiliário e de solos, ou até à abrangência da política urbana. Da mesma forma, não sabemos até que ponto a requalificação de determinadas áreas irá afectar a vida da população nas áreas de intervenção do Polis. Certamente que nem sempre as suas iniciativas e acções vão de encontro com o agrado dos cidadãos.
Sem dúvida que o Programa Polis foi o maior programa de requalificação feito em Portugal até então, tendo envolvido um conjunto muito diversificado de acções. A estratégia decretada para cada cidade foi deliberada tendo como objectivo o reforço da identidade de cada cidade e a sua atractividade, reforçando o seu papel no sistema urbano nacional. Logo, temos a obrigação de minimizar as consequências da crise e suas reduções orçamentais, neste projecto de grande valor.

Joana da Silva Araújo 


[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular Economia Regional do 3º ano da Licenciatura em Economia da EEG/UMinho]

terça-feira, dezembro 20, 2011

ERSA 2012 Congress Bratislava

52nd European Congress of the Regional Science Association

 Key Dates for the call:
 * Open submission of abstracts and papers: 10 January 2012
 * Deadline of submission of abstracts and Papers (for R-sessions Young Scientist Sessions, and Special Sessions): 17th February 2012

 Preliminary information on the general themes and the topics of the special sessions are already available on our congress page.

(reprodução parcial de mensagem que me caiu entretanto na caixa de correio electrónico, com a proveniência identificada)

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Vista Alegre

A marca Vista Alegre foi criada a partir de um sonho de José Ferreira Pinto Basto no século XIX. Sendo já na altura destacado o seu reconhecimento pelo sucesso da fábrica de vidro da Marinha Grande, decidiu então criar uma fábrica de “porcelanas, vidro e processos químicos”. Encontra-se edificada em Ílhavo, distrito de Aveiro, região Centro e sub-região do Baixo Vouga.
O fundador foi uma individualidade em múltiplos aspectos: negociante, industrial, lavrador e político. Era essencialmente um homem protector das artes, da instrução e das instituições de caridade. Todas estas preocupações levaram-no a ocupar um lugar de destaque na sociedade portuguesa do século XIX.
A visita à fábrica de Porcelana da Vista Alegre dá-nos a oportunidade de descobrir os segredos de fabrico desta arte centenária, visto conhecermos um das mais prestigiadas indústrias cerâmicas nacionais. Essa visita permite-nos acompanhar o produto cerâmico desde as fases iniciais de produção até ao produto final, valorizando toda a qualidade técnica e artística que concederam a esta marca um lugar de destaque a nível nacional e internacional. Apercebê-mo-nos que a pasta de porcelana é composta essencialmente por três minerais: argila, quartzo e feldspato. A argila é responsável por conferir à pasta translucidez e brancura; o feldspato é fundamental no processo de cozedura e, por fim, o quartzo funciona como o elemento fundamental para a formação do “esqueleto” das peças.
Pelo simples facto de se ter tornado uma marca de renome, com bastante importância na economia portuguesa, houve a necessidade de criarem um museu de forma a exporem a sua história e as principais peças.
O museu histórico da Vista Alegre foi inaugurado no ano de 1964. Com a orientação de Gustavo Ferreira Pinto Basto, administrador entre 1881 e 1921, houve a recolha de objectos que se encontravam dispersos pelas dependências da empresa. Em 1920 surgiram as primeiras instalações, contudo, apenas foi aberto ao público na década de 60 do século XX como já referi. Este encontra-se integrado no complexo da fábrica de Porcelana da Vista Alegre, ocupando uma das antigas alas de oficinas da empresa.
Neste museu encontram-se expostas colecções que se relacionam com a história e desenvolvimento da fábrica, desde a sua fundação ate à actualidade. São igualmente considerados objectos de estudo testemunhos materiais ligados à evolução social, cultural e económica do lugar da Vista Alegre.
Por outro lado, a especificidade do local onde se encontra integrado o museu, confere-lhe um papel determinante na salvaguarda e construção de uma história local e regional, através da conservação de evidências de uma memória colectiva ligada ao espaço físico e social do Bairro da Vista Alegre e seus habitantes.
Este pode ser visitado entre as terças e sextas-feiras das 9h às 18h e sábados e domingos das 9h às 17h, com o preço por indivíduo de 2,5€ e seniores/estudantes 1,25€.
Existe também uma capela, um palácio e um teatro associado a esta marca. A capela foi mandada edificar no final do século XVII pelo Bispo de Miranda, sendo conhecida pela capela da Nossa Senhora da Penha de França. É um edifício imponente e de bela arquitectura, na fachada encontra-se uma imagem em pedra ricamente trabalhada e no interior destacam-se os azulejos setecentistas. Foi adquirida em hasta pública a 26 de Outubro de 1816 e classificada Monumento Nacional no ano de 1910.
O palácio, começado a construir no século XVIII, rodeado de belos jardins e com um terraço sobre a ria de Aveiro, foi a morada de sete gerações da família Pinto Basto, fundadora da marca. Hoje em dia é utilizado para hospedar os convidados da Vista Alegre que visitam a fábrica ou visitantes distintos em dias de festa e reuniões de negócios.
Por fim, o teatro foi criado para entretenimento e valorização cultural dos trabalhadores e habitantes do bairro social. Foi inaugurado quase ao mesmo tempo que a fábrica, e reconstruído/decorado em 1851, com tectos adornados e cortinas enfeitadas. A última vez que foi remodelado foi em 1970. Este teatro teve actividade reduzida durante alguns anos mas em 1998 foi recuperado e reaberto, hoje em dia, é utilizado por um grupo de teatro amador composto por trabalhados da fábrica.
Uma curiosidade interessante é o facto do corpo de Bombeiros Privativo da Vista Alegre, criado a 1 de Outubro de 1880, ser o mais antigo corpo privativo do país. Também os primeiros equipamentos do comando são verdadeiras peças de museu: bombas de água manuais puxadas por duas mulas, estranhos extintores, dois jipes, entre outros.
Concluindo, esta marca realmente representou uma grande projecção do nome de Portugal para o exterior. Hoje em dia, as suas lojas encontram-se distribuídas por Portugal, Espanha, Angola e Moçambique. Também o surgimento da vila Vista Alegre criou os elementos necessários que uma sociedade procura para se sentir confortável, por exemplo, um lugar de culto, a igreja, e um lugar de ócio, o teatro. Distingue-se desde logo, de todas as outras vilas industriaIs criadas apenas com o intuito dos trabalhadores se encontrarem mais perto das empresas e não desperdiçarem tanto tempo, apenas eram vistos como maquinas para os seus superiores.

Ana Isabel Miranda

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular Economia Regional do 3º ano da Licenciatura em Economia da EEG/UMinho]

Produtos “Made in Portugal”

A liberalização das trocas comerciais provocou grandes danos na economia portuguesa, pois Portugal não consegue competir com algumas economias emergentes, nomeadamente do continente asiático, ao nível do preço dos produtos. Desta forma, a indústria portuguesa começou a enfraquecer tanto nas exportações como no consumo nacional dos seus próprios produtos.
Em termos de consumo nacional, o objectivo é criar um novo estado de espírito na sociedade portuguesa, valorizando a produção nacional, a criatividade, o empreendedorismo, o trabalho, o esforço e a determinação. De facto, se tivéssemos o cuidado de procurar alternativas portuguesas, cada vez que vamos às compras, haveria mais emprego, mais investimento, menos exportações e, provavelmente, menos carga fiscal. Mas, mais grave do que não comprar português é comprar estrangeiro sem ter dinheiro para o fazer. A verdadeira razão da crise portuguesa não é o desequilíbrio das contas do Estado, mas o endividamento privado. Desta forma, a problemática surge no consumismo, isto é, já não conseguimos produzir riqueza suficiente para pagar as nossas dívidas.
Quanto ao sector exportador, já não basta fazer melhor e por um preço reduzido, é necessário apostar na diferença dos produtos que exportamos, aproveitando assim as especificidades de cada região do território português. É necessário mudar o perfil das exportações portuguesas, criando condições de competitividade que permitam às empresas posicionarem-se no mercado mundial. A estratégia é relativamente simples: temos que exportar promovendo o prestígio da marca “made in Portugal”, ou seja, temos que nos especializar e maximizar a escala, a eficiência e a qualidade. Por outras palavras, é importante que Portugal adopte um modelo que incorpore um maior valor acrescentado ao produto.
Torna-se então evidente a necessidade do abandono da produção de produtos que se confrontam com uma maior concorrência internacional, sendo importante aproveitar produtos inovadores, que valorizem os recursos nacionais e as características de cada região. O objectivo é promover a sobrevivência da economia portuguesa num contexto internacional e, de certa forma, impulsionar o desenvolvimento regional.
Surge aqui, a pertinência do papel da certificação de produtos tradicionais de qualidade, que diferencia e protege os produtos típicos/tradicionais das regiões, dos produtos similares produzidos por operadores externos, criando assim uma imagem de marca. Estes instrumentos valorizam um produto no mercado, devido à sua origem geográfica e ao seu modo de produção. É de salientar ainda, que os produtores que optam pelo uso da certificação aumentam consideravelmente o preço de venda do seu produto.
É de referir ainda que, segundo o PORDATA, as exportações de bens tem vindo, ao longo dos anos, a aumentar gradualmente o seu valor, tendo registado em 2010, 36.894.991 milhares de euros. Já as importações tem observado um maior aumento, de ano para ano, tendo então registado em 2010, 54.825.603 milhares de euros. É de notar então, uma balança comercial deficitária a nível dos bens, contudo, nos últimos dois anos esta tem vindo a diminuir.
É necessário criar uma “imagem de marca” do país, que diferencie os seus produtos dos produtos concorrentes e incorporar as características endógenas das regiões, promovendo o seu desenvolvimento. Devemos apresentar um produto de maior valor acrescento (de qualidade) e distinto dos outros existentes no mercado internacional.

Ana Sofia Ferreira Fernandes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do curso de Economia (1.º ciclo) da EEG/UMinho]

sexta-feira, dezembro 16, 2011

Recursos Humanos e Desenvolvimento Regional

Em Portugal verifica-se uma tendência gradual para o aumento do crescimento das grandes áreas urbanas. Tal facto verificou-se com a alteração das estruturas demográficas em virtude da persistência dos movimentos internos da população em direcção às cidades do litoral e às bacias de emprego existentes em torno daqueles centros urbanos, levando este agravamento das assimetrias regionais e espaciais a uma desarticulação progressiva entre territórios.
Um estudo efectuado às regiões NUTS II da UE mostra uma correlação positiva entre os níveis de educação mais elevados e o nível de rendimento per capita, i.e, quanto mais baixo o nível de educação mais baixa será a taxa de emprego. Assim, o investimento em capital humano impõe-se como fundamental para o desenvolvimento regional, mais ainda na era da globalização, onde a competitividade exige capacidade de actuação mas, simultaneamente, é geradora de oportunidades até então inacessíveis.
A formação de recursos humanos é vista como um dos pilares fundamentais da modernização humana, cultural, económica e social dos países. Para tanto terá contribuído o alargamento da rede de formação de ensino superior, universitário e politécnico, público e privado, que durante o último quartel do século XX se registou em todo o território nacional e que desempenharam um papel vital no apetrechamento e contínuo aperfeiçoamento das lideranças regionais capazes de romper o círculo vicioso do subdesenvolvimento interior.
Tendo presente o contributo do ensino superior, na formação de recursos humanos, parece fundamental realçar que esta acção é tanto maior quanto mais aprofundadas e orientadas forem as aprendizagens para as necessidades produtivas locais, contribuindo assim para a mobilização eficaz da totalidade dos recursos endógenos em cada região.
Portanto, para um desenvolvimento sustentado das regiões, importará reforçar não só a adequação dos cursos existentes ao tecido económico e produtivo regional mas ainda implementar a capacidade do sistema educativo para desempenhar um papel de relevo no processo de modernização humana, social e económica, agindo como elemento facilitador do processo de inovação empresarial e da atracção de novos habitantes.
Com a aproximação da escola ao mercado de emprego podem-se justificar os enormes investimentos em prol da educação e da formação com vista à satisfação das necessidades crescentes de mão-de-obra qualificada. No entanto, actualmente e ao contrário do esperado, tem-se verificado o encerramento de diversas escolas, tanto em localidades mais isoladas como nos grandes centros urbanos. Isto poderá levar ao aumento do abandono escolar, não sendo vantajoso para o desenvolvimento regional, dada a relação entre educação e o próprio desenvolvimento regional estabelecido anteriormente.
Paralelamente, a promoção da mobilidade dos diplomados contribuiria para uma deslocação do litoral para o interior, já que é de prever a fraca fixação dos jovens em áreas mais repulsivas ou dotadas de menores índices de crescimento económico e demográfico. Este facto leva-nos a colocar algumas reservas à capacidade destes territórios promoverem o seu desenvolvimento endógeno, a partir do aproveitamento dos recursos humanos (de nível universitário) e da fixação de diplomados oriundos dessas áreas ou mesmo de outras áreas de origem.
Embora existindo uma relação forte entre a educação e a economia, a educação não se assume como factor indispensável à sua acção, quer adequando a mão-de-obra ao sistema de emprego e tecnológico, quer socializando os comportamentos exigidos pelo sistema produtivo e pelo sistema de disfuncionalidades, como é o caso do desemprego.
O ambiente competitivo em que assenta, actualmente, o funcionamento das economias, exige ter em atenção o potencial de cada região, pelo que, a prestação de serviços públicos deve, pois, liderar/orientar os investimentos privados, no sentido de um melhor aproveitamento dos recursos existentes.

Cláudia Marília Vilariça dos Santos

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular Economia Regional do 3.º ano da Licenciatura em Economia da EEG/UMinho]

Alvarinho: a marca de uma região

Nascido num território único no mundo. Proveniente de uma casta singular que só cresce na Península Ibérica. Fruto de uma produção muito limitada e, por isso, exclusiva. Criado por homens que amam o culto da vinha e a excelência do vinho. Assim é o Alvarinho. Com um paladar leve e fresco, cor citrina e aroma delicado. Uma riqueza de extrema raridade. Um vinho tipicamente português, a casta alvarinho é uma das mais importantes variedades da Região dos Vinhos Verdes e um dos mais premiados internacionalmente.
Alvarinho é uma casta branca da espécie da Vitis vinífera originária do Noroeste da Península Ibérica. É uma casta branca de enorme nobreza e produz vinho de elevadíssima qualidade. Actualmente é plantada em diversas regiões de Portugal e do Mundo, mas é na sub-região de Monção e Melgaço que se revela e atinge o máximo das suas potencialidades.
Sendo Monção uma vila com tradições no cultivo da vinha, não é de estranhar que o vinho alvarinho seja originário de Monção. Nos últimos anos Melgaço tem-se destacado pela excelente qualidade dos seus vinhos e também pela correcta implementação do conceito do enoturismo, facto que lhe valeu a inclusão no nome da sub-região que era originalmente de Monção.
A localização geográfica das duas vilas, é caracterizada por um microclima único, por ser um clima temperado com Invernos frios e chuvosos e um Verão seco e ameno. Nessas regiões existiam, em 2006, cinquenta engarrafadores de vinho Alvarinho, cerca de 82%. As empresas sedeadas na Sub-região de Monção e Melgaço são responsáveis por 78% das 76 marcas presentes no mercado.
A Festa do Alvarinho e do Fumeiro decorre todos os anos por volta de Abril desde 1994 e é organizada pela câmara de Melgaço de forma a promover os produtos típicos da região, entre eles o alvarinho.
A região tem aproveitado para através do alvarinho para dar-se a conhecer, mostrando que tem outros pontos de interesse para além do alvarinho. Desta forma tenta atrair turismo e novos investidores para a região. Temos o enoturismo, que abrange muito mais do que apenas beber vinho, é também uma divulgação de toda a cultura local, paisagens, para além de acrescentar dinâmica ao comércio local.
Outro dos pontos de interesse é a gastronomia muito rica e também muito apreciada, sendo classificada como “Património Nacional” que “casa” muito bem com o excelente vinho. Podemos mesmo dizer que tanto o vinho como a gastronomia são muito bons separadamente, mas em conjunto são perfeitos.
Para além disto ainda tem muitos lugares de interesse, como os vários percursos pedestres (pontes, marcas românicas, megalitismo), o Parque Nacional da Peneda-Gerês, as pesqueiras do Rio Minho, tudo locais a visitar.
Sendo duas vilas muito antigas, têm também elas os seus castelos, significando as importância destas no passado e guardando neles imensas histórias e toda a cultura de uma região.
Os mais aventureiro têm à disposição um conjunto enorme e variado de actividades desportivas e lazer, para usufruírem de toda a região e fazendo desporto ao mesmo tempo. A região tem um enorme leque de desportos radicais que se podem praticar, fazendo-se valer das excelentes paisagens que tem em sua volta e do rio Minho. Tem ao dispor vários parques de lazer, óptimos para pic-nic e passeios em família. Dispõe de um centro termal para quem quiser relaxar e descontrair aproveitando as suas potencialidades terapêuticas.
Esta é uma região com imenso potencial que encontrou nela qualidades que lhe possibilitem crescer e desenvolver-se, sendo um bom exemplo do que melhor se faz e de que quando as pessoas acreditam nas suas qualidades e capacidades são capazes de fazer bem.

Marco Mota

[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]