Actualmente, assiste-se a uma conjuntura em que
as economias são dominadas pelo fenómeno da globalização, ou seja, o destino de
cada país é condicionado pelos acontecimentos mundiais, e torna-se necessário
ter em conta essa realidade ao se tratar o desenvolvimento rural.
Desenvolvimento
rural é um conceito que possui uma multiplicidade de noções, o que dificulta a
sua operacionalização através de políticas, programas e projectos promovidos
directa ou indirectamente pelo Governo. Este conceito pode ser entendido como a
melhoria das condições de vida das pessoas residentes nas áreas e regiões
rurais, através de processos sociais que respeitem e articulem os princípios de
eficiência económica, equidade social e territorial, qualidade patrimonial e
ambiental, sustentabilidade, participação democrática e responsabilidade
cívica.
Ao
longo dos tempos, assistiu-se ao acentuar das divergências entre os mundos rural
e urbano e à ocorrência de enormes ondas de êxodo rural, isto é, a procura de
melhores condições de vida nos meios urbanos pela falta de empregos nos meios
rurais. Contudo, foi nas últimas duas décadas que se acentuaram estes
problemas, levando a que os meios rurais estejam a ficar abandonados e se
avolumem problemas de exclusão social nos meios urbanos, já que estes não
absorvem toda a oferta de trabalho, levando à crescente degradação das
condições de vida nestes meios.
Apesar
destes problemas, a atenção dada aos meios rurais é por vezes pouco clara por
parte dos poderes políticos centrais, visto que apenas se verificam um conjunto
de políticas apoiadas em programas de desenvolvimento regional com bons
fundamentos conceptuais mas com baixas comparticipações. Então, para colmatar
esta escassez de políticas que visam o desenvolvimento rural, os governos devem
criar políticas de reestruturação da agricultura que fomentem avanços
tecnológicos, aumentos na intensidade da produção e a sua concentração em
unidades maiores, produção mais especializada e aumentos na escala das
explorações, incorporação da agricultura na fileira agro-industrial, atracção
de mão-de-obra jovem para a agricultura e a importância crescente de
estratégias pluriactivas e inviabilização socioeconómica de certos sistemas de
produção.
Tendo
como base as políticas enunciadas, o
desenvolvimento rural deve ser efectuado na perspectiva de que as realidades
nos meios rurais são imensas, tanto em termos económicos, como sociais,
estruturais e institucionais. Como tal, deve-se apostar na diversificação das
actividades em meios rurais, onde a agricultura é uma actividade a preservar
tanto por razões económicas como sociais. Esta diversificação de actividades em
meios rurais é vantajosa para a criação de postos de trabalho e para a melhoria
das condições de vida dos residentes, permitindo assim a fixação das populações
libertadas pela agricultura em face do crescimento económico. Para além da
aposta na diversificação das actividades, também se deve apostar na formação de
agentes de desenvolvimento rural e no desenvolvimento de projectos de cooperação
transnacional, no sentido de se trocarem experiências importantes no
desencadear de um processo de desenvolvimento de meios com características tão
específicas como são os mundos rurais, e de se procurar acabar com a separação
entre o rural e o urbano. Outra forma de fomentar o desenvolvimento rural é a
conciliação das actividades agrárias com outras que podem ser desenvolvidas em
meio rural, como o artesanato, o turismo rural, o turismo de habitação e as
actividades ambientais, que vão permitir garantir rendimentos e fixar as
populações nos mundos rurais, diversificando desta forma as actividades
económicas e preservando valores culturais, sociais e ambientais.
De uma forma geral, verifica-se que subsiste uma problemática
de acentuação do fosso entre o rural e o urbano, embora os usos do espaço rural
tenham evoluído e tenham surgido novas aptidões que têm contribuído para
redefinir o mundo rural. Portanto, para contrariar esta tendência, é necessário
que sejam criadas e implementadas políticas específicas que se direccionem para
o desenvolvimento rural sustentável.
Márcio
David Gonçalves Bermudes
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3.º ano do curso de Economia (1.º
ciclo) da EEG/UMinho]
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