quinta-feira, dezembro 22, 2011

Desenvolvimento Rural


Actualmente, assiste-se a uma conjuntura em que as economias são dominadas pelo fenómeno da globalização, ou seja, o destino de cada país é condicionado pelos acontecimentos mundiais, e torna-se necessário ter em conta essa realidade ao se tratar o desenvolvimento rural.
            Desenvolvimento rural é um conceito que possui uma multiplicidade de noções, o que dificulta a sua operacionalização através de políticas, programas e projectos promovidos directa ou indirectamente pelo Governo. Este conceito pode ser entendido como a melhoria das condições de vida das pessoas residentes nas áreas e regiões rurais, através de processos sociais que respeitem e articulem os princípios de eficiência económica, equidade social e territorial, qualidade patrimonial e ambiental, sustentabilidade, participação democrática e responsabilidade cívica.
            Ao longo dos tempos, assistiu-se ao acentuar das divergências entre os mundos rural e urbano e à ocorrência de enormes ondas de êxodo rural, isto é, a procura de melhores condições de vida nos meios urbanos pela falta de empregos nos meios rurais. Contudo, foi nas últimas duas décadas que se acentuaram estes problemas, levando a que os meios rurais estejam a ficar abandonados e se avolumem problemas de exclusão social nos meios urbanos, já que estes não absorvem toda a oferta de trabalho, levando à crescente degradação das condições de vida nestes meios.
            Apesar destes problemas, a atenção dada aos meios rurais é por vezes pouco clara por parte dos poderes políticos centrais, visto que apenas se verificam um conjunto de políticas apoiadas em programas de desenvolvimento regional com bons fundamentos conceptuais mas com baixas comparticipações. Então, para colmatar esta escassez de políticas que visam o desenvolvimento rural, os governos devem criar políticas de reestruturação da agricultura que fomentem avanços tecnológicos, aumentos na intensidade da produção e a sua concentração em unidades maiores, produção mais especializada e aumentos na escala das explorações, incorporação da agricultura na fileira agro-industrial, atracção de mão-de-obra jovem para a agricultura e a importância crescente de estratégias pluriactivas e inviabilização socioeconómica de certos sistemas de produção.
            Tendo como base as políticas enunciadas, o desenvolvimento rural deve ser efectuado na perspectiva de que as realidades nos meios rurais são imensas, tanto em termos económicos, como sociais, estruturais e institucionais. Como tal, deve-se apostar na diversificação das actividades em meios rurais, onde a agricultura é uma actividade a preservar tanto por razões económicas como sociais. Esta diversificação de actividades em meios rurais é vantajosa para a criação de postos de trabalho e para a melhoria das condições de vida dos residentes, permitindo assim a fixação das populações libertadas pela agricultura em face do crescimento económico. Para além da aposta na diversificação das actividades, também se deve apostar na formação de agentes de desenvolvimento rural e no desenvolvimento de projectos de cooperação transnacional, no sentido de se trocarem experiências importantes no desencadear de um processo de desenvolvimento de meios com características tão específicas como são os mundos rurais, e de se procurar acabar com a separação entre o rural e o urbano. Outra forma de fomentar o desenvolvimento rural é a conciliação das actividades agrárias com outras que podem ser desenvolvidas em meio rural, como o artesanato, o turismo rural, o turismo de habitação e as actividades ambientais, que vão permitir garantir rendimentos e fixar as populações nos mundos rurais, diversificando desta forma as actividades económicas e preservando valores culturais, sociais e ambientais.
De uma forma geral, verifica-se que subsiste uma problemática de acentuação do fosso entre o rural e o urbano, embora os usos do espaço rural tenham evoluído e tenham surgido novas aptidões que têm contribuído para redefinir o mundo rural. Portanto, para contrariar esta tendência, é necessário que sejam criadas e implementadas políticas específicas que se direccionem para o desenvolvimento rural sustentável.

Márcio David Gonçalves Bermudes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3.º ano do curso de Economia (1.º ciclo) da EEG/UMinho]

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