A liberalização das trocas comerciais provocou grandes danos na economia portuguesa, pois Portugal não consegue competir com algumas economias emergentes, nomeadamente do continente asiático, ao nível do preço dos produtos. Desta forma, a indústria portuguesa começou a enfraquecer tanto nas exportações como no consumo nacional dos seus próprios produtos.
Em termos de consumo nacional, o objectivo é criar um novo estado de espírito na sociedade portuguesa, valorizando a produção nacional, a criatividade, o empreendedorismo, o trabalho, o esforço e a determinação. De facto, se tivéssemos o cuidado de procurar alternativas portuguesas, cada vez que vamos às compras, haveria mais emprego, mais investimento, menos exportações e, provavelmente, menos carga fiscal. Mas, mais grave do que não comprar português é comprar estrangeiro sem ter dinheiro para o fazer. A verdadeira razão da crise portuguesa não é o desequilíbrio das contas do Estado, mas o endividamento privado. Desta forma, a problemática surge no consumismo, isto é, já não conseguimos produzir riqueza suficiente para pagar as nossas dívidas.
Quanto ao sector exportador, já não basta fazer melhor e por um preço reduzido, é necessário apostar na diferença dos produtos que exportamos, aproveitando assim as especificidades de cada região do território português. É necessário mudar o perfil das exportações portuguesas, criando condições de competitividade que permitam às empresas posicionarem-se no mercado mundial. A estratégia é relativamente simples: temos que exportar promovendo o prestígio da marca “made in Portugal”, ou seja, temos que nos especializar e maximizar a escala, a eficiência e a qualidade. Por outras palavras, é importante que Portugal adopte um modelo que incorpore um maior valor acrescentado ao produto.
Torna-se então evidente a necessidade do abandono da produção de produtos que se confrontam com uma maior concorrência internacional, sendo importante aproveitar produtos inovadores, que valorizem os recursos nacionais e as características de cada região. O objectivo é promover a sobrevivência da economia portuguesa num contexto internacional e, de certa forma, impulsionar o desenvolvimento regional.
Surge aqui, a pertinência do papel da certificação de produtos tradicionais de qualidade, que diferencia e protege os produtos típicos/tradicionais das regiões, dos produtos similares produzidos por operadores externos, criando assim uma imagem de marca. Estes instrumentos valorizam um produto no mercado, devido à sua origem geográfica e ao seu modo de produção. É de salientar ainda, que os produtores que optam pelo uso da certificação aumentam consideravelmente o preço de venda do seu produto.
É de referir ainda que, segundo o PORDATA, as exportações de bens tem vindo, ao longo dos anos, a aumentar gradualmente o seu valor, tendo registado em 2010, 36.894.991 milhares de euros. Já as importações tem observado um maior aumento, de ano para ano, tendo então registado em 2010, 54.825.603 milhares de euros. É de notar então, uma balança comercial deficitária a nível dos bens, contudo, nos últimos dois anos esta tem vindo a diminuir.
É necessário criar uma “imagem de marca” do país, que diferencie os seus produtos dos produtos concorrentes e incorporar as características endógenas das regiões, promovendo o seu desenvolvimento. Devemos apresentar um produto de maior valor acrescento (de qualidade) e distinto dos outros existentes no mercado internacional.
Ana Sofia Ferreira Fernandes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do curso de Economia (1.º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário