Podemos estar perante uma oportunidade única de afirmação e
desenvolvimento para estas 2 cidades que serão, neste ano que se inicia, focos
turísticos e pontos de atracção por receberem estes 2 eventos. Compete às
entidades responsáveis por estes projectos aproveitar a efemeridade dos mesmos
e conseguir extrair algo de duradouro, algo que continue a atrair pessoas às
cidades após os eventos.
Apenas muito recentemente foi conhecida a decisão favorável a Braga como Capital
Europeia da Juventude, assim sendo, ainda temos conhecimento de apenas algumas
iniciativas e planos para 2012.
A proposta apresentada pela Câmara Municipal de Braga
teve como ponto de partida o facto de 35% da população de Braga se encontrar
abaixo dos 26 anos de idade, tornando-a numa das cidades mais jovens da Europa.
O programa de actividades já revelado está centrado em temas como a
participação activa dos jovens na sociedade, espaços ao ar livre para cultura jovem,
espaços para aprendizagem informal conjuntamente com a promoção do diálogo
entre gerações. Pretende-se abordar de forma inovadora o emprego jovem que é
actualmente um problema da cidade e do país, e finalmente o multi-culturalismo
presente na cidade, participação activa dos estudantes do programa Erasmus e a
sua integração.
Entre os eventos já definidos, destacam-se os seguintes: “O Fórum
YWorld”, evento de abertura, que pretende dar a conhecer junto da comunidade
local a vida dos jovens nos seus países de origem, visa apontar soluções que
promovam a integração, a inclusão social e a protecção dos direitos humanos; o
festival “Music of the World” dará oportunidade a jovens músicos oriundos dos 5
continentes de representar as suas tendências musicais tradicionais; será ainda
criado o “Programa AtCampus” que oferecerá 27 bolsas de estudo a jovens
carenciados e não contemplados no programa Erasmus, em troca, os estudantes
agraciados relatarão as suas experiências num weblog; finalmente, pretende-se divulgar a história e cultura local
através do curso “Bracara from Augustus”.
Com a organização do evento, voltou novamente à baila a discussão acerca
da necessidade de construção de uma nova pousada da juventude na cidade, e esta
é vista como a oportunidade ideal para o fazer.
Por sua vez, Guimarães foi eleita para ser Capital Europeia da Cultura em
2012, uma forte aposta desta cidade histórica e cujo foco principal será a
regeneração social, urbana e económica da cidade apostando para isso na
reabilitação de edifícios públicos e privados que tenham interesse patrimonial,
assim como a requalificação das áreas urbanas. Há uma grande vontade de
promover um “encontro” de artistas e criações de vários pontos da Europa, dos
mais variados campos, música, cinema, fotografia, artes plásticas,
arquitectura, literatura, teatro, dança e artes de rua, e de oferecer uma
visita ao passado histórico, em conjugação com inovadoras experiências
culturais e criativas, o passado e o futuro. Foi criada a Fundação Cidade de
Guimarães para conceber, planear e promover este projecto, apoiada pela Câmara
e pelo Ministério da Cultura.
A preparação para este evento já se faz sentir na cidade, desde as obras
em curso de reabilitação de várias infra-estruturas da cidade, passando pelo
projecto inovador que ocorreu este ano “Guimarães noc noc” e que já nos deu uma
ideia daquilo que o evento de 2012 poderá trazer, introduzindo um novo conceito
de exposição artística, contacto directo e menos informal entre o público e as
obras. A arte foi exposta nas ruas, ateliers,
espaços públicos, ao invés do tradicional museu ou galeria. O projecto contou
com a participação de mais de 300 artistas de vários países e foi um exemplo de
criatividade e inovação e elucidativo da viabilidade de investir em cultura e
arte com baixo investimento.
E o baixo investimento é importante, porque num momento de crise como o
actual há algum receio na visão das pessoas em relação a estes 2 eventos. Os
organizadores destes eventos têm que ter isto em conta, e, ao mesmo tempo,
aproveitar estes eventos efémeros e conseguir efeitos mais permanentes, seja na
atracção em termos de turismo, que se pretende que se prolongue bem para lá de
2012, seja a nível interno, aproveitar os fundos disponibilizados para criar
oportunidades e oferecer soluções de futuro aos residentes numa altura em que o
desemprego, em especial o jovem, é muito elevado.
Por fim, de referir que a curta distância que separa as 2 cidades e
consequentemente os 2 eventos, poderia e deveria incitar a um esforço conjunto
e a uma maior interacção, podendo inclusivamente complementar e melhorar a
qualidade de ambos.
André Pimenta da Silva
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3.º ano do curso de Economia (1.º ciclo) da EEG/UMinho]
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