terça-feira, dezembro 27, 2011

2012: Braga Capital Europeia da Juventude e Guimarães Capital Europeia da Cultura

Podemos estar perante uma oportunidade única de afirmação e desenvolvimento para estas 2 cidades que serão, neste ano que se inicia, focos turísticos e pontos de atracção por receberem estes 2 eventos. Compete às entidades responsáveis por estes projectos aproveitar a efemeridade dos mesmos e conseguir extrair algo de duradouro, algo que continue a atrair pessoas às cidades após os eventos.
Apenas muito recentemente foi conhecida a decisão favorável a Braga como Capital Europeia da Juventude, assim sendo, ainda temos conhecimento de apenas algumas iniciativas e planos para 2012. A proposta apresentada pela Câmara Municipal de Braga teve como ponto de partida o facto de 35% da população de Braga se encontrar abaixo dos 26 anos de idade, tornando-a numa das cidades mais jovens da Europa.
O programa de actividades já revelado está centrado em temas como a participação activa dos jovens na sociedade, espaços ao ar livre para cultura jovem, espaços para aprendizagem informal conjuntamente com a promoção do diálogo entre gerações. Pretende-se abordar de forma inovadora o emprego jovem que é actualmente um problema da cidade e do país, e finalmente o multi-culturalismo presente na cidade, participação activa dos estudantes do programa Erasmus e a sua integração.
Entre os eventos já definidos, destacam-se os seguintes: “O Fórum YWorld”, evento de abertura, que pretende dar a conhecer junto da comunidade local a vida dos jovens nos seus países de origem, visa apontar soluções que promovam a integração, a inclusão social e a protecção dos direitos humanos; o festival “Music of the World” dará oportunidade a jovens músicos oriundos dos 5 continentes de representar as suas tendências musicais tradicionais; será ainda criado o “Programa AtCampus” que oferecerá 27 bolsas de estudo a jovens carenciados e não contemplados no programa Erasmus, em troca, os estudantes agraciados relatarão as suas experiências num weblog; finalmente, pretende-se divulgar a história e cultura local através do curso “Bracara from Augustus”.
Com a organização do evento, voltou novamente à baila a discussão acerca da necessidade de construção de uma nova pousada da juventude na cidade, e esta é vista como a oportunidade ideal para o fazer.
Por sua vez, Guimarães foi eleita para ser Capital Europeia da Cultura em 2012, uma forte aposta desta cidade histórica e cujo foco principal será a regeneração social, urbana e económica da cidade apostando para isso na reabilitação de edifícios públicos e privados que tenham interesse patrimonial, assim como a requalificação das áreas urbanas. Há uma grande vontade de promover um “encontro” de artistas e criações de vários pontos da Europa, dos mais variados campos, música, cinema, fotografia, artes plásticas, arquitectura, literatura, teatro, dança e artes de rua, e de oferecer uma visita ao passado histórico, em conjugação com inovadoras experiências culturais e criativas, o passado e o futuro. Foi criada a Fundação Cidade de Guimarães para conceber, planear e promover este projecto, apoiada pela Câmara e pelo Ministério da Cultura.
A preparação para este evento já se faz sentir na cidade, desde as obras em curso de reabilitação de várias infra-estruturas da cidade, passando pelo projecto inovador que ocorreu este ano “Guimarães noc noc” e que já nos deu uma ideia daquilo que o evento de 2012 poderá trazer, introduzindo um novo conceito de exposição artística, contacto directo e menos informal entre o público e as obras. A arte foi exposta nas ruas, ateliers, espaços públicos, ao invés do tradicional museu ou galeria. O projecto contou com a participação de mais de 300 artistas de vários países e foi um exemplo de criatividade e inovação e elucidativo da viabilidade de investir em cultura e arte com baixo investimento.
E o baixo investimento é importante, porque num momento de crise como o actual há algum receio na visão das pessoas em relação a estes 2 eventos. Os organizadores destes eventos têm que ter isto em conta, e, ao mesmo tempo, aproveitar estes eventos efémeros e conseguir efeitos mais permanentes, seja na atracção em termos de turismo, que se pretende que se prolongue bem para lá de 2012, seja a nível interno, aproveitar os fundos disponibilizados para criar oportunidades e oferecer soluções de futuro aos residentes numa altura em que o desemprego, em especial o jovem, é muito elevado.
Por fim, de referir que a curta distância que separa as 2 cidades e consequentemente os 2 eventos, poderia e deveria incitar a um esforço conjunto e a uma maior interacção, podendo inclusivamente complementar e melhorar a qualidade de ambos.

André Pimenta da Silva
                                                                                                             
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3.º ano do curso de Economia (1.º ciclo) da EEG/UMinho]

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