«Bom Dia Colegas e Amigos,
Espaço de divulgação e debate de ideias relativas ao planeamento do território, à economia do turismo e ao desenvolvimento regional.
domingo, março 28, 2021
COMUNICADO - X Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Regional
quinta-feira, março 25, 2021
Hierarquia de Consumo
A relação entre centros de comércio tem como princípio o livro
The Law of Retail Gravitation, de William Reilly. Correlacionando com a
lei da gravitação universal, esta teoria defende que o consumidor é mais ou
menos atraído a um centro de comércio através de uma relação inversa de
proporção entre a população do centro de comércio e o quadrado da distância
entre ambos. Este modelo criado em 1931, alvo de várias críticas que permitiram
desenvolver a teoria com avaliações de maior complexidade, contemplam mais variáveis
e aplicações em contexto real.
A realidade da atração entre polos (cidades), é hoje um
fator que está intrinsecamente relacionado com a capacidade de cada economia se
propagar no raio de incidência comercial. Quanto maior for a sua capacidade
comercial, maior serão as receitas, ceteris
paribus.
O fator distância e tempo de deslocação, são variáveis
justapostas por valores hierárquicos de consumismo. A procura poderá ser tão
exigente que adquirir certo produto poderá, de certa forma, anular o custo da
viagem pelo benefício da aquisição do pertence. Porém, a viagem é sempre tomada
em consideração como prejuízo. Segundo a revisão de Converse, em 1949, o
expoente da distância da cidade intermédia à cidade tenderá a fixar-se em 2,
quando anteriormente era compreendido entre 1,5 e 2,5 valores.
Nos primórdios da vida urbana, o
homem centrou as atividades comerciais no núcleo das cidades, atraindo
consumidores para o seu centro como maneira de adquirir bens e serviços. Deste
modo, gradualmente, na vida citadina esse núcleo central tornou-se um ponto
essencial para o fluxo interno, atraindo os residentes do local.
Ao contrário de zonas turísticas,
existem cidades que por si servem de propaganda própria, consideradas como megalópolis,
o expoente máximo da materialização física da urbanização em grande massa e
escala. Um dos grandes exemplos, destes casos, é a cidade de Nova Iorque. O seu
valor turístico passa a ser totalitário a partir do momento que será possível
percorrer a estrutura viária na malha quadrilátera de um bloco de prédios, ou
sentir a ascensão de cada quarteirão pelos ares, o que passa a ser tema de guia
turístico apresentando cada parcela da cidade. Manhattan apresenta-se congestionada anualmente por visitantes que
retratam a paisagem citadina pelos recantos da ilha, aglomerados utilizadores
espaciais e consumidores de serviços. A atração desta megalópolis é de escala
mundial, pelo fascínio de uma potência económica elevada pelos seus
investidores diários, sendo possível sentir a área de afeto do outro lado do
mar atlântico.
Esta atração de uma maior
população a frequentar determinado ponto geográfico a fim de adquirir produtos,
tem como base o modelo gravitacional da localização dos serviços comerciais, ceteris paribus. Naturalmente, se o
núcleo da cidade for maior, a sua área de abrangência aumenta e a sua
diversidade de compradores igualmente, não se restringindo só ao quadrilátero
urbano que compete territorialmente com cidades vizinhas. A sua escala de
influência económica transcende os oceanos.
Os locais de atração turística,
podem, então, ser espaços exclusivos de lazer, como usufruir da zona litoral de
um país, ou assumir o seu património como monumentalidade da parte histórica da
cidade. Porém, nem um nem outro se revelam possíveis perante a situação
pandémica que se instaura nos dias de hoje. No entanto, prevê-se que exista um
aumento significativo no fluxo interno de visitantes diários após o fim do
confinamento.
Em épocas sazonais, o turismo
causa congestionamento nas ruas mas, após alívio da situação de pandemia mundial,
as pessoas irão mediar a escolha de uma viagem futura pelo local mais próximo e
mais prazeroso, aplicando um modelo de pensamento diretamente ligado ao modelo
de Reilley.
Isto é, as decisões que os fluxos
populacionais tomarão serão determinadas pela sua capacidade económica para fugir a zonas de sobrepopulação sazonal. Mais uma vez, não só somos
condicionados pelo nosso raio de alcance monetário, como de interesse de saúde
sanitária individual. Certamente, não escolheríamos Times Square para passar a passagem de ano.
Vasco Mendes
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Urbana”, lecionada ao Mestrado Integrado em Arquitetura, da Escola de Arquitetura/UMinho)
quarta-feira, março 24, 2021
Visitação turística em Territórios Indígenas (Brasil)
No Brasil, a ideia de fazer “produtivos” os territórios dos povos originários sempre perspassou as políticas públicas e as iniciativas nacionais ou internacionais de exploração econômica. Foi com essa perspetiva que nas décadas de 50, 60 e 70 do século passado houve a política de arrendamento de terras indígenas para a produção agropecuária. Estes territórios tornaram-se espaços para o cultivo de monoculturas, como a soja, arroz e algodão, e para criação de gado. Outra justificativa usada para promover estes arrendamentos foi a possibilidade de gerar renda para os povos indígenas.
Conhecemos o resultado dessa empreitada económica que
mudou por completo as caraterísticas ambientas e os aspetos culturais das
comunidades “beneficiadas”. O capital gerado por estas atividades nos
territórios arrendados nunca chegou às contas bancárias dessas comunidades,
restando para elas apenas o espólio dos danos ambientais e socias.
O argumento de tornar produtivos os territórios indígenas
e gerar renda através do seu potencial económico volta à cena no início deste
século. A alternativa comercial agora é o modo de vida dos indígenas por meio
do turismo. Não é difícil encontrar a venda de pacotes para visitação de
aldeias que podem conter todo o tipo de oferta, desde o gozo das belezas
naturais “escondidas” à participação em danças e rituais tradicionais com
práticas de cura xamânicas.
O interesse pela cultura dos povos indígenas não é uma
novidade. Os museus se dedicaram à coleta, guarda, curadoria e exposição de
artefactos produzidos no seio dessas comunidades. Em muitos casos sobressai, na
narrativa museológica, o discurso acerca destes povos como habitantes de um
passado longínquo. De certa forma, é esse ser com seu modo de vida “primitivo”
que o turista quer encontrar na sua viagem. Desconhecendo ou ignorando os
processos históricos e os processos sociais desses povos como habitantes do hoje,
essa expectativa é quase sempre frustrada ou suprida com alguma performance que atenda aos desejos do
visitante.
A diferença principal entre a turistificação dos
territórios indígenas hoje e os arrendamentos do séc. XX é que o último foi
sobretudo uma medida compulsória com objetivos integralistas, enquanto a
primeira é do interesse de algumas comunidades e já é praticada nas cinco
regiões. Para atender essa demanda das comunidades que já turistificaram seus
territórios e outras que têm interesse em iniciar as visitações, a Fundação
Nacional do Índio (FUNAI) publicou a Instrução Normativa 03, de 11 de junho de
2015[1], que estabelece
normas e diretrizes relativas às atividades de visitação para etnoturismo e
ecoturismo.
Ainda que regulamentada a atividade turística em
territórios indígenas, o turismo informal é imperativo. Entre as razões para
manutenção da informalidade está a dificuldade das comunidades atenderem às
exigências da Instrução Normativa 03, como a apresentação de um plano e
relatórios de visitação, por falta de capacitação; outra razão é que a
regulamentação se restringe a permitir ou vedar a atividade proposta por
determinada comunidade, e não há um trabalho de fiscalização sobre estas
atividades. Ainda há a exploração de aldeias indígenas mais vulneráveis que
aceitam a visitação turística, geralmente proposta por um guia local que mantém
com a comunidade uma “boa” relação, em troca de alimentos, roupas usadas e até
bebidas alcoólicas. Nestas situações, o guia ou superior (podendo ser uma
agência de turismo local) recebem os pagamentos dos visitantes.
O escambo propagado pela informalidade mostra o quão
danosa pode ser a visitação nos territórios indígenas. Mas o objetivo aqui não é
demonizar o turismo nestes territórios. Em primeiro lugar, é perceber o quão
complexa esta atividade pode ser e apontar que não basta apenas legislar sobre
o tema para a tornar realizável. É preciso dar condições às comunidades
interessadas para desenvolverem a atividade de forma segura e autônoma.
O arrendamento das terras indígenas foi uma atividade com
investimento público, aplicada de forma compulsória e com intenções muito
claras de prejuízo das comunidades. Doutra feita, o turismo teria a
possibilidade de ser uma atividade de facto proveitosa para as comunidades.
Afinal, é necessário conhecer para respeitar e o turismo tem um potencial educativo,
com a possibilidade de promover uma experiência real das condições de vida da
aldeia visitada e dos processos históricos vivenciados por aquele povo que
recebe o turista.
Considerando os preceitos da Nova Museologia, cuja ideia
de museu ganha outra dimensão e todo território é em si um museu, a atividade
turística pode ser uma estratégia de preservação, resgate e promoção da
valorização destes povos pelo não indígena, contanto que seja exercida sem
folclorizar, sem esteriotipar, sem performar um indígena idealizado e, desta
maneira, promova o entendimento de que a cultura de um povo é um património
imaterial suscetível às mudanças que ocorrem no tempo e nas relações de poder
que as desencadeiam. Essa compreensão, em geral, fica restrita aos cientistas
sociais e, em alguma medida, a outros segmentos que mantenham proximidade com
os povos indígenas, porém é urgente a necessidade de que mais segmentos sociais
tenham essa perceção, porque a salvaguarda dos saberes indígenas começa, antes
de tudo, no respeito e valorização da existência desses povos pela sociedade
envolvente.
[1] http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/ascom/2015/doc/jun-06/IN%2003%202015.pdf
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, lecionada ao Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho)
As implicações da Covid-19 no panorama do mercado imobiliário português em 2020
Neste primeiro ano de pandemia em Portugal, a COVID-19 marcou a economia com a maior quebra de que há registo. A paralisação ou restrição de grande parte das atividades dos mais variados setores (excluindo a saúde ou o alimentar de primeira necessidade) criou um impacte económico que pode ser traduzido pelos seguintes tópicos:
i) Em 2020, o PIB caiu 7,6%
ii) Turismo com menos 63%
de dormidas
iii) Mais 11 400
trabalhadores desempregados
iv) 'lay-off'
simplificado de 2020 abrangeu 897 mil trabalhadores e 110 mil empresas
v) Desceram vendas no
comércio a retalho
vi) Mais beneficiários do
RSI
Estes
fatores acabam por influenciar o mercado imobiliário português. Em termos de
vendas, o mercado imobiliário em Portugal não tem ainda públicos resultados
concretos do impacte da pandemia, pelo que tem sido mais à base da especulação,
no entanto, no mercado de arrendamento já há material mais palpável para
análise dos efeitos do COVID-19.
Quanto
ao mercado de venda em Portugal, aparece num estudo realizado no idealista.pt
por Tânia Ferreira, que afirma que: “Em algumas das maiores cidades de
Portugal, como Lisboa e Porto, o preço unitário dos imóveis à venda ainda se
encontra bastante estável. Uma das consequências mais evidentes
da Covid-19 nessas cidades foi a redução de imóveis em oferta no mercado
e, consequentemente, os preços ainda não caíram, pelo contrário, aumentaram
ligeiramente. Lisboa foi a única cidade com uma procura acima da média do país.
Também podemos observar um deslocamento da procura para as periferias das
principais cidades”.
Quanto
ao mercado de arrendamento, o maior fator influenciador foi o Turismo, com a
sua queda de 63% nas dormidas no país. Esta falta de procura, aliada a não se
terem colocado estas unidades de arrendamento a curto prazo no mercado de
arrendamento de longo prazo, fez com que o stock
não aumentasse como era esperado. Diz-se também no estudo realizado pelo
Idealista que “muitos proprietários e empresários preferem esperar para ver o
que acontece no mercado, simplesmente retirando os seus imóveis do mercado, ou
mais recentemente adaptando seus negócios e colmatando a necessidade de
alojamento para estudantes".
Um
facto interessante em relação ao arrendamento em Portugal durante a pandemia é
que com a restrição de movimentação apenas em território nacional, em conjunto
com o respeito pelas indicações para se manter uma distância social maior, o
arrendamento de casas de família no interior do país nos meses de verão foi o
nicho específico mais beneficiado no mercado.
Manuel
Romão
Referências:
DN.
2021. A pandemia e os trágicos números da economia portuguesa. [online] Available at:
<https://www.dn.pt/sociedade/a-pandemia-e-os-tragicos-numeros-da-economia-nacional-13480491.html
Ferreira, T.,
2021. O impacto da Covid-19 no mercado imobiliário no sul da Europa.
[online] idealista.pt/news.
Available at:
<https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2020/11/03/45143-impacto-da-covid-19-no-mercado-imobiliario-no-sul-da-europa>
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Urbana”, lecionada ao Mestrado Integrado em Arquitetura, da Escola de Arquitetura/UMinho)
Braga, a nova Capital Europeia da Cultura?
O município de Braga foi recentemente eleito o melhor destino da Europa 2021. Braga tem colecionado títulos. Somam-se a esse louvável, outro recentemente atribuído pela UNESCO, em 2017, Braga Cidade Criativa (domínio Medias Arts); e mais um: em 2020, Braga foi escolhida Capital da Cultura do Eixo Atlântico. Atualmente, Braga se prepara para mais uma concorrência: quer ser a nova Capital Europeia da Cultura.
Os investimentos dos municípios em políticas públicas culturais são
relativamente recentes. Tem-se hoje que o setor cultural é um setor de suma importância;
observam-se constantes e rápidas mudanças no tratamento desse setor, que
adquire cada vez mais um caráter de cooperação pública transversal. A gestão
local é comumente e cada vez mais apontada como solução para inúmeros
desajustes ou sucessos de políticas pública de qualidade (ao contrário de uma
política centralizada pelo Estado). O Património Cultural é um dos setores mais
beneficiados por uma gestão de proximidade.
No artigo “Políticas
culturais locais: contributos para um modelo de análise”, os autores, Augusto Santos Silva, Elisa Pérez Babo e Paula Guerra, buscam
analisar qual o papel das autarquias portuguesas na política pública cultural.
Segundo os autores, a partir dos anos 80 – com o novo cenário político-
económico e a entrada na Comunidade Europeia nos 90, “as condições de
intervenção autárquica na esfera cultural mudaram qualitativamente”. As
autarquias foram imbuídas de maior poder decisório e económico em seu
território, dotadas de “um padrão de intervenção municipal estruturado em três eixos principais:
a defesa e valorização do património, o desenvolvimento de uma oferta local e a
formação de públicos culturais”.
No tocante à esfera cultural, a cidade de Braga explicita através do seu
plano estratégico 2014-2026, o “Plano
Estratégico para o Desenvolvimento Económico de Braga”, a importância político- económica da história e da cultura para a
cidade Braga, bem como dedica páginas específicas de seu conteúdo e estudos ao
eixo turístico e à categoria mais especulada no momento: a “economia criativa”.
Figura 1 e 2 -
Dados Plano Estratégico Municipal 2014 -2026
Através do site da Câmara Municipal, o município comunica que mantém algumas redes de cooperações
institucionais, no que afirma que “a cooperação institucional com outras
entidades é essencial para o desenvolvimento económico, social e cultural do
município e dos seus cidadãos.”
Embora o próprio site da autarquia seja um tanto ou quanto desatualizado (o site menciona a candidatura da cidade à Unesco, título já conferido
em 2017), estariam ainda as ambições de planeamento estratégico turístico-
cultural em vigor?
Numa
proposta visualmente mais moderna e num contexto particular, o documento Estratégia
Cultural de Braga 2020–2030, usado como suporte à candidatura de Braga a Capital
da Cultura Europeia de 2027, contempla diversas estratégias e ações no campo
global da cultura, sendo um valioso documento e uma plataforma que promete
acompanhar e nortear o setor cultural de Braga durante os próximos 10 anos; por
exemplo, esse documento nos informa que “em 2018 a despesa municipal em
atividades culturais e criativas cifrou-se nos 4,8 milhões de euros”. Ainda, a
análise feita no conteúdo nos deixa reais constatações: mesmo se Braga é palco
de polos de inovações, o setor cultural ainda “encontra-se, de um modo geral,
subdesenvolvido e fragmentado.”
Terminada
a fase de “mapeamento, identificação e auscultação do tecido cultural”, Braga é
oficialmente candidata e a equipe multidisciplinar do Braga Cultura 2030 avança para a próxima fase,
esperando a possível nomeação, em 2022.
Se
analisássemos a linha de comunicação desses dois documentos, é percetível uma tentativa
de tecer uma narrativa, uma estratégia de um marketing territorial em torno da
cidade de Braga, talvez com finalidade de trazer à tona sua reconstrução
permanente. Seus vestígios de 2000 anos e seu presente de “Medias Arts” a
obriga a uma espécie de psicanálise bracarense cotidiana, como dito no vídeo de
apresentação: Braga anda à procura de sua identidade, tem múltipla
personalidade. Como criar uma realidade que possa abarcar ambos, os moradores
(também os estrangeiros) e visitantes, quer sejam eles turistas, quer sejam os
28 mil itinerantes que se deslocam a Braga diariamente? Como adaptar as
políticas culturais a constantes movimentos migratórios e tecnológicos? Como
combinar tradição e inovação?
Todas
essas iniciativas públicas municipais, tais como elas são descritas, necessitam
da profunda cooperação entre poder público, atores privados e associativos; testemunham
uma ação coordenada entre os agentes, carecem de uma organização global e de
uma imensa vontade de avanço e/ou mudança. O plano estratégico Municipal tem
sua validade até 2026; resta saber se em 2022, por ocasião do anúncio da cidade
ganhadora do selo Capital Europeia da Cultura, se Braga poderá levar adiante
esses inúmeros trabalhos já iniciados, ou se a contrario, perante um
anúncio negativo, se abandonarão tamanho esforços já tão desenvolvidos. Vê-se
que nem só de subjetivação (sobre)vive a cultura.
Marisol Cordeiro
Referencia
Bibliográfica:
Augusto Santos Silva, Elisa Pérez Babo et Paula Guerra, « Políticas culturais locais:
contributos para um modelo de análise », Sociologia, Problemas e Práticas [En ligne],
78 | 2015, mis en ligne le 21 mai 2015, consulté le 20 mars
2021.
URL : http://journals.openedition.org/spp/1997
(Artigo de opinião produzido no
âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de
Desenvolvimento Regional”, lecionada ao Mestrado em Património Cultural, do
ICS/UMinho)
Paladar como motor do turismo em Portugal
O nosso paladar é, por vezes, a razão pela qual nos aventuramos a outros lugares e partes do mundo. A vontade de querer conhecer, experienciar e saborear o produto de diferentes culturas é um motor do turismo que não pode ser ignorado. O turista gastronómico viaja à procura da autenticidade dos lugares, através da bebida e da comida (Barroco e Augusto, 2016).
Como
vertente do turismo cultural, o turismo gastronómico é o turismo desencadeado
pela vontade dos turistas exercerem práticas gastronómicas de uma determinada
localidade (Gândara, 2009).
Olhando
para Portugal, não há que duvidar que possuímos uma riqueza gastronómica ímpar
e de reconhecimento mundial. O turismo no litoral em Portugal é obviamente mais
procurado que no interior. No entanto, em termos gastronómicos, existe uma
distribuição equivalente de qualidade de produtos gastronómicos por todo o
país. Segundo Oliveira (2007), embora o “boom” do turismo rural tenha acalmado,
tem ainda potencial de crescimento, pois foi utilizada uma estratégia precária,
onde pouco proveito se tirou da importância que a gastronomia tem para os
turistas, podendo ter-se aproveitado para combinar melhor o turismo rural e o
gastronómico.
Por
estas razões, é necessário ter em conta e apoiar os serviços de gastronomia,
pois podem ser potenciadores de turismo em zonas menos escolhidas por turistas
e ainda aumentar ainda mais a procura no litoral.
Existem
várias iniciativas que procuram apoiar e ajudar a dar visibilidade à
gastronomia portuguesa. Temos o exemplo da AGAVI e a Comboios de Portugal. A
AGAVI é uma associação sem fins lucrativos fundada em 2010 e que se tem vindo a
afirmar como um ponto de encontro e interação entre diferentes entidades
económicas com o objetivo de promover o dinamismo agroalimentar. A Comboios de
Portugal vende bilhetes em conformidade com rotas, como é o exemplo da Rota da
Lampreia, que estabelece uma viajem às regiões da Beira Baixa e Tomar, onde o
turista pode usufruir de sabores próprios das localidades. Estes tipos de
iniciativas são importantes pois não precisamos viajar para destinos exóticos
ou longínquos para experimentar sabores incríveis. Temos de apreciar o que é
nosso e viajar dentro do nosso país deveria ser sempre uma opção em mente.
O
norte de Portugal sofre em termos de acessos de comboio, mas não perde para o
sul do país no que diz respeito a riqueza e qualidade gastronómica. Na minha
terra de infância, em Fão, todos os anos é feita a “Festa da cerveja e do
marisco”, que atrai milhares de turistas ao conselho de Esposende ao longo de
uma semana. Estes pequenos eventos, existem por todo o país, todos com igual
qualidade e riqueza cultural.
Desde
o peixe sempre fresco ao “cozido à portuguesa”, o nosso cantinho tem uma vasta
oferta de verdadeiras pérolas gastronómicas. Temos o exemplo da Dieta
Mediterrânica que, segundo o Turismo de Portugal, está classificada como
Património Mundial pela Unesco.
Como
podemos observar, Portugal é uma “mina de ouro” para a gastronomia e não
precisamos ir muito longe para descobrir delícias que nos façam “viajar” no
nosso pensamento. É, portanto, importante dar valor à nossa cultura
gastronómica, apoiá-la e o mais importante de tudo, usufruir.
Daniel Brito
Referências:
Oliveria,
S. (2007). O turismo Gastronómico e o Enoturismo como potenciadores do
Desenvolvimento Regional.
Turismo
de Portugal. Retirado em https://www.visitportugal.com/pt-pt/tipo-experiencias/gastronomia-e-vinhos
(último acesso 20/03/2021).
Barroco,
C. e Augusto, L. (2016). O turismo gastronómico em Portugal: Formas de
comunicar os produtos endógenos da região Dão Lafões e Alto-Paiva. Revista
Anais Brasileiros, 2, 23-39.
Gândara, J. (2009). Reflexões sobre o Turismo
Gastronômico na perspectiva da sociedade dos sonhos. Segmentação do
mercado turístico–estudos, produtos e perspectivas. Barueri: Manole, 4-27.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2020/2021)
TURISMO CULTURAL: OS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO NAZIS
Os campos de concentração Nazi foram erguidos por ordem de Adolf Hitler antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Os campos serviam de prisão, local de trabalho forçado e extermínio para grupos, como judeus, deficientes, homossexuais, criminosos e ciganos. Os primeiros campos nazis foram erguidos na Alemanha em março de 1933 e libertados em 1945, data que marcou o final da guerra. Morreram aproximadamente 11 milhões de pessoas nos campos, das quais 6 milhões eram judeus.
Dos
campos de concentração, destacam-se os campos de extermínio (construídos na
Polônia) de Auschwitz, Belzec, Chelmno, Majdanek, Sobibor e Treblinka, que
executavam os judeus em câmaras de gás de monóxido de carbono ou de Zyklon B. O
maior campo de extermínio nazista foi o campo de Auschwitz-Birkenau II, onde
morreram 1,2 milhão de pessoas.
Em
2005, a ONU declarou o dia 27 de Janeiro (60 anos após a libertação do campo de
Auschwitz) como Dia Internacional de Memória das Vítimas do Holocausto. Desde a
implementação deste dia que a empatia e interesse em visitar campos de
concentração aumentou nas populações. As visitas aos campos são irrefutavelmente
importantes ao permitirem que nunca seja esquecida a barbaridade ocorrida e nos
impedir de repetir tamanha atrocidade dada a violência emocional sentida ao
presenciar os locais que já foram palco de genocídio.
No
campo de Auschwitz eram feitas experiências médicas nos prisioneiros que eram
usados como cobaias, no conhecido “Bloco 11”, e é dos poucos blocos onde não é
permitido tirar fotografias. Este campo é o mais procurado pelos turistas. Em
2018, 2.152 milhões de pessoas visitaram o museu e o campo localizado na
Polónia, batendo o recorde de visitas de 2017. As redes sociais foram uma
grande ajuda para a divulgação do museu e do campo, por exemplo, em 2018 o site www.auschwitz.org registou mais de
27 milhões de visualizações.
Este
campo, em particular, permite entrada gratuita antes da 10h e depois das 15h,
caso queira circular sozinho, no entanto, caso seja desejado um guia, o
pagamento é significativo e os guias fazem traduções em inglês, espanhol,
francês e italiano. A viagem de autocarro entre os campos I e II é também
gratuita. É bastante positivo que os valores de visita a locais tão importantes
na história da humanidade sejam acessíveis a qualquer pessoa, Na maioria dos
campos, a visita é gratuita a qualquer hora ou em horas estabelecidas.
Tendo
em conta a situação pandémica atual, é possível, através do turismo virtual,
visitar os campos via online, podendo, assim, apesar da presença nos
campos ser uma experiência inesquecível e incomparável, termos uma perceção da
realidade do campo e cultivar a nossa cultura mesmo fechados em casa.
Patrícia Pinto
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2020/2021)
A organização de grandes e megaeventos e os potenciais impactes na projeção das cidades que os organizam
A disputa pela organização de grandes eventos está a ser mantida a nível global, entre vários países e cidades, um pouco por todo o mundo, e Portugal não é exceção. De qualquer forma, é inegável que existe atualmente uma crescente concorrência entre as nações para o acolhimento e organização de grandes eventos devido aos potenciais impactes positivos que proporcionam. A nível económico, permitem a criação de emprego, a requalificação urbana ou a antecipação e concentração de investimentos. Também podem dar contributos a nível da mobilização e autoestima da população e, obviamente, do reforço da notoriedade internacional e projeção da imagem do destino, especialmente a nível turístico.
A multiplicidade
de fatores inerentes à criação e organização de um evento podia-nos levar a uma
série infindável de classificações, quando aquilo que nos interessa é
classificar pela sua amplitude, tomando por base a generalidade de fatores
inerentes à sua criação e presentes na sua organização. Assim, conjugando as
opiniões de diversos autores e profissionais de eventos e a nossa experiência,
podemos classificar os eventos da forma como se segue.
Micro-eventos –
sustenta-se esta classificação porque não são exigidos recursos financeiros e
logísticos significativos, sendo orientados para um público muito específico e
o seu número não ultrapassa em muito as cem (100) pessoas; por exemplo, um
jantar de curso ou festa privada de uma associação.
Pequeno evento –
neste tipo de evento já existe a consideração de promoção de algo mais
significativo para a organização ou púbico aderente, no entanto, não deixa de
ainda manter uma certa especificidade de público-alvo, mas pode já incluir a
participação de entidades ou promotores locais. Neste tipo de evento já se
considera a participação de uma fatia considerável de público exterior ao
âmbito da organização. Neste caso, a
participação pode variar entre cem (100) e quinhentas (500) pessoas, como um
seminário ou workshop.
Médio evento – na
organização do médio evento verifica-se um maior empenho na sua divulgação
(principalmente a nível regional, uma vez que não faz sentido apostar na divulgação
em zonas distantes da área onde o mesmo se realiza). Já existe, também, um
maior investimento a nível logístico, devido à sua envergadura a suportar que
já é considerável. Abrange uma maior diversificação de público (não existe um
publico-alvo com caráter específico). O tema do evento suscita um interesse
mais alargado e o número de participantes pode variar entre quinhentos (500) e
os três mil (3000). Damos como exemplo uma exposição temática num pavilhão de
exposições, um concerto de um grupo ou artista famosos, desfile de rua, feira
de negócios, entre outros.
Grande evento – o
grande evento carateriza-se pelo forte crescimento do investimento financeiro
na sua organização. Para além de ser facilmente identificável pela sua
dimensão, o grande evento possui uma estrutura logística bastante pesada em
termos operacionais, assim como uma equipa de trabalho que poderá atingir as
várias dezenas ou mesmo centenas de pessoas. Neste tipo de evento, a divulgação
ganha relevo à escala nacional e, por vezes, pode atingir outros países
(podemos dar o exemplo do festival de música de Vilar de Mouros, em que é feito
um grande investimento na sua divulgação nas regiões fronteiriças de Espanha).
Neste tipo de
eventos musicais, por exemplo, verifica-se um recurso quase permanente ao
patrocínio e alto patrocínio como forma de sustentabilidade financeira da
organização. Outro ponto fundamental, tendo em conta um festival desta dimensão,
é a sua associação com os media como forma de criação e manutenção de
imagem de marca. Aqui, também se verifica a total perda de definição do
público-alvo a nível demográfico, geográfico e mesmo etário. Podemos incorporar
no grande evento a oscilação entre os três mil (3000) e oitenta mil (80000)
participantes. Podemos dar como exemplo de grandes eventos o Estoril Open, o
Fantasporto e os festivais de música de verão (Paredes de Coura, Vilar de
Mouros e Meo Sudoeste, de que falaremos a seguir).
Com efeito, os
grandes eventos influenciam e provocam alterações profundas no destino, mas
também são um “produto” da cultura e sociedade onde são realizados, podendo ser
considerados como os “construtores da imagem” do turismo moderno (Hall 1992).
Paralelamente, a
nível turístico, estes grandes eventos têm como caraterística específica, para
além dos inegáveis benefícios inerentes à atracão de inúmeros visitantes e
turistas e do reforço da projeção internacional do destino, a vantagem de
poderem proporcionar substanciais legados na comunidade local, com uma duração
temporal muito superior ao período de realização do evento. Ao mesmo tempo, e
caso o destino já esteja “consolidado no mapa turístico internacional”, poderá
permitir o seu rejuvenescimento e revitalização, evitando o seu previsível
declínio, de acordo com o ciclo de vida dos destinos turísticos sugerido por
Butler (1980).
Abordaremos, de
forma sucinta dois eventos realizados em Portugal, que foram apresentados pelo
Professor José Cadima Ribeiro no Mestrado de Património Cultural, nomeadamente
a Capital Europeia da Cultura em Guimarães de 2012 e o MEO Sudoeste edição de
2017.
Guimarães foi a
terceira cidade em Portugal a acolher o megaevento, depois de Lisboa (1994) e
Porto (2001). Os dados do estudo oficial realizado pela Universidade do Minho
(2013) indicam que “a cidade assistiu, em 2012, a um grande crescimento no
número de visitantes, que se situou em 106,7%, quando comparado com a média dos
três anos precedentes”. Segundo a mesma fonte (Universidade do Minho, 2013),
tendo por base “os inquéritos aplicados em janeiro de 2013 a uma amostra de
comerciantes da cidade, 80% dos entrevistados consideraram positivo (64,9%) ou
muito positivo (23,9 %) o respetivo impacte em matéria de negócios realizados”
(Cadima, 2019). De realçar, ainda, que, da participação de Guimarães na CEC
2012, “sugiram na cidade novos equipamentos culturais, de onde avultam a
Plataforma das Artes e da Criatividade (2012) e a Casa da Memória, que foi
projetada para ser um equipamento para apoiar a programação da CEC mas que
acabou só por ser inaugurada no ano posterior ao evento” (Cadima, 2019).
Apesar das
inúmeras vantagens e graus de satisfação acima enunciados, e como o slogan da CEC de Guimarães era “Tu fazes
parte”, existiu algum descontentamento por parte dos agentes locais, que
passamos a citar :“´Houve uma grande festa. As festas são sempre agradáveis. São
momentos evanescentes` (Francisco Teixeira). ´O mesmo entrevistado concluía de
seguida, criticamente: ´Se não fizéssemos a CEC, não saberíamos as
oportunidades que perdemos`” Francisco Teixeira (Cadima, 2017). A conclusão que
podemos tirar deste depoimento é que as organizações destes grandes eventos não
envolvem os agentes culturais locais de uma forma empenhada e comprometida,
preterindo a sua participação no programa cultural em detrimento de grandes
empresas de animação cultural com maior impacto visual e projeção
internacional, como, por exemplo, La Fura dels Baus.
O MEO Sudoeste é
um festival de verão que se realiza anualmente desde 1997, na Zambujeira do Mar
(Município de Odemira), que ao longo dos anos, tem atraído milhares de
festivaleiros, com maior incidência na população jovem. A Câmara Municipal de
Odemira encomendou um estudo a uma equipa de investigadores do Instituto
Politécnico de Beja – a edição de 2017 foi objeto de um estudo de impacte. “Da
abordagem feita aos residentes, sobressaíam a valorização baixa pelos
residentes, em geral dos impactes positivos do acolhimento do festival, que se
entende das componentes promoções da qualidade de vida e do bem-estar dos
habitantes locais à contribuição para a coesão social” (Saúde et al., 2019). Contudo, desta leitura
“distinguem-se os habitantes que são ou foram participantes no festival, que
tenderam a desvalorizar os efeitos negativos na vida local da realização do
festival”. No entanto, “a leitura feita dos impactes pelo empresariado local
revelou-se ainda mais crítica: no que se reporta ao impacte económico, consideram-no
muito débil, o que resultará, em simultâneo, do pouco tempo de duração anual do
evento e do tipo de público a que se destina, «miudagem» no dizer de alguns”
(Saúde et al., 2019). Outra dimensão
que foi “sublinhada pela generalidade dos inquiridos, foi o efeito crowding
out, provocando o afastamento do visitante habitual do território durante o
período em que decorre o festival” (Saúde et
al., 2019).
Assim sendo, tendo
em conta que o festival tem a comparticipação a nível logístico e financeira da
Câmara Municipal de Odemira e o resultado do estudo apresentado é
manifestamente negativo para muitos agentes económicos, é nosso entendimento,
que será de ponderar a forma e o modelo de organização deste festival de forma
exclusiva por uma Empresa Privada, uma vez que o recinto é vedado e o parque de
campismo é gratuito para os “festivaleiros”.
Tendo em conta que
este modelo de organização do evento, limita de forma objetiva a participação
da atividade dos empresários locais em diversos ramos de negócios, bem como
promove o afastamento de potenciais visitantes numa altura do ano em que as
praias são muito procuradas, criando uma forte dinâmica na restauração,
alojamento e artesanato local, sugere-se que seja feito um estudo para avaliar
a possibilidade de existir a participação ativa de todos os agentes económicos
e da população local neste evento.
Francisco Freitas
Bibliografia
Remoaldo Paula
& Ribeiro, J. Cadima (2007) O legado de Guimarães Capital da Cultura de
2012. Centro de estudos Transdisciplinares para o
Desenvolvimento. UTAD
Butler, R. & Mao, B. (1997) “Seasonality in
tourism - problems and measurement” in Murphy, Peter E. (1997) “Quality
management in urban tourism”, John Wiley & Sons Ltd., Chicester
Hall, Colin Michael (1992) “Hallmark tourist events:
impacts, management and planning”, Belhaven Press, London
Saúde, S., Lopes,
S., Borralho, C. e Féria, I. (2019). O Impacte Económico e Sociocultural do
Festival MEO SUDOESTE no Concelho de Odemira. Faro: Sílabas & Desafios
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, lecionada ao Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho)
O crescimento do turismo em espaço rural
Atualmente, com o decorrer desta pandemia tão rigorosa que o mundo atravessa, vemo-nos obrigados a incluí-la em qualquer abordagem. Vários setores estão a ser afetados por uma grande crise, inclusivamente o setor do turismo. Atividade esta que premeia a aproximação de pessoas, culturas e permite a exploração do mundo exterior. No entanto, a pandemia impôs novas rotinas e, consequentemente, novas formas de viver experiências, ora suspensas, ora adaptadas à nova realidade.
Tendo em conta esta
transformação, o turismo em espaço rural viu a sua procura aumentar em Portugal.
O Público apurou que “A preferência dos portugueses por territórios que
possibilitam um contacto mais próximo com a natureza tem marcado o primeiro
Verão depois do confinamento motivado pela covid-19.”[1] Este fenómeno pode ser
explicado pela necessidade que a sociedade sente do contacto com a natureza,
espaços abertos e pouco movimentados. Acredito que estas alterações ao modo de vida
acabaram por evidenciar esta necessidade que há tempos passava despercebida, situação
que levou ao reconhecimento e apreciação, por parte da população do espaço
rural.
O turismo em espaço rural
é uma mais-valia para as populações mais isoladas e, em contrapartida, para
quem o frequenta. O turismo, para as comunidades rurais, representa um veículo
de integração, pois, para além de uma troca de impressões e tradições,
enriquecedora para ambas as partes, garante a movimentação económica dessas localidades.
É impossível negar que o turismo foi devastado pela pandemia da Covid-19. Todavia, neste ano mais desafiador, o turismo em espaço rural revelou-se a principal escolha de muitos portugueses, tendo tido um crescimento importante.
Eva Pereira
[1] https://www.publico.pt/2020/08/06/sociedade/noticia/ha-turistas-zonas-rurais-interior-problema-ambiente-1927234
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2020/2021)