O
cariz gastronómico de uma região/cidade afigura-se como fundamental no que confere
à sua apresentação e representatividade. Cada vez mais os aspectos intrínsecos
de uma região são a sua identidade. Neste seguimento, pretende-se apreender de
que forma os Ovos-Moles de Aveiro são fundamentais para a cidade, no que diz
respeito à sua identidade, bem como a representatividade em termos económicos,
porque tudo hoje é economia.
Nos
tempos que correm, os aspectos de cariz financeiro são essenciais para a
implementação de algum produto (ovos-moles) no mercado, ou seja, a aposta neste
produto tem que ser necessariamente rentável financeiramente.
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Os
Ovos-Moles de Aveiro foram o primeiro doce tradicional português a ser
certificado e o primeiro doce conventual a alcançar o mesmo estatuto na União
Europeia. Por outro lado, estes têm enfrentado algumas dificuldades de
concorrência por parte de outros doces de pastelaria. A par da concorrência,
enfrentam o problema da falsificação dos Ovos-Moles, que de algum modo se
traduz numa concorrência desleal e, por outro lado, contribui para a redução da
qualidade do produto, uma vez que na maioria das vezes o consumidor não sabe
que está a consumir um produto “falsificado”.
De forma a garantir a sua qualidade, os
produtores criaram a APOMA – Associação de Produtores de Ovos Moles de Aveiro,
impondo o cumprimento de determinadas condições no processo de fabrico,
descritas no Caderno de Especificações dos Ovos-Moles de Aveiro, para que se
possam distinguir os verdadeiros Ovos-Moles das meras falsificações. O facto de
existir uma entidade que protege a denominação de origem dos Ovos-Moles tem
inerente a si a contribuição para a potencialização de uma economia a nível
regional, dinamizando deste modo um conjunto de actividades paralelas e
complementares que muito se adivinham essenciais para as melhorias da qualidade
de vida da região em geral.
Apesar
das dificuldades deste sector, é essencial a aposta em acções de promoção e
desenvolvimento da indústria dos Ovos-Moles. Um aspecto interessante e que
ainda não foi aproveitado pela indústria dos Ovos-Moles, prende-se
essencialmente com o não aproveitamento da clara de ovo, sendo esta uma
importante fonte de proteína. Esta é muito utilizada em tratamentos medicinais
para a reposição de células em queimaduras e hemorragias graves, e ainda na
recuperação após uma cirurgia plástica. Este aspecto poderia ser uma mais-valia
para este tipo de indústria dando uma outra dimensão ao sector, o que por sua
vez se iria reflectir em novas oportunidades para a região.
Num período de crise económica, é essencial a
aposta em sectores diversificados da economia que por si gerem agentes
financeiros e que contribuem para contrariar esta situação, dando um novo
fôlego à região, e em última instância um contributo para o melhoramento da
economia do país. Por mais pequenos que sejam os contributos desta região a
nível nacional, estes serão sempre cruciais para atenuar esta tendência que
teima em
permanecer. Apesar dos Ovos-Moles serem um doce conventual
com séculos de história, a verdade é que a cidade de Aveiro, nomeadamente as
suas gentes, sempre souberam perpetuar esta maravilha regional e com isto obter
o melhor dos dois ou três lados, reconhecimento, identidade, e ganhos
económicos, nunca esquecendo a ligação ao mar, que na sua essência sempre foi o
verdadeiro sustento da maioria das famílias da região, nomeadamente Aveiro e a
sua forte relação com a Ria de Aveiro. Uma economia diversificada e
dinamizadora será sempre uma mais-valia.
Ana
Pereira
Bibliografia
Documentos
_Os Ovos-Moles de Aveiro;
_Naia, Patrícia “APOMA -
Associação de Produtores de Ovos-Moles de Aveiro”;
_
Scheid, Florian “Resumo em Português do trabalho de mestrado de Florian Scheid sobre
produtos tradicionais de qualidade na Beira Litoral, apresentado na Universidade
de Insbruque, Áustria” Abril de 2011.
Sítio da Internet
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