As
sociedades globalizadas encontram-se nos dias atuais cada vez mais conectadas.
Através dos veículos de comunicação e informação faz-se possível interagir de
forma instantânea com um número cada vez maior de lugares que se pretende, para
os mais diversos fins. O mundo globalizado como o concebemos hoje (e que teve
seu embrião com a implementação dos projetos coloniais do século XVI), pôs em
vigor o consumo de espaços, territórios, lugares e culturas de uma forma jamais
vista anteriormente na história da humanidade.
É
a partir da 2ª Guerra Mundial que a produção de mercadorias em grande escala, o
grande avanço das tecnologias de informação e comunicação, os movimentos
migratórios populacionais internacionais, os fluxos de mercadorias, e as novas
divisões territoriais do trabalho, ganharam um enorme impulso. Este é um
período denominado de técnico-científico-informacional
(SANTOS, 2003) e, diga-se de passagem, tem como protagonistas, e controladores,
as grandes empresas multinacionais, e grandes conglomerados econômicos, que por
sua vez alteram toda a dinâmica global, das sociedades locais, de tempos em
tempos, para que seus interesses econômicos sejam alcançados.
As
empresas globais “não têm pátria”, e não parece-nos contraditório dizer que as
mesmas empresas que contribuem para o elevado desenvolvimento tecnológico
atrelado aos grandes níveis de cientificidade, e geração de empregos qualificados
em alguns lugares específicos do globo (Europa Ocidental, Estados Unidos, e
Japão), sejam responsáveis (sendo importante perceber que há em diversos países
do mundo, uma diminuição da ação dos Estados Nacionais no que diz respeito à
implementação de políticas públicas que beneficiem as populações) pelo aumento
e proliferação do desemprego, criação de subempregos e escravidão em outros,
como a América Latina, Ásia e África, isso tudo em pleno século XXI.
As
novas tecnologias [utilizadas pelas grandes empresas] na condição de objetos
devem ser compreendidas em conjunto com o sistema de normas e regulações a que
estão associadas. A flexibilidade locacional das empresas, possível
tecnicamente, vem junto com as políticas de flexibilização da legislação
trabalhista, [que as beneficia] (GONÇALVES e HAESBAERT, 2006). A diminuição do
papel do Estado vem atrelado aos acordos fechados com essas empresas antes de
sua fixação nos territórios dos países. A oferta de mão de obra barata, os
incentivos fiscais, a concessão dos terrenos, a construção das infraestruturas
necessárias para o transporte de mercadoria, por parte do Estado, e a geração
de empregos por parte das empresas fazem parte do pacote.
Assim
sendo, estes elementos que são impostos provocam uma reação, das classes
sociais, que organizam-se em sindicatos, através dos quais buscam
incessantemente fazer com que os seus direitos sejam respeitados, e as
desigualdades entre as partes sejam amenizadas. O Estado, por sua vez,
contraditoriamente, entra como um regulador dos conflitos, propondo um acordo
de paz entre as partes, mas, utilizando-se para isso do poder de polícia.
É
importante percebermos qual a lógica das empresas globais, bem como da sua
relação com os Estados nacionais. Para quem são direcionadas as ações ocorridas
no tecido social? A quem serve verdadeiramente o Estado? Qual o nosso papel
enquanto sujeitos produtores do conhecimento?
Carlos
Riccelly Guimarães
Bibliografia
COSTA, Rogério H. da e GONÇALVES, Carlos Walter
Porto – A nova desordem mundial / São Paulo: Editora UNESP, 2006 – 160p : il. –
(Paradidáticos. Série Poder).
SANTOS,
Milton – Por uma outra globalização: do pensamento único 6' ed. à consciência
universal / Milton Santos. - 6* ed. – Rio de Janeiro: Record, 2003.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia e Política Regional” do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia e Política Regional” do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
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