Dentro
de uma perspectiva de contribuição para a visibilidade de determinados
territórios, estão inseridas inquestionavelmente as questões do marketing sobre
a imagem dos lugares. Através da exposição, e super exploração das paisagens
naturais e culturais, e tendo ainda como foco a incansável promoção destes, nos
mais diversos níveis de cenários, sejam eles regionais, nacionais ou
internacionais, as empresas publicitárias, e até os governos, exacerbam o seu
poder sobre os detalhes que fazem de cada local um lugar específico.
O
apelo visual é algo que está intrinsecamente ligado às novas formas de promoção
dos lugares. É através dele que ocorre o “aprisionamento do olhar” do turísta, buscando
focalizar objetivamente naquilo que se quer vender. Os territórios tornam-se
assim produtos a serem consumidos cotidianamente, nos mais diversos níveis e
sentidos possíveis. Assim sendo, as cidades turísticas contemporâneas representam uma
nova e extraordinária forma de urbanização, porque elas são organizadas não
para a produção, como o foram as cidades industriais, mas para o consumo de
bens, serviços e paisagens. Estas cidades erguem-se unicamente voltadas para o
consumo e para o lazer (Luchiari, 1998).
Neste sentido, o mercado
das imagens, possibilitado pela urbanização turística dos lugares, e
impulsionado grandemente pelos programas publicitários das grandes empresas
(que frequentam quase sempre os imaginários sociais, através dos outdoors, do marketing digital, das
propagandas de rádio e TV), criou um diálogo entre as velhas e as novas formas
e funções dos espaços. Esse movimento dialético coloca em evidência a relação
entre o local e o global, através do surgimento de novos hábitos, formas de se
comunicar, mercadorias, novos postos de trabalho, dentre outros costumes que
são agregados às realidades dos territórios turísticos/urbanos contemporâneos.
Segundo (Cruz, 2003), o grau de urbanização de determinada localidade tem,
pois, relação direta com a possibilidade de desenvolvimento turístico de seu
território.
O olhar moderno voltou-se
para as paisagens turísticas valorizando nelas o sentido que havia sido perdido
no ritmo veloz com o qual passamos pelas paisagens sem vê-las. As
transformações que ocorrem no cenário mundial, através dos elementos impostos
pelos processos de globalização, provocam a sensação de que hoje olha-se para
os lugares e não se vêem. Os olhares dos turistas contemporâneos, neste
sentido, direcionados pelos veículos de comunicação em massa, conduziram o
imaginário coletivo a revalorizar a natureza, a cultura e mesmo o simulacro
que, queiramos ou não, é natureza e cultura construídas socialmente.
Vivemos pois numa sociedade
onde valoriza-se grandemente a reprodução de valores, dando ênfase a
espetáculos e sabores que há muito perderam a autenticidade. Isto nos
leva a considerar que, no período atual, a capacidade técnica da
reprodutibilidade é tão ou mais importante que a própria autenticidade perdida.
Afinal, a identidade dos lugares não é a cristalização de um passado
sacralizado (Luchiari, 1998), e sim a permanente afirmação de um presente local
em mutação, que a todo instante se comunica com o global.
Carlos Riccelly Guimarães
Bibliografia
CRUZ, Rita de Cássia Ariza da .
Introdução à geografia do turismo. 2. ed. São Paulo: Roca, 2003.
LUCHIARI,
Maria Tereza D. P. Urbanização turística - um novo nexo entre o lugar e o
mundo. In: LIMA, Luiz Cruz (Org.). Da cidade ao campo: a diversidade do
saber-fazer turístico. Fortaleza: Ed. UECE, 1998.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia e Política Regional” do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
Sem comentários:
Enviar um comentário