quinta-feira, junho 25, 2015

Olhares sobre o Turísmo e o Marketing Territorial dos Lugares

Dentro de uma perspectiva de contribuição para a visibilidade de determinados territórios, estão inseridas inquestionavelmente as questões do marketing sobre a imagem dos lugares. Através da exposição, e super exploração das paisagens naturais e culturais, e tendo ainda como foco a incansável promoção destes, nos mais diversos níveis de cenários, sejam eles regionais, nacionais ou internacionais, as empresas publicitárias, e até os governos, exacerbam o seu poder sobre os detalhes que fazem de cada local um lugar específico.
O apelo visual é algo que está intrinsecamente ligado às novas formas de promoção dos lugares. É através dele que ocorre o “aprisionamento do olhar” do turísta, buscando focalizar objetivamente naquilo que se quer vender. Os territórios tornam-se assim produtos a serem consumidos cotidianamente, nos mais diversos níveis e sentidos possíveis. Assim sendo, as cidades turísticas contemporâneas representam uma nova e extraordinária forma de urbanização, porque elas são organizadas não para a produção, como o foram as cidades industriais, mas para o consumo de bens, serviços e paisagens. Estas cidades erguem-se unicamente voltadas para o consumo e para o lazer (Luchiari, 1998).
Neste sentido, o mercado das imagens, possibilitado pela urbanização turística dos lugares, e impulsionado grandemente pelos programas publicitários das grandes empresas (que frequentam quase sempre os imaginários sociais, através dos outdoors, do marketing digital, das propagandas de rádio e TV), criou um diálogo entre as velhas e as novas formas e funções dos espaços. Esse movimento dialético coloca em evidência a relação entre o local e o global, através do surgimento de novos hábitos, formas de se comunicar, mercadorias, novos postos de trabalho, dentre outros costumes que são agregados às realidades dos territórios turísticos/urbanos contemporâneos. Segundo (Cruz, 2003), o grau de urbanização de determinada localidade tem, pois, relação direta com a possibilidade de desenvolvimento turístico de seu território. 
O olhar moderno voltou-se para as paisagens turísticas valorizando nelas o sentido que havia sido perdido no ritmo veloz com o qual passamos pelas paisagens sem vê-las. As transformações que ocorrem no cenário mundial, através dos elementos impostos pelos processos de globalização, provocam a sensação de que hoje olha-se para os lugares e não se vêem. Os olhares dos turistas contemporâneos, neste sentido, direcionados pelos veículos de comunicação em massa, conduziram o imaginário coletivo a revalorizar a natureza, a cultura e mesmo o simulacro que, queiramos ou não, é natureza e cultura construídas socialmente.
Vivemos pois numa sociedade onde valoriza-se grandemente a reprodução de valores, dando ênfase a espetáculos e sabores que há muito perderam a autenticidade. Isto nos leva a considerar que, no período atual, a capacidade técnica da reprodutibilidade é tão ou mais importante que a própria autenticidade perdida. Afinal, a identidade dos lugares não é a cristalização de um passado sacralizado (Luchiari, 1998), e sim a permanente afirmação de um presente local em mutação, que a todo instante se comunica com o global.

Carlos Riccelly Guimarães

Bibliografia
CRUZ, Rita de Cássia Ariza da . Introdução à geografia do turismo. 2. ed. São Paulo: Roca, 2003.
LUCHIARI, Maria Tereza D. P. Urbanização turística - um novo nexo entre o lugar e o mundo. In: LIMA, Luiz Cruz (Org.). Da cidade ao campo: a diversidade do saber-fazer turístico. Fortaleza: Ed. UECE, 1998.

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia e Política Regional” do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

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