Avanços na legislação ao redor do mundo vêm garantindo
direitos iguais para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros, entretanto
a comunidade LGBT continua a sofrer repressão e homofobia ao redor do globo.
O que o turismo tem a ver com isso? Tudo.
A Organização Mundial do Turismo (UNWTO/OMT) - principal organização internacional no campo do turismo, um fórum global para questões de políticas turísticas - “repudia as leis que criminalizam a homossexualidade, permitindo discriminações relacionadas com a orientação sexual ou identidade de gênero ou que encoraje violência”¹, e chama a comunidade internacional para impor-se contra a discriminação, para defender os seres humanos e os princípios fundamentais da Organização das Nações Unidas.
A Organização Mundial do Turismo (UNWTO/OMT) - principal organização internacional no campo do turismo, um fórum global para questões de políticas turísticas - “repudia as leis que criminalizam a homossexualidade, permitindo discriminações relacionadas com a orientação sexual ou identidade de gênero ou que encoraje violência”¹, e chama a comunidade internacional para impor-se contra a discriminação, para defender os seres humanos e os princípios fundamentais da Organização das Nações Unidas.
Do ponto de vista econômico, há muita discussão neste
mercado, e a estimativa de impacto econômico anual a nível mundial é em torno
de 140 bilhões de dólares, conforme publicação da UNWTO, em 2012, em conjunto
com a IGLTA (sigla para Associação Internacional de Viagem Gay & Lésbica).
A IGLTA tem uma presença global com mais de 2000 grandes companhias associadas,
que representam alojamento, destinos, provedores de serviço, agentes de viagem,
operadores de tour, e eventos para a
comunidade LGBT e simpatizantes da causa.
Por questões do avanço da visibilidade da comunidade
LGBT, a discussão da economia do mercado para o turismo para este público ganha
mais atração nos meios próprios do que na indústria de viagens. Pesquisas vêm
sendo desenvolvidas em pequenas e grandes escalas com a intenção de gerar um
maior entendimento sobre os hábitos de consumo e interesses da comunidade LGBT.
Isto pode gerar apenas benefícios para empreendimento voltados ao turismo se
providenciarem uma experiência positiva para visitantes que são parte de
qualquer minoria.
Cidades-destino LGBT podem rastrear as suas origens no
turismo LGBT em solidariedade com a epidemia de HIV/AIDS nos anos 80, e no desejo de homens e mulheres tomarem a frente
para combaterem preconceitos e falta de entendimento sobre a comunidade. Com
isto, estabelecimentos que passaram a servir a este visível segmento começaram
a oferecer produtos e a prestar serviços sem preconceito. Em troca, estes
estabelecimentos ganharam reciprocidade e fidelidade daqueles consumidores.
Este é o caso do bairro Castro, em São Francisco, Califórnia.
Outros acontecimentos têm-se tornado marco para a
economia do turismo voltado para a comunidade LGBT, como por exemplo a Parada
do Orgulho LGBT que acontece em São Paulo, Brasil, considerada o maior evento
do gênero no mundo, que já injetou mais de 206 milhões de reais na economia
local.
A Organização Mundial
do Turismo reconhece que alterações no reconhecimento da comunidade LGBT forçam
inúmeras mudanças no sentido de viagens e turismo, como por exemplo, a
necessidade de mudança na infraestrutura, já que novos estilos de famílias
estão sendo formados, somados à opção legal de adoção. Mais do que simplesmente
modificar a imagem de determinado local, alterando seus níveis de tolerância,
de acordo com Peter Jordan, parceiro externo da Organização Mundial do
Comércio, “é obrigação – de todos os negócios e destinos procurando atrair a
comunidade LGBT – reconhecer o link entre
a aceitação da homossexualidade na sociedade, legislações governamentais e o
efeito disso nos seus estabelecimentos”.
Mais importante do que entender a comunidade LGBT como
um mercado econômico promissor para o turismo e viagens, é termos a consciência
que são pessoas como todas as outras, com direito de ir e vir, expressar suas
opiniões e medos, e merecem, como qualquer outro ser humano, respeito.
Amanda Regiane
Bucci
Referências:
¹ O presente artigo de opinião foi fortemente suportado
no Relatório Global sobre Turismo LGBT, que pode ser lido na íntegra em:
http://www.e-unwto.org/doi/pdf/10.18111/9789284414581.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade
curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos
de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)