quarta-feira, abril 19, 2017

Turismo de luxo, um conceito em transformação

O que é luxo, quando falamos de viagem? Por muito tempo, o luxo estava associado ao preço, à quantidade de dinheiro despendida para atingir um fim. Atualmente, o tempo se tornou um artigo escasso e os viajantes de luxo estão mais preocupados com o valor do que com o preço. E este valor passou a ser medido muito mais pela experiência obtida que por aquilo que foi pago.

A classe tradicional ostentatória convive com uma classe que demanda produtos singulares, a classe de novos ricos, mais discreta, que prima pela experiência ao invés do conforto dos tradicionais hotéis de cinco estrelas. Para muitos ainda, luxo é encontrar produtos feitos sob medida, cada vez mais singulares para perfis de viajantes muitos diferentes.

A indústria turística tem identificado claramente uma classe emergente de viajantes relativamente jovens e cosmopolitas. São pessoas informais que quase passam despercebidas, mas que exigem excelência quando contratam um serviço.

O conceito de luxo na hotelaria tem-se tornado mais flexível, onde não se perceba um gasto sumptuoso. Tem-se caminhado na direção de um luxo mais “acessível”, para atender às necessidades das gerações X e Y. As grandes redes hoteleiras têm acompanhado esta tendência, optando por criações minimalistas e contemporâneas, ao invés dos dourados e barrocos de toda a vida. É um grande desafio para o setor.

Além disso, as novas gerações de viajantes estão à procura do raro, insólito ou nada comum. O fator preço ou a comodidade perderam importância. Destinos anteriormente ignorados estão crescendo exponencialmente. Viver a experiência de um período de estadia na selva africana com comodidades e comidas gourmet, se hospedar em cabanas no alto de árvores, antigos vagões de trem, iglus, cápsulas debaixo do mar ou ilhas onde só se pode chegar em helicópteros, pode custar milhares de dólares. São experiências que poucos podem viver

Os novos ricos estão preocupados em encontrar empresas de turismo e pessoas dispostas a compreender suas aspirações, que dediquem tempo para escutar e proporcionem a experiência que desejam viver. O preço definitivamente nunca foi o problema.

Bárbara Dal Rosso Lima

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano lectivo 2016/2017)

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