No passado dia 01 de Março celebraram-se eleições regionais na Galiza. Os eleitores mostraram a sua desconformidade com as opções políticas da coligação de governo, constituída pelo Partido Socialista de Galiza e o Bloco Nacionalista Galego. Esta maioria, surgida das eleições celebradas há quatro anos, substituiu o governo do Partido Popular, liderado por Manuel Fraga, que esteve no poder durante 16 anos, entre 1989 e 2005. O regresso do Partido Popular ao governo, depois de apenas uma legislatura na oposição, é indicativo de que certas dimensões da governação da coligação de progresso não foram bem sucedidas ou não foram bem entendidas pela cidadania. Obviamente, um aspecto que pode ter influenciado os resultados de forma significativa é a situação de crise generalizada que actualmente vive a economia espanhola, ainda que ainda é cedo para saber qual foi o seu impacto real no resultado final das eleições.
Apesar desta última ressalva, um dos aspectos destacáveis da intervenção do governo autonómico durante a passada legislatura foi a sua gestão económica. A economia da Galiza apresentou nos últimos dois anos e meio uma conjuntura macroeconómica significativamente melhor que a da economia espanhola, contrariando a tendência habitual da história económica recente. Concretamente, a Galiza cresceu nos últimos nove trimestres a um ritmo superior ao da média espanhola.
A evolução da economia Galega na última legislatura melhorou consideravelmente, como consequência da boa situação da economia Espanhola e da favorável evolução dos mercados de exportação, e, em boa verdade, em resultado das medidas de política implementadas pelo governo regional. Esta conjuntura macroeconómica teve o seu reflexo nos índices de poder de compra e nos níveis de qualidade de vida das famílias. No período 2005-2008 (período central da legislatura), o crescimento real per capita da economia Galega foi de 9,3%, ultrapassando em quase 6 pontas percentuais o da média espanhola. Em termos nominais, o crescimento desse indicador na Galiza foi de 20,6%, enquanto que em Espanha se situou nos 14,6%. Ademais, desde o terceiro trimestre de 2005, a taxa de desemprego mantém-se por baixo dos 10%, tendo atingido o seu nível mínimo em meados de 2007, quando desceu até os 7,6% da população activa.
No ano de 2008 o crescimento do PIB Galego foi de 1,8%, ultrapassando em 6 décimas a média espanhola (1,2%) e em 1,1 pontos a média da zona euro (0,7%). O crescimento homólogo no último trimestre de 2008 foi de 0,4%, enquanto que as taxas de crescimento para Espanha e a Zona Euro foram de –0,7% e de –1,2%, respectivamente.
Apesar deste bom desempenho relativo, a economia Galega entrará em recessão, seguindo a economia espanhola e as suas congéneres europeias, durante este primeiro trimestre do ano. Os dados do último trimestre de 2008 antecipam o cenário recessivo, dado que a tendência da maioria dos indicadores tem um carácter eminentemente negativo, ainda que, regra geral, melhor que a da média espanhola.
O consumo privado cresceu, em termos homólogos, no último trimestre de 2008, apenas 0,7%, desta forma, a taxa para o conjunto do ano ficou-se pelos 1,7%, mais de um ponto percentual por cima da média espanhola. O investimento, pelo seu carácter pró-cíclico, experimentou uma quebra, no último trimestre, superior a 6%, enquanto que a contracção desta macro-magnitude para a totalidade do ano ultrapassou os 2%. A desaceleração das exportações é o outro dado destacável do final do ano, dado que a quebra, no quarto trimestre, foi de aproximadamente 5%, com o qual, a variação relativa para o ano de 2008 é negativa e igual a meio ponto percentual.
Do lado da oferta, os dados do último trimestre revelam as dificuldades do sector industrial, com uma desaceleração, em termos homólogos, superior a 8%, devido aos fortes ajustamentos no sector de fabrico de automóveis e nos dependentes do sector da construção civil e obras públicas, tendo este último experimentado uma contracção, no mesmo período, muito próxima dos 4%. Em termos anuais, a quebra no sector industrial foi de 1,6% e na construção civil de 0,3%, enquanto que estas taxas de variação para o conjunto de Espanha foram de –2,7%, e de –3,3%, respectivamente, ou seja consideravelmente piores.
A criação de emprego caiu, no quarto trimestre de 2008, em 1,5%, enquanto que em Espanha fê-lo em 3,1%. O total de empregos equivalentes a tempo completo foi em 2008 de 1.158.748, 4.173 mais que em 2007, representativos de um crescimento de 0,4%, um ponto por cima da média espanhola. A taxa de desemprego era na Galiza no final de 2008 de 9,7%, significativamente mais baixa que a média estatal, que se aproximava, nessa data, dos 14% (actualmente em torno dos 15,5%).
Pelo seu carácter regional e pela intensa interdependência com o resto do país, a evolução da economia da Galiza depende, em grande medida, da evolução da economia do resto de Espanha. Contudo, existe uma importante margem de manobra, em termos de política pública, que deve ser aproveitada pelo governo regional para intensificar o ritmo de crescimento e melhorar os níveis de bem-estar da população. O governo derrotado nas passadas eleições parece ter feito, a este nível, escolhas adequadas, o recém-eleito deve ter o cuidado de manter o que de bom foi feito e não cair na tentação de assumir o discurso da inevitabilidade do destino, imposto pela actual situação de crise generalizada.
Apesar desta última ressalva, um dos aspectos destacáveis da intervenção do governo autonómico durante a passada legislatura foi a sua gestão económica. A economia da Galiza apresentou nos últimos dois anos e meio uma conjuntura macroeconómica significativamente melhor que a da economia espanhola, contrariando a tendência habitual da história económica recente. Concretamente, a Galiza cresceu nos últimos nove trimestres a um ritmo superior ao da média espanhola.
A evolução da economia Galega na última legislatura melhorou consideravelmente, como consequência da boa situação da economia Espanhola e da favorável evolução dos mercados de exportação, e, em boa verdade, em resultado das medidas de política implementadas pelo governo regional. Esta conjuntura macroeconómica teve o seu reflexo nos índices de poder de compra e nos níveis de qualidade de vida das famílias. No período 2005-2008 (período central da legislatura), o crescimento real per capita da economia Galega foi de 9,3%, ultrapassando em quase 6 pontas percentuais o da média espanhola. Em termos nominais, o crescimento desse indicador na Galiza foi de 20,6%, enquanto que em Espanha se situou nos 14,6%. Ademais, desde o terceiro trimestre de 2005, a taxa de desemprego mantém-se por baixo dos 10%, tendo atingido o seu nível mínimo em meados de 2007, quando desceu até os 7,6% da população activa.
No ano de 2008 o crescimento do PIB Galego foi de 1,8%, ultrapassando em 6 décimas a média espanhola (1,2%) e em 1,1 pontos a média da zona euro (0,7%). O crescimento homólogo no último trimestre de 2008 foi de 0,4%, enquanto que as taxas de crescimento para Espanha e a Zona Euro foram de –0,7% e de –1,2%, respectivamente.
Apesar deste bom desempenho relativo, a economia Galega entrará em recessão, seguindo a economia espanhola e as suas congéneres europeias, durante este primeiro trimestre do ano. Os dados do último trimestre de 2008 antecipam o cenário recessivo, dado que a tendência da maioria dos indicadores tem um carácter eminentemente negativo, ainda que, regra geral, melhor que a da média espanhola.
O consumo privado cresceu, em termos homólogos, no último trimestre de 2008, apenas 0,7%, desta forma, a taxa para o conjunto do ano ficou-se pelos 1,7%, mais de um ponto percentual por cima da média espanhola. O investimento, pelo seu carácter pró-cíclico, experimentou uma quebra, no último trimestre, superior a 6%, enquanto que a contracção desta macro-magnitude para a totalidade do ano ultrapassou os 2%. A desaceleração das exportações é o outro dado destacável do final do ano, dado que a quebra, no quarto trimestre, foi de aproximadamente 5%, com o qual, a variação relativa para o ano de 2008 é negativa e igual a meio ponto percentual.
Do lado da oferta, os dados do último trimestre revelam as dificuldades do sector industrial, com uma desaceleração, em termos homólogos, superior a 8%, devido aos fortes ajustamentos no sector de fabrico de automóveis e nos dependentes do sector da construção civil e obras públicas, tendo este último experimentado uma contracção, no mesmo período, muito próxima dos 4%. Em termos anuais, a quebra no sector industrial foi de 1,6% e na construção civil de 0,3%, enquanto que estas taxas de variação para o conjunto de Espanha foram de –2,7%, e de –3,3%, respectivamente, ou seja consideravelmente piores.
A criação de emprego caiu, no quarto trimestre de 2008, em 1,5%, enquanto que em Espanha fê-lo em 3,1%. O total de empregos equivalentes a tempo completo foi em 2008 de 1.158.748, 4.173 mais que em 2007, representativos de um crescimento de 0,4%, um ponto por cima da média espanhola. A taxa de desemprego era na Galiza no final de 2008 de 9,7%, significativamente mais baixa que a média estatal, que se aproximava, nessa data, dos 14% (actualmente em torno dos 15,5%).
Pelo seu carácter regional e pela intensa interdependência com o resto do país, a evolução da economia da Galiza depende, em grande medida, da evolução da economia do resto de Espanha. Contudo, existe uma importante margem de manobra, em termos de política pública, que deve ser aproveitada pelo governo regional para intensificar o ritmo de crescimento e melhorar os níveis de bem-estar da população. O governo derrotado nas passadas eleições parece ter feito, a este nível, escolhas adequadas, o recém-eleito deve ter o cuidado de manter o que de bom foi feito e não cair na tentação de assumir o discurso da inevitabilidade do destino, imposto pela actual situação de crise generalizada.
FRANCISCO CARBALLO-CRUZ
(artigo de opinião publicado a 10 de Março pp. no Suplemento de Economia do Diário do Minho, no âmbito de coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")
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