Antes de mais convém esclarecer a diferença entre desertificação e despovoamento, que acho, seria o que a colega quereria dizer. Desertificação quererá referir-se à perda de solo e despovoamento à perda de população de determinada área. Como tal, acho que este deveria ter sido o termo utilizado pela colega.
Depois apraz referir que o envelhecimento será mais uma consequência do que causa do êxodo rural. Efectivamente a população jovem, sem visão de futuro na região onde habita, tentará procurar as condições que almeja noutros locais, nomeadamente no litoral do país ou até no estrangeiro.
Há quem diga que os incêndios são uma consequência do despovoamento. Contudo tal não é verdade. É um facto que, antigamente a população procedia à remoção do material combustível dos terrenos, (não acho que exista floresta ou que esse termo possa ser usado em Portugal), para os mais variados efeitos. As causas dos incêndios transcendem as causas físicas. Contrariamente ao que se afirma não existem causais naturais. Ou têm origem negligente ou propositada. Ocorrem sobretudo no interior e a causa principal terá que ver com o sentido da renovação das pastagens. E aí o que deverá fazer é acções de sensibilização junto da população e proceder a queimadas controladas, com a ajuda dos Bombeiros, pois os benefícios das queimadas são mais que conhecidos.
Não me parece que a Saúde e a Educação devam ser serviços orientados com vista ao lucro. Sou totalmente contra este tipo de visão economicista. A saúde e educação são serviços que devem ser gratuitos. Será que ninguém se preocupa com a meia dúzia de crianças que ficou sem escola e que terá de percorrer quilómetros para ter aulas. Ou a centena de idosos que ficou a 2/3h do Serviço de saúde mais próximo. O que origina estas situações?! Mais êxodo do interior para o centro. Deixando, ainda mais, o interior despovoado, questão central e título do texto da colega. Estamos a combater um problema agravando ainda mais outro. Não devemos deixar de pensar, que a manter-se este ritmo de crescimento da população, os idosos poderão ser no futuro o grupo etário mais pesado da população e consequentemente de eleitores.
É claro que as teorias de localização têm uma lógica e sentido ainda hoje bem pertinentes. Mas actualmente, são os serviços a procurar a população ou a população a instalar-se junto aos serviços? Não posso deixar de pensar em serviços de saúde e educação como uma centralidade. Queixa-se a colega que as empresas deveriam instalar-se no interior. Também concordo, mas aí os custo de localização seriam elevado na medida em que deslocar o produto para os mercados poderia ter mais encargos, mas aí poderíamos eliminar as portagens, que continuo ser perceber porquê, quem quer passar férias no Allgarve não paga portagens depois de sair de Lisboa e quem vai visitar os familiares ao interior o tem de fazer. Construir centralidades e medidas para as tornar viáveis deve ser uma política a seguir.
Numa estadia em Ponte de Sôr, constatei as excelentes condições que a sua população possui, pavilhão gimnodesportivo, complexo de piscinas, campos de futebol, parque e a marginal junto ao rio assim como pequeno anfiteatro virado para este, mas que, ninguém, e não estou a enfatizar, parece usufruir. Parece-me evidente que houve um esforço para tentar prender a população à sua cidade mas infelizmente nem só boas condições de habitabilidade as aprisiona à sua terra.
Economia e crescimento estão relacionados mas economia e desenvolvimento nem tanto. Enquanto a visão economicista guiar as opções e acções tomadas nunca será alcançado a equidade a que se refere. O planeamento deve ser deixado ao cargo dos planeadores e as decisões aos decisores. Os políticos são aqueles que gerem interesses. Classifico-os como o grupo de pessoas que tenta convencer que os interesses que defendem são os mesmos que interessam à população em geral.
(comentário produzido sobre a mensagem intitulada "UM INTERIOR DESERTIFICADO: Solidão – a doença dos ...", pelo autor identificado)
Sem comentários:
Enviar um comentário