Os produtos
tradicionais têm vindo a sofrer, ao longo dos tempos, uma maior valorização por
partes dos consumidores. Estes produtos tradicionais podem ser de uma
diversidade imensa, que vão de produtos alimentares ate peças de artesanato.
A valorização
dos produtos tradicionais e locais tem vindo a ser feita para que estes não
sofram as consequências do abandono, ou seja, não corram o risco de serem
esquecidos e o seu modo de confecção não seja esquecido, sendo que dessa forma
a tradição do produto não é posta de parte, mas também que este produto se
mantenha ligado à sua terra, não se dispersando por outros territórios, para
não perder a sua qualidade local.
Muitas vezes
estes produtos são perdidos por desinteresse neles por parte dos jovens, em que
os mais idosos é que conhecem as técnicas e estas não são passadas de geração
em geração, levando assim à perda do produto mais facilmente. Para além destes
elementos, temos ainda a legislação que muitas vezes vem dificultar a venda dos
produtos tradicionais, não só por estes serem confeccionados, muitas vezes, em
casa de particulares, alegando assim falta de cuidados de higiene, mas também
porque estes não são vistos como bens por partes desta.
Com a
possibilidade de perda dos produtos tradicionais, estes têm vindo a ser um
forte alvo de interesse, não só pelos consumidores, mas também pelos produtores,
em que muitas vezes são os jovens que
procuram manter vivas estas tradições.
Apesar dos
produtos tradicionais e locais serem importantes para o reconhecimento das
regiões, pela existência destes elementos únicos, estes não são um forte factor
de empregabilidade, uma vez que a taxa de emprego nos que diz respeito a estes
produtos não é significativa, bem como o seu rendimento, que por vezes e quase
inexistente.
A venda
destes produtos pode ser efectuada de diferentes formas, como a venda directa
aos consumidores finais nos locais de produção, venda directa, sobretudo aos
consumidores finais, em mercados de retalho, venda para estabelecimentos
comerciais, venda em feiras especializadas.
Para além
disto, estes produtos têm uma particularidade, uma vez que são de origem
tradicional e muitas vezes a sua confecção é feita tradicionalmente e com
produtos de elevado preço, que é o produto final acabar por ter um valor de
venda elevado, levando os consumidores a comprar produtos mais baratos e de
menor qualidade. Com isto, os produtos tradicionais são pouco comprados pelos
consumidores, não pela sua qualidade, mas muitas vezes pelo seu preço de venda.
Actualmente,
os produtos tradicionais e locais são vistos como um factor de desenvolvimento,
uma vez que estes são crescentemente procurados, principalmente pelos turistas
e visitantes, a título de recordação dos
locais que visitaram ou então para provarem
a gastronomia local, sendo que desta forma sempre que virem ou ouvirem algo
sobre esse elemento reconheçam a origem deste. Um forte potencializador destes
bens e produtos é a existência de feiras internacionais e gastronómicas que
levam estes produtos a diversos consumidores que um dia mais tarde podem vir à
procura do local de origem destes, levando assim a uma dinamização económica
dos locais.
Para além dos
produtos alimentares, temos vinda a assistir ao crescimento do interesse pelas
tradições regionais, relativamente a trajes existentes ou a tradições de
procissões, desfiles, festivais, etc. que já foram realizados e que ao longo
dos anos cairam em desuso, e que agora estão a ser recuperados para não serem
totalmente esquecidos ou abandonados. Com a realização destes eventos, a
população local é atraída para participar e para assistir, mas quem não é da
região também tem interesse de assistir a estes eventos, e assim são
reconhecidos os valores destes.
Um exemplo
recente deste tipo de eventos é a “Semana Santa” em Braga que, apesar de não
ter caído em desuso e, pelo contrário, se realizar todos os anos, é um evento
que atrai a população do concelho, mas também turistas que se deslocam só para
poderem assistir a este evento que acontece uma vez por ano, na altura da
Páscoa.
Como podemos
ver, os produtos são elementos que podem trazer desenvolvimento local, mas
também atrair diversas pessoas que valorizam a existência destes produtos e
tradições, mas que, ao mesmo tempo trazem movimento económico às regiões onde
são realizados ou mantidos.
Ana Rita Costa
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)