quinta-feira, novembro 29, 2018

Leiria e o Investimento Direto Estrangeiro (4ª parte)

(Continuação)


8 - O que precisaria a região de fazer para alterar atrair outro tipo de investimento? 
A região precisaria de ser capaz de ganhar muito maior audição junto do governo central e de ter uma postura ativa no processo de captação de investimento externo, conforme já mencionado. A primeira dimensão prende-se com a reivindicação de novas infraestruturas e melhoria das existentes, a começar pela linha férrea e material circulante mas, também, em constituir-se como parceiro da mesma entidade nacional do processo de captação desse investimento. A segunda dimensão liga-se com a promoção da imagem do território e a definição de uma estratégia de desenvolvimento onde haja espaço para o reforço produtivo do território pela via de captação de IDE que seja estruturante, isto é, que permita dar força às apostas que se pretenda fazer. Neste enquadramento, mais uma vez, será necessário garantir apoios públicos e reforçar a capacidade de oferta de mão-de-obra qualificada e alguma capacidade endógena de inovação.


9 - O facto de não existir cá uma universidade, mas apenas um politécnico, pode retrair a vinda de novos investidores?
O problema não é ter-se ou não se ter uma universidade. O problema é a qualidade e solidez da instituição de ensino superior de que se dispõe e a sua presença no terreno, na relação com os agentes económicos e sociais, para além das funcionalidades de que dispõe, nomeadamente na dimensão formação, investigação e prestação de serviços à comunidade. Ora, o Instituto Politécnico de Leiria é uma instituição relativamente recente, que encetou um processo de qualificação dos seus quadros datado de há menos tempo e que, por força de enquadramentos legais e financeiros, encetou o processo de criação de estruturas de investigação ainda há menos tempo. De tudo isso resultam as fragilidades que eu enunciava acima, que condicionam o contributo que pode dar ao sistema socio-produtivo local, quer na dimensão formação de quadros quer na da produção de inovações e prestação de serviços de que o sistema produtivo local possa tirar efetiva vantagem. Estas coisas tomam tempo e é preciso assumir isso sem complexos. Está criado espaço para que a instituição tenha no futuro um protagonismo muito mais relevante.  

J. Cadima Ribeiro

(Reprodução parcial de respostas dadas, em 2 de novembro de 2018, a questões formuladas pela jornalista do Jornal de Leiria, Lurdes Trindade, no contexto de um dossiê jornalístico que estava a elaborar)

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