Nos últimos anos, os incêndios florestais[1] são uma das principais preocupações dos portugueses mas apenas no Verão quando o flagelo dos incêndios faz as parangonas dos jornais e enche os canais televisivos.
A sociedade tem uma visão de curto prazo sobre as questões que são mais visíveis na época de maior ocorrência de incêndios. Isto tem a ver com o facto de haver a percepção de que os fogos são um fenómeno que se combate e provavelmente de difícil prevenção.
Esta visão tem a ver com causas económicas e sociais, que se traduzem em comportamentos, atitudes e também em comportamentos que derivam de práticas agrícolas, de pastoreio, e até de práticas das actividades de recreio e lazer. A sociedade dá menos atenção às questões causais do que às questões do combate, pois tem uma percepção mais imediatista do problema.
Mas a verdade é que o problema da averiguação das causas é ESSENCIAL tendo em conta a realidade dos incêndios florestais que o nosso país vive ano após ano. O Ex-Director Geral das Florestas, Eng.º Carlos Morais, enfatiza este ponto, “Sem termos um perfil de causas bem identificado, sem termos um conhecimento das motivações do fenómeno, nós temos dificuldade em dirigir as nossas medidas. As medidas podem ser várias, de acordo com o tipo de causas (…)”. Portanto, para uma estratégia de defesa da floresta nacional, que é ESSENCIAL, é preciso fazer-se, em primeiro lugar, uma identificação das causas o mais rigorosa possível.
Neste contexto, foi realizado no âmbito do Programa Nacional “Forest Focus”, o projecto “Forest Fires Causes”, cujos objectivos centram-se na investigação das causas dos incêndios florestais, enquanto fonte de informação para a definição de estratégias, designadamente de sensibilização, conducentes à diminuição do número de ocorrências e consequentemente da área ardida.
Partindo da classificação adoptada pela base de dados comum da UE (“common core”), que classifica as causas dos incêndios florestais em Naturais, Negligentes, Intencionais e Desconhecidas (Indeterminadas), foi realizada uma análise aos dados apurados no cômputo (2.150 registos). Os resultados apurados permitiram a determinação das causas em 1.604 investigações. A taxa de indeterminação cifrou-se em 25%, resultante de 546 investigações inconclusivas. Dos resultados apurados, 43% tiveram origem intencional, 31% relacionaram-se com negligência, e apenas 0,3% dos incêndios tiveram origem natural.
Existe, realmente, o reconhecimento de que subsiste uma categoria de causas intencionais, com carácter de crime. E é neste contexto que os comportamentos são importantes, porque, através deles, se consegue perceber algumas categorias de causas, que muitas vezes dão aos responsáveis, indicações da necessidade de actuar em determinados aspectos, ligados à educação e à sensibilização.
O conhecimento das causas dos incêndios tem como objectivo, no contexto da prevenção dos incêndios florestais, produzir informação sobre ONDE, QUANDO, COMO e PORQUÊ deflagrou um incêndio florestal, sendo esta informação uma das pedras basilares da política de prevenção de eclosão do fogo e de defesa da floresta contra incêndios (Direcção Geral dos Recursos Florestais, 2007).
A informação resultante da investigação das causas é de enorme utilidade quer para o legislador, quer para a definição de estratégias de prevenção, designadamente em matéria de sensibilização.
Flora Ferreira Leite
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
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[1] A escolha deste tema prende-se sobretudo com interesses profissionais, em termos de investigação (realização da Tese de Mestrado na área dos incêndios florestais), participação em projectos (no âmbito do Programa Nacional “Forest Focus”), e com a sua actualidade.
A sociedade tem uma visão de curto prazo sobre as questões que são mais visíveis na época de maior ocorrência de incêndios. Isto tem a ver com o facto de haver a percepção de que os fogos são um fenómeno que se combate e provavelmente de difícil prevenção.
Esta visão tem a ver com causas económicas e sociais, que se traduzem em comportamentos, atitudes e também em comportamentos que derivam de práticas agrícolas, de pastoreio, e até de práticas das actividades de recreio e lazer. A sociedade dá menos atenção às questões causais do que às questões do combate, pois tem uma percepção mais imediatista do problema.
Mas a verdade é que o problema da averiguação das causas é ESSENCIAL tendo em conta a realidade dos incêndios florestais que o nosso país vive ano após ano. O Ex-Director Geral das Florestas, Eng.º Carlos Morais, enfatiza este ponto, “Sem termos um perfil de causas bem identificado, sem termos um conhecimento das motivações do fenómeno, nós temos dificuldade em dirigir as nossas medidas. As medidas podem ser várias, de acordo com o tipo de causas (…)”. Portanto, para uma estratégia de defesa da floresta nacional, que é ESSENCIAL, é preciso fazer-se, em primeiro lugar, uma identificação das causas o mais rigorosa possível.
Neste contexto, foi realizado no âmbito do Programa Nacional “Forest Focus”, o projecto “Forest Fires Causes”, cujos objectivos centram-se na investigação das causas dos incêndios florestais, enquanto fonte de informação para a definição de estratégias, designadamente de sensibilização, conducentes à diminuição do número de ocorrências e consequentemente da área ardida.
Partindo da classificação adoptada pela base de dados comum da UE (“common core”), que classifica as causas dos incêndios florestais em Naturais, Negligentes, Intencionais e Desconhecidas (Indeterminadas), foi realizada uma análise aos dados apurados no cômputo (2.150 registos). Os resultados apurados permitiram a determinação das causas em 1.604 investigações. A taxa de indeterminação cifrou-se em 25%, resultante de 546 investigações inconclusivas. Dos resultados apurados, 43% tiveram origem intencional, 31% relacionaram-se com negligência, e apenas 0,3% dos incêndios tiveram origem natural.
Existe, realmente, o reconhecimento de que subsiste uma categoria de causas intencionais, com carácter de crime. E é neste contexto que os comportamentos são importantes, porque, através deles, se consegue perceber algumas categorias de causas, que muitas vezes dão aos responsáveis, indicações da necessidade de actuar em determinados aspectos, ligados à educação e à sensibilização.
O conhecimento das causas dos incêndios tem como objectivo, no contexto da prevenção dos incêndios florestais, produzir informação sobre ONDE, QUANDO, COMO e PORQUÊ deflagrou um incêndio florestal, sendo esta informação uma das pedras basilares da política de prevenção de eclosão do fogo e de defesa da floresta contra incêndios (Direcção Geral dos Recursos Florestais, 2007).
A informação resultante da investigação das causas é de enorme utilidade quer para o legislador, quer para a definição de estratégias de prevenção, designadamente em matéria de sensibilização.
Flora Ferreira Leite
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
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[1] A escolha deste tema prende-se sobretudo com interesses profissionais, em termos de investigação (realização da Tese de Mestrado na área dos incêndios florestais), participação em projectos (no âmbito do Programa Nacional “Forest Focus”), e com a sua actualidade.
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