sábado, maio 02, 2009

Economia e ambiente

O valor dos solos e sua importância económica e ambiental por vezes antagónica

Muitas vezes quando falamos de recursos naturais esquecemo-nos de referir os solos, esquecendo que os solos são um importantíssimo recurso natural, servindo inclusivamente de suporte físico a todos os outros recursos. Os solos, o terreno, o espaço são um recurso natural de elevada relevância pois é um recurso finito e a sua utilização e ocupação deve ser bem planeada e bem aproveitada.
Com a ocupação humana os solos começaram a ter utilidades diversificadas e dependentes da sua aptidão natural. Foram então distinguidos os solos para construção urbana, os solos aptos para a produção agrícola, e solos úteis na produção florestal. Cada tipo de solo gera posteriormente riqueza diferenciada. Tal como acontece com os solos urbanizáveis, por exemplo, que são mais caros e têm mais valor económico que um solo agrícola ou que um solo florestal, embora estes últimos produzam também riqueza.
Contudo, há um tipo de solo que é raramente referido quando se fala em tipos de solos. Ainda menos é referido quando se fala de valor dos solos. De facto, os solos naturais e com funcionalidades ecológicas de equilíbrio dos ecossistemas e do próprio “ambiente humano” é muitas vezes menosprezado. A verdade que este tipo de solo não gera qualquer tipo de riqueza, e muitas vezes para se manter ecologicamente funcional necessita de muito investimento e manutenção. Isto faz com que estes solos funcionem como opositores ou pelo menos não geradores de riqueza.
Acontece com frequência ouvirmos falar das pressões que as áreas verdes sofrem devido às forças de mercado. Estas forças de mercado pretendem crescer e expandir-se e não o conseguem devido a um território protegido e natural que não produz qualquer tipo de lucro.
Embora a maioria das pessoas desconheça a importância ecológica de uma área natural, ou de um ecossistema, estas áreas devem ser protegidas e bem geridas pelos planeadores, impelidos pela necessidade de fomentar um desenvolvimento sustentável e um ambiente mais saudável às suas populações.
Para tentar impedir que esta subvalorização dos solos naturais continue e travar a pressão de que são alvo poderiam tomar-se medidas que possibilitassem uma auto-suficiência dos espaços naturais. Em muitos países é necessário pagar uma taxa simbólica para visitar espaços naturais. Esta pequena taxa permite que estes espaços produzam de facto alguma riqueza, útil por vezes para a manutenção da própria área natural.
A maioria das vezes, o cidadão comum valoriza mais um parque da cidade, construído para o lazer do que um espaço que seja de facto natural. O que a população considera ser qualidade de vida raramente inclui os espaços naturais. As construções, edificações, pontes, estradas, etc. são muito valorizadas em detrimento dos solos naturais e dos ecossistemas de um território. É necessário que se entenda pelo menos de onde vem o oxigénio e a fonte de vida da humanidade, senão, daqui a umas décadas estaremos sozinhos na Terra no meio de florestas de betão.

Carina Machado

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

1 comentário:

Ricardo Correia disse...

Acho ridículo que se defina como espaço verde as rotundas, as bermas das estradas, as árvores no passeio. A interacção entre o homem e o meio é possível.
Para proteger estes solos naturais existe a REN (Reserva Ecológica Nacional), podem-me dizer que está mal delimitada, que não cumpre com a função com que foi criada, isso eu não posso refutar porque desconheço todos os terrenos que afecta e os critérios de abrangência tidos em conta para a sua criação, vista que se ouvem vários comentários sobre a legitimidade de abranger determinada zona e outras estarem excluídas. Mesmo sido criada para proteger estes solos a REN é constantemente vitima de atropelos, especulações e destruição por parte sobretudo de agente económicos.
Neste sentido, uma nova delimitação deveria ser tida em consideração, com critérios que tivessem em conta a sua definição e que não fosse baseada em interesses ou lobbys e fosse realmente protegida.

Ricardo Correia - Aluno de Mestrado - Planeamento e Gestão do Território