Todos os territórios dispõem de recursos naturais, mas transformar esses recursos em mais-valias depende da existência de um agente que avalie a sua utilidade, com vista a um fim. Neste sentido, as ocorrências geológicas sempre existiram e sempre foram exploradas pelo Homem. Contudo, a preocupação com a sua conservação é recente. E, dado que, é impossível salvaguardar todas as ocorrências geológicas, procura-se proteger aquelas que possuem grande valor científico, pedagógico ou turístico (BRILHA; 2005). Estes elementos designam-se por Geossítios, por sua vez o seu conjunto constitui o Património Geológico de uma área.
A geoconservação pode ocorrer através da criação de geoparques. Este conceito surgiu num Programa da UNESCO, mas nunca foi aprovado devido a motivos financeiros. Contudo, a UNESCO conferiu um patrocínio (não financeiro) a áreas que respondessem aos critérios delineados. Surgindo assim a Rede Europeia de Geoparques (REG) em 2000, e em 2004, a Rede Global de Geoparques. Nos geoparques conjuga-se a geoconservação com o desenvolvimento económico sustentável. Estimulando-se a criação de actividades económicas suportadas na geodiversidade local, em conjunto com as comunidades locais. Procura-se que a geoconservação constitua um elemento de promoção dos territórios e não de condicionalismo.
Em Portugal existem dois geoparques que pertencem à REG. O da NaturTejo que integra os concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão. E, o de Arouca que foi criado em 2007 (integrado na REG em 2009), com uma área de 328 Km2 (que corresponde aos limites do concelho de Arouca), que é gerido pela Associação Geoparque Arouca (AGA). O orçamento do geoparque tem vindo a aumentar, demonstrando que este tem vindo a ganhar relevo no panorama local. Em 2010 o total de proveitos foi de 177.931,78€, e os custos de 161.025,66€, traduzindo-se num o saldo positivo de 10.808,96€. Para 2011 está previsto um incremento dos proveitos para 396.003, 00€, segundo o Plano de Actividades e Orçamento de 2011 da AGA.
O geoparque de Arouca tem quarenta e um Geossítios, apresentando um Património Geológico de relevância internacional, como é o caso das trilobites gigantes e das Pedras Parideiras. Os Geossítios estão articulados com outros valores, designadamente ecológicos, históricos, desportivos, culturais e ainda artesanato e gastronomia, levando a um desenvolvimento integrado da região.
Uma das principais mais-valias do Geoparque Arouca para a economia local traduz-se ao nível do turismo - o geoturismo, em que os motivos turísticos estão directamente relacionados com os aspectos geológicos locais. Este tipo de turismo insere-se no Turismo de Natureza, reconhecido pelo PENT (2007) como um dos dez produtos turísticos estratégicos para Portugal. E, dado que, o geoparque tem uma forte ligação com o espaço e a comunidade envolvente surge, ainda, uma excelente oportunidade para que se desenvolvam outros tipos de turismos, como Touring Cultural e o Turismo de Gastronomia e Vinhos.
Para além do turismo associado ao geoparque surge ainda um vasto conjunto de benefícios para a comunidade local. Desde logo, a protecção da geodiversidade, fundamental para a protecção da biodiversidade, uma vez que dimensão geológica constitui o suporte da vida na Terra. O geoparque desenvolve, também, actividades de educação ambiental e de valorização do ambiente, implementando políticas de desenvolvimento sustentável, e tem, ainda, uma forte ligação com a investigação científica, sendo o Centro de Interpretação Geológica de Canelas um exemplo ímpar de cooperação entre a indústria extractiva, a educação e a ciência.
O Geoparque Arouca graças ao diversificado conjunto de sinergias económicas, sociais e políticas que tem estabelecido apresenta-se como um elemento determinante para o desenvolvimento desta região.
Catarina Pinheiro
BIBLIOGRAFIA
BRILHA, José (2005) – Património Geológico e Geoconservação A conservação da Natureza na sua Vertente Geológica, Palimage Editores, Braga
PENT (2007) – Plano Estratégico Nacional do Turismo, Turismo de Portugal, Lisboa
Relatórios de Actividades de Contas de 2010 da AGA, em
Plano de Actividades e Orçamento de 2011 da AGA, em
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
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