Considero que os trabalhos académicos devem ser divulgados fora da Academia, sob pena de estarmos a trabalhar em circuito fechado e o esforço dos alunos contribuir muito pouco para a melhoria do bem-estar da população. Por este motivo, gostaria de partilhar neste texto uma investigação desenvolvida por um jovem investigador (António Miguel Martins), sob a forma de dissertação de Mestrado, defendida neste mês de Maio na Universidade do Minho (Departamento de Geografia), intitulada “Marketing Territorial para o concelho de Vila Nova de Famalicão”.
A expressão “marketing territorial” tem ganho particular destaque nos últimos anos, denunciando uma crescente preocupação das autoridades político-administrativas de conduzirem acções de promoção e de divulgação das unidades territoriais que lhes estão afectas. Não podemos esquecer que a imagem de um território pode ser determinante quer para o seu atraso quer para a sua estagnação, ou seja, a imagem de um território pode motivar ou desmotivar os vários intervenientes (económicos, sociais ou outros).
Partindo da questão O concelho de Vila Nova de Famalicão tem uma imagem atractiva, que se consiga vender?, António Miguel Martins, tendo por base vários aspectos positivos inerentes ao município em questão, tais como, o seu geoposicionamento, que lhe confere inevitável mais valia em termos de acessibilidade, e o aumento em termos populacionais de 16,2% verificado entre 1991 e 2008, tentou responder a esta questão. Nesta primeira abordagem à investigação realizada (Parte I), assinalamos alguns aspectos de diagnóstico do território, que poderão ajudar à resposta à questão colocada.
Na metodologia SWOT utilizada, que traduzida para português se reporta a quatro quadrantes - pontos fortes (Strengths), pontos fracos (Weaknesses), oportunidades (Opportunities) e riscos (Threats) -, são mencionados vários elementos.
As acessibilidades, a cultura e tradições, a oferta de funcionalidades urbanas e o comércio em geral, bem como o potencial de crescimento da cidade, além da existência de pólos universitários, são assumidos como os pontos fortes, isto é, que marcam de forma positiva o território analisado e que poderão constituir alicerces para o sucesso desse mesmo território.
Os baixos níveis de natalidade, a pouca expressão do turismo e a pressão que a indústria exerce sobre o ambiente, além do tecido empresarial ainda muito assente na fileira têxtil, são pontos fracos a ter em consideração.
Quando se faz uma análise externa do município de Vila Nova de Famalicão, verifica-se a necessidade de precaver os riscos derivados da exposição do sector têxtil ao mercado internacional, que enfrenta concorrência internacional nos mesmos produtos de países com um menor custo de mão-de-obra ou de países que praticam dumping (denominação atribuída à prática comercial em que uma ou mais empresas de um país vende os seus produtos a preços abaixo do seu valor justo para outro país, visando prejudicar e eliminar os fabricantes de produtos similares concorrentes no local, passando então a dominar o mercado e impondo preços mais altos).
As oportunidades avaliadas para este território prendem-se com a sua posição estratégica, no seio de um território com um significativo poder económico, entre as principais cidades do Norte de Portugal (Porto e Braga), sendo também o potencial de desenvolvimento do município a característica principal para o nascimento de novas empresas vocacionadas e orientadas para as exigências do futuro.
A análise estratégica acaba concluindo que o território analisado possui um franco potencial de desenvolvimento e que a aplicação de uma estratégia de marketing territorial e a criação de uma marca que identifique, informe e valorize as características assinaladas, poderão ser cruciais para a atracção de mais intervenientes para o dito território.
Esta é a visão do jovem investigador, mas qual será a cidade de sonho da população residente em Vila Nova de Famalicão? E como vêem os residentes noutros municípios Vila Nova de Famalicão? Estas são as questões às quais o investigador tentou responder, aplicando um inquérito via Internet e cujos resultados apresentaremos na Parte II.
Paula Cristina Remoaldo
[artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho, no contexto de colaboração regular]
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