quarta-feira, maio 01, 2013

O uso do indicador PIB (Produto Interno Bruto) nas questões associadas ao desenvolvimento humano

O PIB (Produto Interno Bruto) retrata a economia de um país, ou seja, este representa o seu nível de desenvolvimento económico durante um ano e apresenta-se como um dos principais indicadores do potencial económico de cada país. É a soma anual de todas as actividades produtivas (bens e serviços) realizadas dentro do país, independentemente da “nacionalidade” das empresas e das remessas de lucros feitas por estas ao exterior. O produto interno bruto passou a ser utilizado a partir da Segunda Guerra Mundial como instrumento para medir a situação e o crescimento económico dos países e, por algum tempo, o PIB per capita (PIB dividido pela população do país) passou a ser um valorizado indicador da qualidade de vida das populações.
De referir que, desde na década de 1990, a ONU, além de utilizar o PIB per capita como indicador da qualidade de vida, passou a utilizar um índice mais abrangente para avaliar a mesma, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O Produto Interno Bruto pode ser influenciado por vários factores, nomeadamente o consumo patenteado pela população de um determinado país, o que apresenta uma influência directa na sua variação. Quando se assiste a uma contracção do consumo, o PIB anuncia um crescimento negativo. Claro que o nível de consumo por parte da sociedade está intimamente relacionado com o salário que esta aufere. Se o salário for superior, o consumo aumentará significativamente.
Todas estas questões são de extrema relevância uma vez que, se o país se encontrar numa boa situação, PIB com crescimento positivo, este irá reflectir-se em termos territoriais, ou seja, passamos a ter uma economia mais “movimentada”, e as apostas em serviços e infra-estruturas estarão em alta. O PIB é um bom indicador de análise territorial: se, por um lado, a contracção do consumo faz antever um crescimento negativo do PIB, esse elemento pode também ser utilizado para medir o nível de desenvolvimento ou a inexistência do mesmo nas regiões do país.
Os juros apresentam-se como um outro factor que influencia a positividade ou negatividade o crescimento do produto interno bruto: se os juros das prestações forem menores, existe parte substancial do salário que pode ser utilizada no consumo. Este facto contribui para o aumento do PIB. Grosso modo, os juros contribuem para a perturbação do crescimento do país. Um aspecto que contribui para a movimentação da economia e para o crescimento da mesma é o investimento efectuado pelas empresas, o facto de estas comprarem máquinas para a sua produção, expandirem actividades e contratarem trabalhadores contribui para a evolução da economia.
Os investimentos feitos por parte do governo no seu próprio país são um factor marcante no crescimento do produto interno bruto e na dinamização da economia. As exportações também se reflectem no produto interno bruto: quanto mais elevado for o volume das mesmas, maior será o dinheiro que entra no país e, logo, o investimento e o consumo aumentam. De ressalvar que, no apuramento do PIB não entram produtos ou serviços de empresas portuguesas no estrangeiro, nem envio de capital proveniente de emigrantes ou outras verbas que advenham da União Europeia. Por outro lado, são tidos em consideração os bens produzidos por estrangeiros no nosso país.
O crescimento do valor total do produto interno bruto, só por si, pode não difundir uma ideia exacta do comportamento da produção de um país. É sempre bom atender ao crescimento parcelar. Por exemplo, Portugal entre 1996 e 2005 teve um crescimento médio de 1,9 na agricultura, 2,2 em outros serviços, 1,8 na indústria e um crescimento médio de 9,6 nos serviços financeiros. O crescimento acentuado nos serviços financeiros é em grande parte fruto do facilitismo criado no acesso ao crédito, preconizando o endividamento das famílias. Esta disparidade entre os sectores "pode a curto prazo ser pouco saudável para a economia" (João Ferreira do Amaral, in Jornal de Negócios).
O produto interno bruto português é o mais baixo dos países sob assistência financeira, isto é, Portugal é o país que apresenta um PIB por habitante associado a um poder de compra reduzido. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, Portugal apresenta um PIB per capita, expresso em paridade de poder de compra, mais baixo das economias do sul da Europa, designadas de PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), pelo sétimo ano consecutivo. Na União dos 27, Portugal ocupa a 18ª posição.
Relativamente ao PIB nacional por habitante, Portugal tem vindo a subir ao longo dos últimos anos face à média da União Europeia (100). Em 2004, Portugal situava-se em 75%, subindo para 77% em 2005, 78% em 2007 e 2008 e estagnando em 80% até 2010, isto, relativamente ao PIB per capita.
Em suma, o PIB, para além de ser utilizado como um indicador de desenvolvimento de um país, pode também ser utilizado para medir a inexistência do mesmo, dando lugar à criação de alternativas que contrariem esta tendência e potencializem o crescimento e desenvolvimento das regiões.

Ana Pereira

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

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