O
PIB (Produto Interno Bruto) retrata a economia de um país, ou seja, este
representa o seu nível de desenvolvimento económico durante um ano e
apresenta-se como um dos principais indicadores do potencial económico de cada
país. É a soma anual de
todas as actividades produtivas (bens e serviços) realizadas dentro do país,
independentemente da “nacionalidade” das empresas e das remessas de lucros
feitas por estas ao exterior. O produto interno
bruto passou a ser utilizado a partir da Segunda Guerra Mundial como
instrumento para medir a situação e o crescimento económico dos países e, por
algum tempo, o PIB per capita (PIB
dividido pela população do país) passou a ser um valorizado indicador da
qualidade de vida das populações.
De referir que, desde na década de 1990, a ONU, além de
utilizar o PIB per capita como
indicador da qualidade de vida, passou a utilizar um índice mais abrangente
para avaliar a mesma, o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH). O
Produto Interno Bruto pode ser influenciado por vários factores, nomeadamente o
consumo patenteado pela população de um determinado país, o que apresenta uma influência
directa na sua variação. Quando se assiste a uma contracção do consumo, o PIB
anuncia um crescimento negativo. Claro que o nível de consumo por parte da
sociedade está intimamente relacionado com o salário que esta aufere. Se o
salário for superior, o consumo aumentará significativamente.
Todas estas questões são de extrema
relevância uma vez que, se o país se encontrar numa boa situação, PIB com
crescimento positivo, este irá reflectir-se em termos territoriais, ou seja,
passamos a ter uma economia mais “movimentada”, e as apostas em serviços e
infra-estruturas estarão em
alta. O PIB é um bom indicador de análise territorial: se,
por um lado, a contracção do consumo faz antever um crescimento negativo do
PIB, esse elemento pode também ser utilizado para medir o nível de
desenvolvimento ou a inexistência do mesmo nas regiões do país.
Os juros apresentam-se como um outro
factor que influencia a positividade ou negatividade o crescimento do produto
interno bruto: se os juros das prestações forem menores, existe parte
substancial do salário que pode ser utilizada no consumo. Este facto contribui
para o aumento do PIB. Grosso modo, os juros contribuem para a perturbação do
crescimento do país. Um aspecto que contribui para a movimentação da economia e
para o crescimento da mesma é o investimento efectuado pelas empresas, o facto
de estas comprarem máquinas para a sua produção, expandirem actividades e contratarem
trabalhadores contribui para a evolução da economia.
Os investimentos feitos por parte do
governo no seu próprio país são um factor marcante no crescimento do produto
interno bruto e na dinamização da economia. As exportações também se reflectem
no produto interno bruto: quanto mais elevado for o volume das mesmas, maior
será o dinheiro que entra no país e, logo, o investimento e o consumo aumentam.
De ressalvar que, no apuramento do PIB não entram produtos ou serviços de
empresas portuguesas no estrangeiro, nem envio de capital proveniente de emigrantes
ou outras verbas que advenham da União Europeia. Por outro lado, são tidos em
consideração os bens produzidos por estrangeiros no nosso país.
O
crescimento do valor total do produto interno bruto, só por si, pode não
difundir uma ideia exacta do comportamento da produção de um país. É sempre bom
atender ao crescimento parcelar. Por exemplo, Portugal entre 1996 e 2005 teve
um crescimento médio de 1,9 na agricultura, 2,2 em outros serviços, 1,8 na indústria
e um crescimento médio de 9,6 nos serviços financeiros. O crescimento acentuado
nos serviços financeiros é em grande parte fruto do facilitismo criado no
acesso ao crédito, preconizando o endividamento das famílias. Esta disparidade
entre os sectores "pode a curto prazo ser pouco saudável para a
economia" (João Ferreira do Amaral, in
Jornal de Negócios).
O
produto interno bruto português é o mais baixo dos países sob assistência financeira,
isto é, Portugal é o país que apresenta um PIB por habitante associado a um
poder de compra reduzido. De acordo com os dados do Instituto Nacional de
Estatística, Portugal apresenta um PIB per
capita, expresso em paridade de poder de compra, mais baixo das economias
do sul da Europa, designadas de PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e
Espanha), pelo sétimo ano consecutivo. Na União dos 27, Portugal ocupa a 18ª
posição.
Relativamente
ao PIB nacional por habitante, Portugal tem vindo a subir ao longo dos últimos
anos face à média da União Europeia (100). Em 2004, Portugal situava-se em 75%,
subindo para 77% em 2005, 78% em 2007 e 2008 e estagnando em 80% até 2010,
isto, relativamente ao PIB per capita.
Em
suma, o PIB, para além de ser utilizado como um indicador de desenvolvimento de
um país, pode também ser utilizado para medir a inexistência do mesmo, dando
lugar à criação de alternativas que contrariem esta tendência e potencializem o
crescimento e desenvolvimento das regiões.
Ana Pereira
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
Ana Pereira
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
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