quinta-feira, julho 31, 2008

Turismo Cultural: uma oportunidade económica do nosso tempo (2)

A actividade turística é uma das formas contemporâneas de aproveitamento dos recursos dos territórios, com peso crescente nalguns deles. Nesta acepção, o desenvolvimento do turismo depende das especificidades de cada região, só sendo viável quando existem recursos que garantam uma vocação turística. Os recursos podem resultar dos atributos naturais, humanos, históricos e culturais dos territórios. O seu aproveitamento económico supõe, todavia, que sejam asseguradas condições básicas nos domínios das infra-estruturas económicas e sócio-culturais.
Para que o turismo possa constituir-se no instrumento de desenvolvimento que antes se refere, aparte a pré-condição acabada de referir, será crucial que seja feito um esforço para a criação de produtos e serviços turísticos inovadores e diversificados, que seja assegurada a concertação de actuações dos seus principais agentes e feito um adequado investimento no equilíbrio ambiental e na valorização do património cultural.
Estas ideias têm suporte na circunstância de, nas últimas décadas, uma nova geração de turistas ter vindo a procurar produtos turísticos crescentemente diversificados. O clima criado por uma sociedade em mudança acelerada, ecologicamente mais consciente, que procura uma nova qualidade de vida, orientada para um contacto mais estreito com a natureza e com o património cultural das regiões visitadas, proporcionou as bases para a diversificação das actividades e dos produtos turísticos.
Sublinhe-se, entretanto, que a actividade turística só fará parte do processo de desenvolvimento regional/local quando for capaz de se integrar na organização global do sistema produtivo e não quando seja implementada como uma prática autónoma. Pensada de outro modo, será disruptora de equilíbrios económicos, sociais e culturais e, muito provavelmente, delapidadora do ambiente.
Foi com este pano de fundo que o tema do “Turismo Cultural” emergiu no Congresso Internacional ´Turismo Cultural e Religioso`, que a TUREL, estrutura sedeada em Braga, dedicada à dinamização do turismo religioso, organizou na Póvoa de Varzim, há poucos meses. Ilustrando a sensibilidade que vai existindo nalguns lugares e em certos agentes para as potencialidades económicas decorrentes do aproveitamento do respectivo património cultural, do referido evento retenho aqui um excerto da intervenção da representante do Instituto de Turismo de Espanha (Elena Vadillo Lobo):
“Conscientes de los cambios experimentados en el ámbito turístico a nivel mundial, entre los que se encuentra una creciente demanda de segmentación, la Administración turística española viene realizando un notable esfuerzo de impulso a la creación de nuevos productos turístico-culturales que satisfagan con unos elevados estándares de calidad una demanda cada vez más exigente y especializada. Fruto de esta segmentación, TURESPAÑA ha desarrollado líneas de promoción específicas orientadas al turismo gastronómico, el turismo idiomático, así como aquel focalizado en eventos o citas culturales de relevancia internacional.”
Aparte denunciar a atenção com que as autoridades políticas de alguns países (neste caso, a Espanha) vão acompanhando as tendências de evolução do mercado turístico, o texto que retenho parece-se-me ilustrar bem a diversidade de segmentos e a complexidade desse mercado, a exigir estratégias de promoção e de aproveitamento bem pensadas e melhor aplicadas, informadas por vínculos estreitos com os territórios turísticos e seus actores.
Gostaria de dizer que é também esse o caminho que está a ser prosseguido em Portugal. Ora, para tanto, importaria que se começasse por não confundir divisões administrativas e unidades territoriais para fins estatísticos com destinos turísticos, e importaria que se olhasse para os territórios a partir dos seus recursos e não da respectiva capacidade de se insinuarem junto dos poderes políticos centrais. Sendo como é, receio bem que o imenso património cultural, material e imaterial, que Leiria e a Alta Estremadura encerram, à semelhança de outros territórios nacionais, de que tomo como exemplo o Minho, continuem a ser negligenciados, com tudo o que isso implica em matéria de perda de oportunidades de criação de emprego e de rendimento e, mesmo, de risco de degradação, por as populações não lhe perceberem a valia económica.
J. Cadima Ribeiro
(artigo de opinião publicado na edição de hoje do Jornal de Leiria)

segunda-feira, julho 28, 2008

quinta-feira, julho 24, 2008

quarta-feira, julho 23, 2008

Business social responsibility

"Business social responsibility should not be coerced; it is a voluntary decision that the entrepreneurial leadership of every company must make on its own."

John Mackey

(citação extraída de SBANC Newsletter, July 22, Issue 529-2008, http://www.sbaer.uca.edu/)

sábado, julho 19, 2008

Seminário sobre “A Política Ambiental na Fiscalidade sobre os Resíduos”

"Caríssimos associados,
Vimos por este meio divulgar o evento externo abaixo indicado.
Com os melhores cumprimentos,

Rita Azevedo
APDR
______________________________________________________________
Exmos/as Senhores/as,
O GEOTA encontra-se envolvido, desde 2001, numa campanha a nível Europeu para a promoção de uma efectiva Reforma Fiscal Ambiental (RFA), que beneficie as entidades com um bom desempenho ambiental da sua actividade. Esta campanha é coordenada, a nível europeu, pelo European Environmental Bureau (EEB) e, a nível nacional, pelo GEOTA.
Nesse âmbito, vai ser organizado um Seminário sobre “A Política Ambiental na Fiscalidade sobre os Resíduos”, no próximo dia 22/07, a partir das 14h00, no Auditório da LIPOR, no Porto, para o qual convidamos desde já V. Exa. ou um V/ representante a participar.
A gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) apresenta custos ambientais e económicos elevados. Estes custos são sempre pagos: pelos cidadãos, através dos impostos (princípio do contribuinte-pagador); ou de forma mais justa, pelos responsáveis pela produção desse lixo (princípio do poluidor-pagador).
Numa época na qual os hábitos de consumo no nosso país se reflectem em produções crescentes de resíduos sólidos, é urgente tomar medidas que incentivem boas práticas, nos cidadãos, nas empresas e nas instituições públicas, quer seja na separação dos resíduos, na minimização de recursos desperdiçados, ou na gestão adequada destes, também pelo lado dos instrumentos económicos.
Este debate pretende abordar essa e outras questões, contando com agentes importantes do sector.
Aos participantes inscritos garante-se participação gratuita, documentação de apoio e a oferta de algumas publicações do GEOTA.
Mais informações sobre esta e outras iniciativas organizadas pelo GEOTA podem ser obtidas mediante consulta à N/ página da Internet (http://www.geota.pt/) ou junto dos nossos serviços.
Sem mais assunto de momento, agradecendo, desde já, toda a divulgação a esta iniciativa que possa ser prestada por V.Exa., resta-nos despedir-nos,
Com os melhores cumprimentos

Carlos Nunes Costa
Presidente

[...]
__________________________________________________________________
Secretariado de - Secretariat of:

GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente
National-wide environmental NGO specialized in environmentalpolicy and environment and development issues
Endereço/Address: Travessa do Moinho de Vento, Nº 17, CV. Dta. 1200-727 LISBOA - PORTUGAL
Tel/phone: +351 21 395 61 20 - Tel/Fax: +351 21 395 53 16 - Telemóvel (cellphone): 96 260 26 80"
*
(reprodução de mensagem de correio electrónico recebida em 08/07/17, proveniente da entidade identificada)

quarta-feira, julho 16, 2008

Turismo Cultural: uma oportunidade económica do nosso tempo

A actividade turística é uma das formas contemporâneas de aproveitamento dos recursos dos territórios, com peso crescente nalguns deles. Nesta acepção, o desenvolvimento do turismo depende das especificidades de cada região, só sendo viável quando existem recursos que garantam uma vocação turística. Os recursos dos territórios podem, por sua vez, resultar dos seus atributos naturais, humanos, históricos e culturais. O seu aproveitamento económico supõe, todavia, que sejam asseguradas condições básicas nos domínios das infra-estruturas económicas e socioculturais, sem as quais não se constituirá no importante instrumento de desenvolvimento que potencialmente é.
Para que o turismo possa constituir-se no instrumento de desenvolvimento que antes se refere, aparte a exigência já mencionada, será crucial que seja feito um esforço para a criação de produtos e serviços turísticos inovadores e diversificados, que seja assegurada a concertação de actuações dos seus principais agentes e feito um adequado investimento no equilíbrio ambiental e na valorização do património cultural.
Estas ideias têm suporte na circunstância de, nas últimas décadas, uma nova geração de turistas ter vindo a procurar produtos turísticos crescentemente diversificados. O clima criado por uma sociedade em mudança acelerada, ecologicamente mais consciente, que procura uma nova qualidade de vida, orientada para um contacto mais estreito com a natureza e com o património cultural das regiões visitadas e alertada para os efeitos negativos do turismo de massas, proporcionou as bases para a diversificação das actividades e dos produtos turísticos.
Sublinhe-se, entretanto, que a actividade turística só fará parte do processo de desenvolvimento regional/local quando for capaz de se integrar na organização global do sistema produtivo e não quando seja implementada como uma prática isolada ou autónoma. Pensada de outro modo, será disruptora de equilíbrios económicos, sociais e culturais e, muito provavelmente, delapidadora do ambiente. Os exemplos de desfuncionalides associadas à exploração turística abundam.
Foi com este pano de fundo que o tema do “Turismo Cultural” emergiu no contexto do Congresso Internacional ´Turismo Cultural e Religioso`, que a TUREL organizou na Póvoa de Varzim, em Abril pp. A diversidade de origens nacionais e de enfoques técnico-científicos de que provinham os oradores convidados alimentava a expectativa de uma sessão rica de ideias e de enunciados de política, que veio a confirmar-se. A sessão plenária temática que acompanhei foi, adicionalmente, enriquecida pelo debate vivo que se seguiu à intervenção dos oradores.
Emergindo de um quadro de representação político-institucional nacional, a sessão a que me refiro contou com comunicações a cargo de Elena Vadillo Lobo (El Turismo Cultural en España), de Delma Santos de Andrade (O Turismo cultural no Brasil: panorama e desafios) e de Maria José Coelho (Turismo Cultural - perspectivas de desenvolvimento). Num registo menos oficioso e muito mais sectorial, registaram-se, ainda, as intervenções de Chantal Le Rai Leroi, França (Visite Guidée du Patrimoine Religieux) e de Cosimo Palagiano, Itália (Faith Routes in Rome: from Tradition to Intercultural Dialogue).
Em sintonia com os parágrafos iniciais deste texto, “ilustrando” o contexto de fundo a que me reportei e procurando estimular a leitura dos textos das comunicações que, a seu tempo, hão-de surgir na forma de livro de actas, deixo aqui um excerto da intervenção da representante do Instituto de Turismo de Espanha (Elena Vadillo Lobo):
“Conscientes de los cambios experimentados en el ámbito turístico a nivel mundial, entre los que se encuentra una creciente demanda de segmentación, la Administración turística española viene realizando un notable esfuerzo de impulso a la creación de nuevos productos turístico-culturales que satisfagan con unos elevados estándares de calidad una demanda cada vez más exigente y especializada. Fruto de esta segmentación, TURESPAÑA ha desarrollado líneas de promoción específicas orientadas al turismo gastronómico, el turismo idiomático, así como aquel focalizado en eventos o citas culturales de relevancia internacional.”
Aparte denunciar a atenção com que as autoridades políticas de alguns países (neste caso, a Espanha) vão acompanhando as tendências de evolução do mercado turístico, o texto que retenho parece-se-me ilustrar bem a diversidade de segmentos e a complexidade desse mercado, a exigir estratégias de promoção e de aproveitamento bem pensadas e melhor aplicadas, informadas por vínculos estreitos com os territórios turísticos e seus actores.
Gostaria de dizer que é também esse o caminho que está a ser prosseguido em Portugal e no Minho, em particular. Ora, para tanto, importaria que se começasse por não confundir divisões administrativas e unidades territoriais para fins estatísticos com destinos turísticos, e importaria que se olhasse para os territórios a partir dos seus recursos e não da respectiva capacidade de se insinuarem junto dos poderes políticos centrais. Sendo como é, receio bem que o imenso património cultural, material e imaterial, que o Minho encerra continue a ser negligenciado, com tudo o que isso implica em matéria de perda de oportunidades de criação de emprego e de rendimento e, mesmo, de risco de degradação, por as populações não lhe perceberem a valia económica.
J. Cadima Ribeiro

(artigo de opinião publicado na edição de ontem do Suplemento de Economia do Diário do Minho, em coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

International Conference on Knowledge in Small and Medium Sized Towns

"Dear Colleagues,

This is to remind you of the deadline for abstract submission for the International Conference on Knowledge in Small and Medium Sized Towns: Towns as a place of knowledge and diffusion. The deadline is 31 of July.
We suggest you to obtain all the detailed information for this conference in the attachment or on the following site: www.cieo.ualg.pt

Best regards

Teresa de Noronha Vaz
Professor of Economics of Innovation
Coordinator of the Research Centre for Spatial and Organizational Dynamics
www.cieo.ualg.pt
Universidade do Algarve
Campus de Gambelas
8005-327 Faro, Portugal
mtvaz@ualg.pt"
*
(reprodução integral de mensagem de correio electrónico ontem recebida, com a origem identificada)

terça-feira, julho 15, 2008

Notícias de Braga, do Minho e de outras coisas mais

"A Câmara Municipal de Braga sugere-lhe a consulta:

VEM AÍ O “TGV”, VISTE?!
«…a primeira fase envolve a construção de uma linha nova entre Braga e Valença, com estações em Braga e Valença».
Mais:http://municipiobraga.blogspot.com/2008/07/vem-o-tgv-viste.html

INSTITUTO DE NANOTECNOLOGIA JÁ ESTÁ A CRESCER
«O Instituto Internacional Ibérico de Nanotecnologia (INL) inicia esta terça-feira(15 de Julho) a construção, em Braga, das suas instalações definitivas, subscrita que foi a consignação da obra ao consórcio vencedor».
Mais:http://municipiobraga.blogspot.com/2008/07/instituto-de-nanotecnologia-j-est.html
[...]"
*
(reprodução de excerto me mensagem de correio recebida nesta data, com origem na entidade identificada - mailto:news@cm-braga.pt])

quinta-feira, julho 10, 2008

Estudo "Ligação Ferroviária Porto/Vigo"

«Junto enviamos convite para o evento sobre o assunto referido em epígrafe agradecendo que o mesmo possa ser divulgado por todos os colaboradores que pertencem ao corpo docente da V/ instituição.
Muito Obrigada.
-
Terá lugar no próximo dia 11 de Julho, no Theatro Circo, em Braga, pelas 11 horas, a sessão pública de apresentação das conclusões do estudo "Os Efeitos Económicos da Melhoria da Ligação Ferroviária Porto - Vigo na Euroregião Norte de Portugal - Galiza", encomendado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), em parceria com o Governo Regional da Galiza, e desenvolvido, na componente portuguesa, pela Escola de Economia da Universidade do Minho e a Faculdade de Economia da Universidadedo Porto.
O estudo agora concluído e publicamente divulgado avalia, em termos socio-económicos e de desenvolvimento regional, o impacte esperado de uma ligação ferroviária de alta velocidade no eixo Porto-Vigo, tendo por horizonte temporal de concretização o ano 2013, aquando da conclusão do período do Quadro de Referência Estratégico Nacional.
Os responsáveis científicos pela elaboração do estudo participarão da sessão, a qual será presidida e encerrada pela Senhora Secretária de Estadodos Transportes, Ana Paula Vitorino.
Considerando a relevância do tema em causa nos domínios do desenvolvimento económico regional e da modernização e qualificação do sistema regional de transportes, mobilidade e logística, convido V. Ex.a a participar da referida sessão, podendo confirmar a sua presença através dos seguintes contactos:
joana.baldaque@ccdr-n.pt ou fax nº 226061480.
Na expectativa da sua presença, agradeço a atenção dispensada e apresento melhores cumprimentos,
O Presidente da CCDR-N,
Carlos Lage»
*
(reprodução integral de mensagem, intitulada " Convite: Sessão Pública - Estudo Ligação Ferroviária Porto/Vigo, 11 Julho, Braga", ontem distribuída na rede electrónica da EEG, proveniente da entidade identificada)

3ª Feira Nacional de Parques Naturais e Ambiente

3ª Feira Nacional de Parques Naturais e Ambiente

(título de mensagem, datada de 08/07/10, disponível em Georden)

domingo, julho 06, 2008

"Definiu-se o Vale do Cávado como ´uma região dinâmica [...] que apresenta um claro défice de coesão`"

«A Associação de Municípios do Vale do Cávado (AMVC) entendeu preparar um quadro estratégico coerente para a intervenção dos agentes públicos e privados na sua área de intervenção – correspondente à NUTS III Cávado – para o período 2007-2013 (actual período de programação dos Fundos Estruturais e período definido para aplicação do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional), integrando os municípios de Esposende, Barcelos, Vila Verde, Braga, Amares e Terras de Bouro. Como base de partida para esse desafio, definiu-se o Vale do Cávado como “uma região dinâmica, de dimensão social e económica relevante no contexto nacional e mesmo internacional, com um tecido institucional diversificado e activo […] mas que apresenta um claro défice de coesão (sobretudo territorial e institucional), de planeamento (estratégico e territorial) e ainda muito dependente de uma base económica cujo processo de transição para a economia global é susceptível de gerar fenómenos de exclusão.”
[...]
As apostas estratégicas no domínio da valorização do território que foram definidas no Plano de Acção, consideradas como estruturantes das dinâmicas de desenvolvimento do Vale do Cávado, foram posteriormente desenvolvidas através do Programa de Acção Intermunicipal para os Serviços Colectivos Territoriais de Proximidade 2007-2010 (PAISCTP-Cávado), que contemplou uma temática especificamente dedicada à conservação e valorização dos recursos naturais e paisagísticos. O cruzamento e a integração dos projectos estabilizados no PAISCTP-Cávado com as propostas a apresentar no presente estudo constitui um desafio e uma oportunidade para promover sinergias e contribuir para o cumprimento de algumas das metas definidas no âmbito desse instrumento de acção municipal.Em síntese, apresentam-se de seguida as principais especificidades territoriais associadas às opções de desenvolvimento dos referenciais estratégicos do Vale do Cávado, para as quais as propostas do "Estudo de Valorização e Desenvolvimento Estratégico dos rios Cávado e Homem" (do qual fiz parte) poderão contribuir directa ou indirectamente:Território, ambiente e infra-estruturas- Um património natural e a biodiversidade desigualmente pressionados no território;- Infra-estruturas ambientais com progresso acentuado, mas ainda abaixo dos padrões desejáveis;- Grandes margens de progresso ao nível da informação, participação pública e conhecimento;- Acessibilidades rodo e ferroviárias numa integração privilegiada nos grandes eixos;- Infra-estruturas de acessibilidade que favorecem a consolidação de um sistema logístico à escala nacional/europeia, domínio em que a região do Cávado não tem uma oferta competitiva;- Persistência de défices de ligação e integração nos territórios do interior.
[...]
Por fim, caro F. Marco Gonçalves, tenho conhecimento que vão ser feitas várias propostas para o desenvolvimento estratégico de Barcelos que vão de encontro às potencialidades que este concelho tem e que foram constactadas no seu comentário.»
Susana Fernandes
*
(excerto de texto/comentário com a autoria identificada, produzido a propósito do artigo de opinião da autoria de F. Marco Gonçalves, intitulado "Barcelos: um plano estratégico e de marketing terr...", há dias aqui divulgado)

sexta-feira, julho 04, 2008

Jornal Água&Ambiente
Resposta às questões colocadas pela jornalista Tânia Nascimento, em 08/06/20

«P1- Com o chumbo de 32 projectos candidatos a PIN deixaram de serem investidos 14 mil milhões de euros. Este é um mau sinal para a economia?
R1 – A criação de uma nova metodologia para a aprovação de certos projectos, designados PIN, corresponde ao reconhecimento por parte do governo de que algo ia mal em matéria de burocracia e tempos de demora na decisão de aprovação de projectos de investimento, fossem eles pequenos ou grandes. Não foi por isso que a natureza dos projectos se alterou. Aliás, muitos projectos que estavam em fila de espera na ocasião, isto é, a aguardar licenciamento e/ou aprovação de incentivos públicos, foram reconvertidos em PIN. Acresce que nem todos os investimentos são geradores de riqueza e de emprego no médio-longo prazo. Alguns podem mesmo ser delapidadores de recursos (e do ambiente, que também é um recurso) e hipotecar o desenvolvimento dos territórios.
Concluindo: em abstracto, a reprovação de uns quantos projectos de investimento não pode ser lida como comprometedora do progresso de uma economia. Só considerando a valia de cada projecto tal pode ser afirmado.
-
P2- A Dra. Manuela Ferreira Leite afirmou recentemente, numa alusão aos projectos PIN, que «o Estado tem obrigação de criar as condições necessárias para que as empresas se desenvolvam. Mas o que faz o PS é escolher as empresas que quer que se desenvolvam». Está de acordo com esta perspectiva ou reconhece a importância dos projectos PIN para a economia?
R2 – Pessoalmente, considero errado que o esforço de agilização do processo de aprovação de projectos de investimento não seja estendido a todos os projectos, embora admita que por algum lado se tinha que pegar no problema. É, aliás, questionável que uns quantos grandes projectos representem uma mais-valia maior para a economia que muitos pequenos investimentos. Não estou convencido, entretanto, que os promotores beneficiados pelo governo fossem distintos se quem estivesse no poder fosse o PSD. Se considerarmos a estratégia de desenvolvimento prosseguida para o país pelos últimos governos do PS e do PSD (ou a sua ausência), muito pouco os diferencia, nomeadamente na falta de arrojo e de uma ideia (mobilizadora) para o futuro do país.
No meu entendimento, é por aqui que importa começar. Depois, importa mesmo tornar efectiva a desburocratização de procedimentos de aprovação e tornar transparente toda a tramitação dos projectos e dos apoios públicos que lhe possam ser concedidos; de todos os projectos, insista-se. Isto não tem nada que ver com marketing político, chame-se “simplex” ou outro chavão qualquer. Os projectos a aprovar não podem, obviamente, questionar o equilíbrio ambiental e regras básicas de ordenamento do território. Isso tem que ser claramente assumido desde o primeiro momento e adequadamente escrutinado pelos avaliadores, sob pena de, em nome do presente, se prejudicar gravemente o futuro.

Braga, 22 de Junho de 2008

J. Cadima Ribeiro»

terça-feira, julho 01, 2008

Efeitos Económicos da Melhoria da Ligação Ferroviária Porto-Vigo na Euroregião

Há cerca de 15 dias (08/06/16), decorreu no Porto, na CCDRR-N, uma conferência de imprensa para apresentar os resultas de um estudo intitulado “Efeitos Económicos da Melhoria da Ligação Ferroviária Porto-Vigo na Euroregião Norte de Portugal-Galiza”, da iniciativa da referida entidade, em articulação com a Xunta da Galiza. O trabalho em causa foi elaborado por uma equipa no NIPE (Núcleo de Investigação em Políticas Económicas), da EEG/UMinho, que contou com a colaboração de investigadores da FEP/UPorto, e da Escola de Engenharia da UMinho. A coordenação geral do estudo esteve a cargo do signatário deste texto.
Não só pela referido envolvimento técnico na concretização do estudo mas também pelo impacte estratégico que a implementação de uma linha-férrea de altas prestações pode ter no tecido económico e no ordenamento do território atravessado pela via, mantive-me particularmente atento ao que a-propósito foi publicado na comunicação social e nos fóruns informais de discussão nos dias seguintes. Desse acompanhamento de notícias e comentários produzidos, relevo o seguinte:
i) a infelicidade de um título que li num blogue, que era algo como: “TGV Porto-Vigo: mais do mesmo” (a infelicidade no tratamento da matéria não se ficava só pelo título); e
ii) o desinteresse que o estudo mereceu da parte dos jornais minhotos, e dos sedeados em Braga, em particular, como se de matéria de interesse alheio a este território se tratasse.
Doutras coisas podia falar, particularmente das gralhas e erros de transcrição dos dados, fruto do pouco trabalho e da pouca atenção de quem redigiu algumas notícias, menos desculpável, neste caso, por lhes ter sido fornecido o texto de suporte à apresentação oral que foi feita.
Aparte a impropriedade de falar de TGV (comboio de alta velocidade), a ideia deste estudo ser “mais do mesmo” é reveladora da facilidade com que alguns falam daquilo que desconhecem e da descrença que parece ter-se instalado sobre qualquer projecto de infra-estruturas que se faça, particularmente no domínio viário. Comummente, duvida-se que possa ir além do “cimento” injectado no território, do forte consumo de recursos financeiros que envolve, enfim, que possa ser capaz de constituir-se num equipamento estruturador de uma rede (de transporte de pessoas e mercadorias, neste caso) e ser potenciador de competitividade. Falar de TGV é erróneo porque é de um comboio de altas prestações que se trata, quer dizer, um veículo ferroviário do tipo dos “Alfas” que servem a linha do Norte e a linha do Minho, até Braga.
Que se faziam afirmações sem propriedade fica óbvio já que, na data, era impossível o autor do título conhecer o estudo, do qual foi apenas divulgado um resumo de 12 páginas
na conferência de imprensa já mencionada. Do que se invocava, percebia-se até que nem o referido resumo se conhecia. É entretanto assim que, amiúde, se faz “opinião”, seja em blogues seja na televisão, mesmo por comentaristas “encartados”.
O que o estudo sobre os “Efeitos Económicos da Melhoria da Ligação Ferroviária Porto-Vigo” pretendia trazer de novo era, exactamente: “i) avaliar em termos socio-económicos e territoriais o impacte da introdução de um comboio de altas prestações (CAP) no eixo Porto-Vigo; e ii) identificar e discutir alguns aspectos, sujeitos a decisões de política pública, que podem ter consequências muito significativas sobre o sucesso do projecto, a competitividade da ferrovia e o modelo de transportes subjacente”. Esses objectivos conferiam-lhe uma natureza distintiva, e complementar, de outros realizados por outras entidades, nomeadamente a RAVE. Por outro lado, não custam justificar já que, embora o transporte ferroviário não tenha (como devia ter) grande expressão, tanto nas deslocações interurbanas e suburbanas no Norte de Portugal como entre este território e a Galiza, adivinham-se num futuro imediato algumas motivações que podem vir a inverter a tendência.
As razões desta alteração tendencial a curto e médio prazos prendem-se, do lado da procura, com o aumento do preço dos combustíveis nos mercados internacionais, com a generalização das preocupações de carácter ambiental, com o incremento da carga fiscal nos modos concorrentes do caminho-de-ferro e, do lado da oferta, com uma melhoria significativa da qualidade da oferta ferroviária e com o incremento da inter-modalidade. Acresce, no caso Português, o impulso que se pretende dar, e importa concretizar, ao desenvolvimento do caminho-de-ferro e à inter-modalidade, com expressão na melhoria da inter-conectividade entre as linhas ferroviárias suburbanas, as linhas de metro e as redes urbanas de autocarros, o que, no caso vertente, atentos à desarticulação da rede de transportes públicos, é uma prioridade absoluta.
Sabido quanto desarticulada é a rede de transportes públicos de Braga e do Baixo Minho, sabidas que são as dificuldades que o sector produtivo do Ave e do Cávado atravessam, em resultando das exigências de um novo modelo de participação nas trocas internacionais, percebe-se mal que um projecto que aposta na inter-modalidade de passageiros e de mercadorias e na potenciação da rapidez e da eficiência do escoamento destas últimas para a Galiza e a para a Europa do Sul e Central sejam matéria que não mereça ser agarrada pelos operadores de comunicação social de Braga e do Minho, para não me reportar já aos lideres políticos e empresariais deste território. Esperemos que isso seja corrigido entretanto.
J. Cadima Ribeiro

(artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho, em coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")