sábado, maio 09, 2020

Turismo Cultural: Arraial do Pavulagem

Figura 1 – Imagem Arraial do Pavulagem. Foto disponível em “https://cdn.romanews.com.br/img/pc/780/530/dn_noticia/2020/04/pavulagem-dah-passos.jpg”. Acesso em 02 mar. 2020
Com a finalidade de divulgar as músicas da região e valorizar a cultura local, um grupo, em 1987, resolveu fazer uma brincadeira em frente ao Teatro Waldemar Henrique, na Praça da República, em Belém do Pará (Norte do Brasil). Lá, aos domingos, eram levadas alegorias de um boizinho na tala, além de uma pequena banda, o Batalhão da Estrela, que no centro de um palco improvisado, quando se reunião curiosos suficientes, começavam um pequeno festejo com shows gratuitos para o público.
Segundo Lima & Gomberg (2012), Ronaldo Silva, músico da banda, sentiu a necessidade de aprofundar o trabalho. Então, recorreu aos interiores do estado do Pará em busca de elementos culturais locais, como música de raiz, sons, ritmos, confecção de instrumentos próprios e de determinados contextos, como o carimbó.

Figura 2 – Fotografia “Boi Pavulagem”. Foto disponível em “https://www.facebook.com/arraialdopavulagemoficial/photos/a.2545408168805387/2545431128803091/?type=3&theater”. Acesso em 02 mar. 2020

Considerado Património Cultural Imaterial de Belém, atualmente o Arraial do pavulagem ocorre aos domingos do mês de junho. O festejo tem inicio com a chegada de “um barco tradicional da região, que sai do trapiche da Praça Princesa Isabel, no bairro da Condor, e navega pela orla da cidade pela Baía do Guajará, trazendo, além do boi Pavulagem (já não mais um boi de tala), um boi-bumbá tradicional (Figura 2), o mastro de são João, que é levado em cortejo da Escadinha do Cais do Porto até a Praça da República, onde é fincado, dando início à quadra junina. Nos demais domingos, o cortejo se repete, com o Batalhão da Estrela (banda integrada pelos músicos formados pelo Arraial do Pavulagem), os integrantes fiéis do movimento, e milhares de simpatizantes, que muito agregam ao evento.
Cerca de 26 mil pessoas acompanham cada arrastão, subindo a Avenida Presidente Vargas até ao cruzamento com a Rua Osvaldo Cruz. Num carro de som que vai à frente, um animador vai contextualizando os elementos presentes naquele universo. Na sequência, constituem-se alas de brincantes, que se organizam espontaneamente pela ordem de chegada, os cavalinhos e boizinhos que as crianças assumem, os estandartes dos santos empunhados geralmente pelas senhoras mais velhas do grupo, os brincantes, os músicos, os bois (Pavulagem, Malhadinho, Urube) e outros convidados (quase sempre os tradicionais dos bairros de Belém), os pernas-de-pau (que desempenham o papel de harmonia do conjunto) (Figura 3), os simpatizantes que assistem e, no final, seguem o cortejo” (Lima & Gomberg, 2012).

Figura 3 – Fotografia “Os pernas-de-pau”. Foto disponível em “https://www.facebook.com/arraialdopavulagemoficial/photos/a.2545408168805387/2545419658804238/?type=3&theater”. Acesso em 02 mar. 2020

“Uma vez na Praça, todos se organizam no centro, em volta do palco em que a banda realiza um show, e, cada vez mais, a população canta em coro, acompanhando as músicas. No último domingo de junho o mastro é derrubado, encerrando a quadra festiva” (Lima & Gomberg, 2012).

Figura 4 – Fotografia “Batalhão da Estrela”. Foto disponível em “encurtador.com.br/dqzU7”. Acesso em 02 mar. 2020

O arrastão do pavulagem, com seu “estonteante bailar de nuances determinados por chapéus decorados com fitas acetinadas, adereços folclóricos suspensos em varas, boi-bumbá” e outros adereços, permite que todos possam participar na dança e ritmo folclórico. Os locutores anunciam “olha o boi” e como numa imersão cultural todos começam a dançar os passos simples da coreografia do boi, os chapéus vão ao ar, sendo balançados de um lado para o outro com as fitas ao vento (Figura 5).

Lueli Hage

Bibliografia

Lima, D. M., & Gomberg, E. (Novembro de 2012). Cultura, patrimônio imaterial e sedução no Arraial do Pavulagem. Textos escolhidos de cultura e arte populares, 9, pp. 53 - 67. Obtido em 02 de 03 de 2020, de http://www.tecap.uerj.br/pdf/v92/dula_maria_bento_de_lima_e_estelio_gomberg.pdf

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2019/2020)

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