É de grande importância para a comunidade rural entender quem participa, assim como quem beneficia com o fenómeno do TER (Turismo em Espaço Rural). Se as comunidades de acolhimento deste fenómeno têm implicações directas, se participam e se simultaneamente retiram vantagens económicas, sociais e culturais do turismo, ou se pelo contrário quem promove o TER, não tem qualquer ligação com as áreas rurais onde investe. Neste sentido, é importante perceber qual a função que assume o TER nas áreas onde é implementado. Segundo Cavaco (1999a:299) os principais promotores do TER são habitualmente "elites locais", proprietários de habitações e terras agrícolas herdadas, que apresentam níveis socioeconómicos elevados, com um elevado grau de habilitações académicas e consequentemente com um bom nível cultural. Estão geralmente ligados a actividades do sector terciário, como empresários e profissionais liberais, geralmente residindo no local ou nos arredores. A grande maioria são reformados que regressam à terra natal e desejam rentabilizar as poupanças de uma vida de trabalho preservando "a casa que fora de pais e avós e a que os ligam muitos laços e recordações", que de outra forma teria sido abandonada. Proporciona-se a convivência com os visitantes, estes com nível sociocultural habitualmente elevado, fomentando o convívio e o não isolamento.
O Turismo Rural é habitualmente associado a um turismo de elevados padrões de conforto, induzindo a uma procura de qualidade, associada a uma classe social que está disposta a pagar por um serviço de excelência, "o mercado de turistas que procuram o campo correspondem essencialmente a clientes com altos níveis de instrução, em boa condição financeira, que exigem qualidade e que estão dispostos a pagar por ela" (OECD, 1994, cit in Kastenholz, 2002:48). Esta situação é fruto do sucesso de recuperação do património histórico e cultural, que só poderá ser protagonizado por estratos sociais com elevado poder económico (e.g. Joaquim, 1994).
É um facto que existem compensações que são fruto do investimento no TER, mas quem é que estará na realidade a beneficiar dessas vantagens? Segundo Moreira (cit in Joaquim, 1994:106) "os beneficiários actuais do TER, tanto no campo da procura como no da oferta, são aqueles que menos necessitam, à partida, dessas benesses. A inovação partiu do topo, veremos quando chegará à base. Para um punhado, aqueles que se situam perto das unidades de TER, alguns benefícios ainda haverá dos modestos efeitos induzidos, para a grande maioria de nós, resta-nos olhar para os prospectos e ir tentando perceber onde se esconde a sua função social".
Miguel Vaz Pinto
O Turismo Rural é habitualmente associado a um turismo de elevados padrões de conforto, induzindo a uma procura de qualidade, associada a uma classe social que está disposta a pagar por um serviço de excelência, "o mercado de turistas que procuram o campo correspondem essencialmente a clientes com altos níveis de instrução, em boa condição financeira, que exigem qualidade e que estão dispostos a pagar por ela" (OECD, 1994, cit in Kastenholz, 2002:48). Esta situação é fruto do sucesso de recuperação do património histórico e cultural, que só poderá ser protagonizado por estratos sociais com elevado poder económico (e.g. Joaquim, 1994).
É um facto que existem compensações que são fruto do investimento no TER, mas quem é que estará na realidade a beneficiar dessas vantagens? Segundo Moreira (cit in Joaquim, 1994:106) "os beneficiários actuais do TER, tanto no campo da procura como no da oferta, são aqueles que menos necessitam, à partida, dessas benesses. A inovação partiu do topo, veremos quando chegará à base. Para um punhado, aqueles que se situam perto das unidades de TER, alguns benefícios ainda haverá dos modestos efeitos induzidos, para a grande maioria de nós, resta-nos olhar para os prospectos e ir tentando perceber onde se esconde a sua função social".
Miguel Vaz Pinto
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
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