Numa época em que os mercados internacionais são cada vez mais competitivos e globalizados verifica-se uma necessidade crescente de cooperação entre as cidades de pequenas dimensões, com o objectivo de enfrentarem esta nova realidade internacional e a forte concorrência que esta representa. Neste contexto, tem-se vindo a observar diversos exemplos de cooperação entre cidades de pequenas dimensões, que visam, fundamentalmente, aumentar a sua capacidade produtiva e populacional e minimizar os custos necessários ao seu desenvolvimento, como por exemplo ao nível das infra-estruturas. Este é o caso do designado “Quadrilátero Urbano do Baixo Minho” que reúne quatro municípios - Barcelos, Braga, Guimarães e Famalicão -, formando uma rede urbana mais competitiva. No seu total, este quadrilátero urbano reúne cerca de 600 mil pessoas, segundo os dados de 2006 do INE, e beneficia da proximidade existente entre estes quatro pólos urbanos.
Este projecto denominado de “Quadrilátero Urbano para a Competitividade, a Inovação e a Internacionalização”, para além dos municípios já referidos, conta com a parceria de diversas entidades como é o caso da Universidade do Minho, da Associação Industrial do Minho e do Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal. Enquadra-se numa iniciativa governamental denominada Política de Cidades POLIS XXI, e visa vencer as fragilidades do sistema urbano nacional, responder às necessidades cada vez mais complexas que as cidades enfrentam e fazer destas cidades motores efectivos do desenvolvimento das regiões e do País.
As principais acções previstas a implementar neste projecto passam pela instalação de uma malha regional de fibra óptica, pela criação de um sistema integrado de mobilidade e de transportes e pela melhoria da produtividade das empresas (Bastos & Ribeiro, 2010).
A instalação de uma malha regional de fibra óptica constitui uma necessidade da sociedade moderna, pois cada vez mais as telecomunicações assumem um papel determinante na vida das empresas e da sociedade em geral. Esta permitirá uma maior capacidade e velocidade de transmissão da informação, numa era em que a sociedade é cada vez mais digital. Relativamente à criação de um sistema integrado de mobilidade e transportes, consideramos que é fundamental uma intervenção que reestruture as possibilidades actuais e que crie alternativas mais eficientes. Embora já existam ligações rodoviárias rápidas (auto-estradas) que estabelecem a ligação das diferentes cidades do quadrilátero, estas implicam custos para os seus utilizadores, o que condiciona a sua utilização diária. As alternativas existentes não permitem uma deslocação rápida entre os diferentes espaços, sendo por norma estradas nacionais, pouco eficientes, que nas horas de ponta apresentam graves problemas em escoar o trânsito. Uma das possibilidades seria o desenvolvimento de uma rede de transportes alternativos, que passaria, essencialmente, pelos caminhos-de-ferro. Este meio de transporte poderá constituir uma boa alternativa em termos económicos, ambientais, bem como ao nível da eficiência e da eficácia.
No que diz respeito à melhoria da produtividade das empresas, este parece ser um campo de destaque pois, de um modo geral, o sector empresarial desta região tem vindo a sofrer, nas últimas décadas, uma perda significativa da sua dinâmica dando a sensação de ter “parado no tempo”, agarrando-se a um sistema produtivo tradicional e pouco competitivo. Assim sendo, é decisivo que estes municípios criem condições que estimulem a criatividade dos jovens empresários e das próprias empresas, de modo a dinamizar os mercados existentes e a criar novos mercados alternativos. É fundamental que sejam adoptadas medidas que incentivem as empresas regionais a apostarem na qualidade e nos mercados mais elitistas, pois, deste modo, poderemos criar a diferença em relação aos mercados que têm surgido nas últimas décadas. A título de exemplo poder-se-á referir a marca de calçado “Fly London”, produzida numa fábrica em Guimarães, que domina actualmente os mercados Britânicos.
Em suma, num período em que domina um cenário mundial de crise é importante que se desenvolvam estratégias para dinamizar as regiões portuguesas. O projecto do “Quadrilátero Urbano do Minho” poderá ser uma iniciativa extremamente importante para o desenvolvimento destas regiões que, de um modo geral, tem vindo a sofrer, nas últimas décadas, de uma perda significativa da dinâmica empresarial.
Consideramos que o desenvolvimento destas acções trará imensas mais-valias para a dinamização económica desta região, na medida em que dinamizará áreas cruciais para um crescimento económico mais sustentável e ajustado aos desafios actuais. Para atingir os objectivos propostos, é essencial a implementação efectiva dos projectos, e uma gestão eficiente e eficaz dos recursos destinados para aquele fim, o que, lamentavelmente, nem sempre se verifica no nosso país. Trata-se de um projecto que envolve um grande investimento de capitais, cujo retorno poderá ser multiplicado caso as verbas sejam devidamente aplicadas.
José Manuel Castro Salgado
Bibliografia
Bastos, N. P. & Ribeiro, J. C. (2010). O Quadrilátero Urbano do Baixo Minho para a Competitividade e Inovação. Braga: Universidade do Minho – Escola de Economia e Gestão.
(artigo de opinião elaborado no âmbito da u.c. Economia Política e Regional do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)