quarta-feira, abril 16, 2014

O Enoturismo em Portugal, uma nova forma de fazer turismo

O objetivo principal do Enoturismo é a promoção do conhecimento das etapas do processo produtivo do vinho, seus sabores, aromas e características tão apreciadas pelo nosso povo. Não se pode considerar o Enoturismo como apenas uma visita a caves de vinho, e a sua prova no final. Tem muito mais que se lhe diga, existe toda uma interligação entre o local que se está a visitar, com a sua história, as suas atividades, riqueza natural, e o visitante. É enfatizada a necessidade de experimentar, provar e viver toda uma “encenação” que envolve a degustação de um vinho. 
Existe uma relação direta entre as motivações e as experiências que os visitantes vivem quando se deslocam a uma Quinta ou Solar. O Enoturista é convidado a vivenciar a cultura e a tradição do local onde se encontra. Este é contextualizado na importância histórica da atividade da região, é-lhe dado a conhecer não só o vinho mas também a gastronomia local, os pratos regionais característicos da região, que aliados ao vinho local, podem proporcionar uma experiência inesquecível. É-lhe ensinado a escolher o correto vinho que deve acompanhar determinadas iguarias. Se lhe for permitido, e visitar a região na altura certa do ano, pode ser convidado a participar em atividades únicas do local, tais como as vindimas, e a pisa das uvas com os locais, conviver com eles e ouvir as suas histórias, tão ricas e interessantes, que fazem parte da identidade da região. 
Poucas experiências poderão ser tão revigorantes como acordar pela manhã com uma vista para uma imensa vinha, harmonizada com a paisagem, acordar com aquele aroma a uvas frescas e ouvir a Natureza. Estas regiões são extremamente relaxantes, perfeitas para se afastar do rebuliço da cidade, são autênticos “spas-enólogos”. 
Existe uma interligação apaixonante entre a paisagem e as herdades transformadas em Pousadas ou Hotéis de Charme, que abrangem o conceito de “Wine House Hotel”, onde a aposta pela exclusividade e atendimento diferenciado são fortes. Estas Pousadas mantêm uma estrutura familiar e com poucos quartos, com a intenção de poder proporcionar aos seus hóspedes tranquilidade e o melhor atendimento. Estes locais têm a possibilidade de oferecer ao visitante uma visita à sua cave de envelhecimento, onde este se pode dirigir e escolher o que vai beber à refeição. É certamente uma oferta que poucos hotéis de cinco estrelas podem oferecer aos seus hóspedes. 
É este conjunto de características, juntamente com a vontade de aprender os aspetos ecológicos da elaboração do vinho, e os próprios benefícios deste para a saúde que motivam os visitantes a experimentar esta, chamemos-lhe recente, modalidade de turismo nas nossas regiões vitivinícolas. São estes pormenores que distinguem o Enoturismo do Turismo dito tradicional. 
O atual turista é extremamente curioso, e não tem problemas de se deslocar para viver novas experiências. Por outro lado. esta procura das zonas vinícolas para passar alguns dias é extremamente beneficiadora para a região, para o seu comércio e gastronomia. O crescimento do Enoturismo pode ter um impacto positivo na economia local, incentivando o aumento as vendas no comércio da região, restauração e, consequentemente, criar uma situação de aumento do emprego, beneficiando a região e os seus habitantes. 
Esta é também uma forma de abrir os horizontes para novos mercados, uma vez que existe uma grande possibilidade dos visitantes procurarem nas suas residências as marcas que provaram na sua visita. E não há melhor publicidade que um visitante feliz e satisfeito.

Vitor Alexandre de Abreu Pacheco

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo” do curso de Mestrado em Economia Social, da EEG/UMinho]

Sem comentários: