A estratégia de desenvolvimento dos países, baseada em clusters, contou com a contribuição, nos
anos 90, de Michael Porter, a partir da sua obra “The Competitive Advantage of
Nations”. O programa de Porter,
desenvolvido com suporte em clusters, era
muito inovador para a época e por isso foi aplicado em vários países, onde se
inclui Portugal.
Descrevendo o conceito de clusters com
base em Michael Porter, este é constituído por um conjunto de empresas e entidades
interligadas em torno de um determinado sector da “industry” e com uma base regional consistente. Neste seguimento,
quanto mais preenchida for a malha de unidades empresariais interligadas em
torno dessa “industry” maior será a
sua competitividade nos mercados globais.
Num estudo realizado em Portugal no âmbito do projecto Porter definiu-se
um conjunto de clusters onde Portugal
devia incrementar as suas vantagens competitivas. Essas indústrias vão desde o
turismo, calçado, vestuário, mobiliário até às florestas. Apesar de se ter
desenvolvido programas específicos de forma aprofundar uma malha
inter-relacional para cada uma destas industrias e de ter todo o proveito do
programa de Porter, os resultados foram modestos para a competitividade da
economia portuguesa. Assim o modelo de Porter, criado em 1990, está
ultrapassado, apesar das potencialidades dos clusters se manterem, no entanto, a outro nível
(http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/colunistas/luis_todo_bom/detalhe/estrategia_de_desenvolvimento_por_clusters.html,
acedido em 19/04/2014).
Tendo como exemplo Silicon Valley,
na Califórnia, as indústrias que envolvem uma inter-relação que dão origem aos clusters têm um suporte tecnológico relevante.
Ou seja, são fundamentalmente empresas das tecnologias de informação e
comunicação. A princípio, esta será a base de consolidação dos clusters, baseado em empresas das áreas de
informática e electrónica.
No entanto, na minha opinião, a formação de clusters poderá surgir de outras áreas. Para isso é necessário
partir de uma base tecnológica com potencial, e, por isso, é fundamental
inventariar onde se encontra a nossa real capacidade tecnológica actual e
preparar programas específicos que nos permitam aprofundar todo este processo
que nos leve a obter clusters
fidedignos. Não é plausível que, por exemplo, assumamos um cluster do mar, quando neste momento não temos conhecimento tecnológico
suficiente nesta matéria, como no passado.
Nas últimas décadas, a expansão dos clusters
de alta tecnologia em várias regiões mundiais tem sido responsável por
ganhos de competitividade em diversos sectores de actividade económica e que,
por isso, causou grandes transformações nas regiões em que se localizam, para
além de desenvolverem as economias locais e darem um novo rumo ao
desenvolvimento destas regiões.
Voltando a referir a experiência recente dos países mais desenvolvidos
nesta matéria, esta mostra-nos que o “fortalecimento
dos clusters de alta tecnologia baseados na interacção entre universidades, as
incubadoras de empresas e um conjunto de agentes sociais (como agências
governamentais, instituições financeiras, fornecedores, assistência técnica,
entre outros) tem sido o caminho mais adequado para criar o ambiente apropriado
para o seu florescimento” (Siqueira, 2003, pag.130). Assim, o
desenvolvimento de clusters de alta
tecnologia, por exemplo, nos Estados unidos, tem sido responsável por transformações
na sociedade, muito proporcionadas pelos novos sectores com base tecnológica,
ao ponto de serem considerados os principais responsáveis pelo longo ciclo de
prosperidade económica verificado ao longo da década de 90, isto tendo em conta
os ganhos expressivos de produtividade que proporcionaram em toda a economia
(Siqueira ,2003).
O sucesso deste modelo originou que
vários estados Americanos “adoptassem as
experiencia bem-sucedidas de clusters de alta tecnologia como referência para a
definição de políticas públicas para a promoção do desenvolvimento económico,
verificando-se, assim, um aumento expressivo de acções voltadas para o
fortalecimento dos centros de ensino e pesquisa e a criação de incubadoras de
empresas menos desenvolvidas do país e áreas deprimidas dos grandes centros
urbanos” (Siqueira, 2003, pag:130). Em resultado disso, as cidades menos
desenvolvidas iniciaram uma competição entre si, quer ao nível da tentativa de
atrair novas empresas de alta tecnologia, quer ao nível da manutenção de jovens
talentos que se encontram nas próprias cidades, representando, esta pessoas, o
sucesso de projectos dentro de incubadoras, contribuindo de certa forma para
uma união de valores para a comunidade.
Neste seguimento, os clusters de alta tecnologia
desempenharam um papel importante na recuperação de áreas deprimidas de grandes
centros urbanos. O sucesso deste modelo de desenvolvimento tem contribuído para
o aumento da qualidade de vida das cidades, se tivermos em conta que há uma
amento das infra-estruturas disponíveis, muito proporcionado pelo apoio
financeiro que posteriormente gera, mais acessos a bolsas de estudo por parte
de universidades e incubadoras de empresas. Isto atendendo a que os centros de
ensino e pesquisa de alta qualidade são essenciais para a realizar a
capacitação e a formação de pessoal em áreas de domínio tecnológico de ponta.
Márcio Pires
Bibliografia/ sitografia
Siqueira T.,2003, Os Clusters
de alta tecnologia e o Desenvolvimento Regional, revista do BNDES, Rio de
Janeiro, v. 10, N.19, p. 129-198;
http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/colunistas/luis_todo_bom/detalhe/estrategia_de_desenvolvimento_por_clusters.html
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)
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