Segundo o PENT (2006), são os países do Mediterrâneo que detêm, no conjunto, a maior quota do mercado de náutica de recreio na Europa e reúnem as melhores condições (infraestruturas, equipamentos e serviços turísticos) para competir neste mercado.
Em Portugal o Turismo Náutico ainda tem pouca expressão. Existem infraestruturas náuticas ao longo da costa portuguesa, porém estas concentram-se basicamente no Algarve, Lisboa e Açores. As infraestruturas existentes não conseguem dar resposta a uma crescente procura de clientes, a uma exigência de qualidade quer a nível dos serviços, quer a nível do conforto que é procurado. Também é uma prioridade o aproximar as distâncias entre algumas marinas/portos de recreio, para paragem pontual, permanência e/ou abastecimento.
Também é necessário o aumento da oferta a nível de infraestruturas hoteleiras, nas proximidades das localidades para a prática de turismo náutico, principalmente no que se refere a práticas desportivas: windsurf, surf, vela, etc. Do mesmo modo, verifica-se uma limitada oferta de hotéis acolhedores e de luxo nos locais de prática de desportos náuticos. Esta situação prejudica consideravelmente a valorização que o turista dá ao destino, já que tal supõe realizar esforços de deslocação, transporte, perdas de tempo, etc., criando consequentemente a deterioração da imagem do destino em termos internacionais.
Portugal apesar de reunir capacidade competitiva, apresenta carências a nível da oferta de turismo náutico através de estratégias inovadoras que cumpram as exigências do mercado atual. Essa estratégia pode passar por apostar em novos segmentos de clientes (população jovem com nível académico superior; pessoas que viajam sozinhas…), como também apostar em produtos que são alvo de interesse (pesca desportiva, vela…). Apostar na potencialidade do produto turismo náutico de forma individual e não como um complemento a outros produtos, nomeadamente «Sol e Mar».
Existem vários locais que podem ser aproveitados para várias atividades náuticas, por isso é urgente fazer um levantamento desses planos de água. Portugal é rico em recursos naturais para a prática de atividades náuticas: linha extensa de costa, rios navegáveis, barragens, clima favorável, condições naturais ao longo de todo o ano para diferentes atividades e uma localização privilegiada (cruzamento das rotas do Atlântico e do Mediterrânio) o que atrai muitas pessoas a visitar o país.
Um exemplo da pouca adequação turística é o facto da maioria de nas marinas ao longo da costa as embarcações serem de propriedade privada, dispondo de pouca oferta para embarcações em trânsito. Para além de que, normalmente, são marinas de «passagem» e não de estadia, devido à ausência de serviços complementares.
Ainda no que respeita à prática de desportos náuticos (surf, windsurf, mergulho, vela, etc.), e apesar de Portugal ser um país em que é possível realizar este tipo de atividades durante todo o ano, ainda não dispõe de produtos estruturados para o aproveitamento turístico. Por exemplo, a escassez de escolas e associações dedicadas à prática destes desportos que estruturam cursos e atividades especificas destinadas aos turistas.
Atualmente, Portugal carece de uma oferta atrativa para o mercado de turismo náutico, tanto na oferta de charter, como na oferta de desportos náuticos em geral. Outra questão, tem a ver com as poucas empresas marítimo-turísticas a atuar no mercado do turismo. Sendo a sua maioria concentrada na região sul (Algarve), a norte praticamente estas empresas são inexistentes, e há condições para desenvolver projetos de investimento neste sector em Esposende, Viana do Castelo, Vila Praia de Âncora, entre outras localidades. Esta situação está relacionada com o excesso burocrático que impende as empresas interessadas de investir no sector. Portanto, é necessário e importante repensar esta questão da burocracia.
Deste modo, em primeiro lugar, é de aproveitar todas as vantagens competitivas que Portugal apresenta para desenvolver este produto turístico de elevado potencial no nosso país. Nesse sentido, será uma boa oportunidade para os investidores e empresários apostarem em atividades náuticas.
Ana Rita Castelbranco
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo” do curso de Mestrado em Economia Social, da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo” do curso de Mestrado em Economia Social, da EEG/UMinho]
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