segunda-feira, fevereiro 19, 2018

Japão: porque não?

O país do sol nascente é conhecido e adorado mundialmente por vários motivos, e não faltam razões para o visitar. Desde a maior cidade do mundo, até aos milhares de ilhas paradisíacas encontram-se os maiores contrastes entre o modernismo e o tradicional, entre a tecnologia de ponta e a formidável natureza, tudo convivendo na maior harmonia e dinâmica possível.
Graças à sua localização e a ampla extensão vertical do país, origina um alto contraste sazonal, proporcionando uma grande singularidade a cada estação do ano. Isso torna o Japão um destino viável ao longo de todo o ano, no entanto a melhor altura para visitar o arquipélago é sem dúvida a primavera (devido à vantagem de ser palco da famosa sakura – o período em que as cerejeiras começam a florir) e no outono, pelas suas temperaturas amenas e famosos jardins japoneses de cores irresistíveis. Nos meses mais quentes é a altura dos grandiosos desfiles e festivais de verão, fogos-de-artifício, e é uma ótima época para visitar as infinitas praias e as célebres ilhas de Okinawa. O inverno é perfeito para os amantes dos desportos associados a essa estação, para os famosos festivais de inverno com as suas esculturas em gelo, ou apenas para relaxar numa das infinitas águas termais. Além do vantajoso clima e natureza, o Japão também é destino para os amantes de gastronomia, artes marciais, história, cultura, religião e arte asiática ou pela mundialmente conhecida arquitetura japonesa, tanto nos antigos templos e castelos nipónicos como nos presentes edifícios mais modernos. Segundo a UNESCO, o país é anfitrião de 21 sítios ou monumentos classificados como Património Mundial (4 naturais e 17 culturais), ocupando o 12º lugar na lista dos países com mais património classificado pela UNESCO.
No entanto, apesar destas vantagens, o país apenas recentemente decidiu apostar no turismo. É de referir que desde os primórdios o Japão foi um país muito fechado ao resto do mundo, pois, aquando da chegada dos portugueses, construíram uma ilha artificial destinada a realizar o comércio expressamente para não desembarcarem na sua terra. Além disso, o facto de ser a 3ª economia mundial permitiu ao país independência económica face ao turismo. No entanto, com as recentes crises económicas e demográficas, e a grande estagnação dos países desenvolvidos, surgiu a necessidade de encontrar alternativas económicas, havendo uma crescente preocupação em apostar mais do que no turismo de negócios. Assim, segundo a Japan National Tourism Organization (JNTO), nos últimos cinco anos, o número de turistas estrangeiros mais do que triplicou, chegando aos 28,7 milhões em 2017, encontrando-se no topo dos 20 países mais visitados. Os turistas internos tiveram um comportamento regular, andando à volta dos 17 milhões ao longo da última década. Este balanço é positivo, uma vez que o objetivo do Governo em relação ao turismo para 2020 (20 milhões de turistas) foi ultrapassado em 2016, aumentando agora essa meta para 40 milhões de visitantes estrangeiros.  Em relação aos gastos dos turistas, a meta também foi atingida 4 anos antes, pelo que o novo objetivo é chegarem aos 8.000¥ mil milhões (60,6€ mil milhões) em 2020. Segundo a Japan Tourist Agency, em 2017 esses gastos chegaram aos 4.400¥ mil milhões (33,3€ mil milhões), o que torna o alvo bastante viável.
Este sucesso do turismo deve-se em parte à desvalorização do yen japonês, mas não podemos descartar as fortes políticas do governo do primeiro-ministro Shinzo Abe, que também colocou o turismo no coração de sua estratégia de crescimento económico. A liberalização dos vistos de turista para visitantes chineses, e a acessibilidade de países não muito populares (como, por exemplo, a Bielorrússia) são alguns dos fatores importantes. As infraestruturas também não ficam atrás, uma vez que o Japão possui uma das redes ferroviárias mais eficazes do mundo e, em relação às telecomunicações, o plano é aumentar o número de 14 mil pontos de acesso público à internet via wi-fi, em 2017, para 30 mil, em 2020, informou o jornal The Japan Times. Assim, o objetivo final do governo é atingir gradualmente um nível de infraestruturas adequado e sustentável aquando da sediação dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2020. Antes desses grandes eventos, o país ainda receberá a Copa do Mundo de Rugby, em 2019.

Lucian Cristian Lipciuc

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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