A
gastronomia é cada vez mais uma fonte de conhecimento da cultura de um povo, e por
meio do turismo tem-se tornado uma alternativa de atrativo turístico-cultural
de determinados destinos, favorecendo a atividade turística em muitos lugares (Braz & da Veiga, 2009).
O
Brasil é um País de dimensões continentais no tamanho e na diversidade cultural,
com promiscuidade de tradições indígenas, africanas e europeias que se
refletem, entre outras manifestações, na gastronomia.
No
Amazonas, um estado situado no norte do Brasil cercado por um oceano de águas
doces e pela imensa floresta amazônica, a gastronomia é um atrativo exótico e tão
rico e importante quanto a floresta, os monumentos históricos e cultura
indígena. Em Manaus, por exemplo, o turista encontra uma síntese culinária
exótica do estado à base de peixes, aves, frutos exóticos, ervas e raízes
(mandioca).
Com
a heterogeneidade de peixes existentes nos rios amazônicos, a culinária
amazonense se destaca acima de tudo pelo pescado, sendo as espécies mais
consumidas tambaqui, pirarucu, tucunaré, jaraqui, pacu e matrinchã, que são
transformados em pratos típicos, servidos fritos, assados, cozidos e até mesmo
como pratos gourmet em restaurantes
mais sofisticados.
Os pratos cozidos, como a
caldeirada de tambaqui (figura 1), é acompanhada por arroz, limão e pirão, uma
espécie de massa de farinha de mandioca cozida no próprio caldo de peixe, ou
por tucupi, um líquido amarelado retirado a partir da fermentação do suco da
mandioca. Para peixes fritos e assados (figura 2 – Matrinxã), é indispensável o
“baião de dois” (mistura de feijão com arroz) e a farinha de mandioca.
Figura 1 – Caldeirada de tambaqui
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Figura 2 – Matrinxã assada
Além
dos peixes outros alimentos típicos exóticos também marcam o cardápio regional,
como o tacacá, x-caboquinho e açaí. O tacacá (Figura 3), é uma sopa comum no
norte do País, feita com tucupi e o mingau da massa da mandioca (tapioca),
incrementado com a folha de jambú (uma planta com efeito anestésico que
percorre os lábios, língua e garganta) bem como camarões secos. Este é
servido extremamente quente numa cuia (recipiente feito artesanalmente
a partir da superfície do fruto de uma planta chamada Crescentia Cujete,
popularmente conhecida como Cabaça).
O
X-Caboquinho (figura 4) é um sanduíche considerado patrimônio cultural e
imaterial da cidade de Manaus, aprovado pelo decreto de Lei nº 202, de 4 de
junho de 2019, preparado com pão francês, queijo coalho (feito a partir da
coagulação e fermentação do leite da vaca), banana pacovã frita (banana
cumprida) e tucumã (figura 5),
fruta nativa da região e única. Em outros estados, ela muda de cor e até de
sabor, e muitas vezes nem chega a ser usado como iguaria, mas em Manaus é um
verdadeiro sucesso. Assim, o X-caboquinho se origina como um alimento sem
igual, essencialmente manauara, encontrado nos cafés, feiras e lanchonetes.
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Figura 4 – X-Caboquinho
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Figura 5 – Tucumã
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Consumido
há muito tempo pela população brasileira, o açaí amazônico (figura 5) vem
ganhando adeptos de vários lugares do mundo. Além da ingestão da sua tradicional
poupa (extraído do fruto do açaí) com flocos de farinha da tapioca, consumido
pelos nortistas do Brasil, seu consumo ganhou outros formatos, usando uma
diversidade de complementos, como granola, frutas variadas, cremes, amendoim
entre outros.
Figura 5 – Açaí tradicional
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Figura 5 – Açaí com frutas |
Esses pratos típicos da região marcam a gastronomia de Manaus com sua bela composição atraente, com texturas, cores vibrantes, sabores marcantes e surpreendentes.
Para
Rodrigues et al. (2014), a
gastronomia traz grande representatividade no setor turístico, significando uma
alocução sobre o prazer da mesa. Além disso é parte integrante da cultura nas
diferentes sociedades, tornando-se representação e/ou traço cultural marcante
enquanto um resultado das características étnicas, crenças e valores (Dentz et al.,
2011). Assim, a gastronomia deixa de ser apenas a satisfação de saciar a
fome e o prazer de comer e passa a ser uma ferramenta usada para fomentar o
turismo cultural.
Maria
Raimunda Barbosa da Silva
Referências
Braz, K.,
& da Veiga, L. (2009). A Gastronomia Enquanto Atrativo Turístico-Cultural
Tourist-Cultural Attractive Gastronomia. Revista Anapolis.
Dentz, Berenice Giehl Zanetti Von. (2011). Identidade
Gastronômica Alemã em Águas Mornas (SC): Um Estudo para o Fortalecimento do
Turismo de Base Local. Dissertação de Mestrado (Mestre em Turismo).
Universidade do Vale do Itajaí.
Rodrigues, Estefani B., Teixeira, M., Lira, A. (2014). As
Trocas Culturais no Setor de Alimentos e Bebidas e a Valorização da
Regionalidade Amazônica. V Encontro Semintur Jr.
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2019/2020)
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2019/2020)
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