sábado, abril 11, 2020

A atração e a diversidade da culinária Amazônica, como atrativo no Turismo Cultural

A gastronomia é cada vez mais uma fonte de conhecimento da cultura de um povo, e por meio do turismo tem-se tornado uma alternativa de atrativo turístico-cultural de determinados destinos, favorecendo a atividade turística em muitos lugares (Braz & da Veiga, 2009).
O Brasil é um País de dimensões continentais no tamanho e na diversidade cultural, com promiscuidade de tradições indígenas, africanas e europeias que se refletem, entre outras manifestações, na gastronomia.
No Amazonas, um estado situado no norte do Brasil cercado por um oceano de águas doces e pela imensa floresta amazônica, a gastronomia é um atrativo exótico e tão rico e importante quanto a floresta, os monumentos históricos e cultura indígena. Em Manaus, por exemplo, o turista encontra uma síntese culinária exótica do estado à base de peixes, aves, frutos exóticos, ervas e raízes (mandioca).
Com a heterogeneidade de peixes existentes nos rios amazônicos, a culinária amazonense se destaca acima de tudo pelo pescado, sendo as espécies mais consumidas tambaqui, pirarucu, tucunaré, jaraqui, pacu e matrinchã, que são transformados em pratos típicos, servidos fritos, assados, cozidos e até mesmo como pratos gourmet em restaurantes mais sofisticados.
Os pratos cozidos, como a caldeirada de tambaqui (figura 1), é acompanhada por arroz, limão e pirão, uma espécie de massa de farinha de mandioca cozida no próprio caldo de peixe, ou por tucupi, um líquido amarelado retirado a partir da fermentação do suco da mandioca. Para peixes fritos e assados (figura 2 – Matrinxã), é indispensável o “baião de dois” (mistura de feijão com arroz) e a farinha de mandioca.



Figura 1 – Caldeirada de tambaqui





Figura 2 – Matrinxã assada

Além dos peixes outros alimentos típicos exóticos também marcam o cardápio regional, como o tacacá, x-caboquinho e açaí. O tacacá (Figura 3), é uma sopa comum no norte do País, feita com tucupi e o mingau da massa da mandioca (tapioca), incrementado com a folha de jambú (uma planta com efeito anestésico que percorre os lábios, língua e garganta) bem como camarões secos. Este é servido extremamente quente numa cuia (recipiente feito artesanalmente a partir da superfície do fruto de uma planta chamada Crescentia Cujete, popularmente conhecida como Cabaça).
O X-Caboquinho (figura 4) é um sanduíche considerado patrimônio cultural e imaterial da cidade de Manaus, aprovado pelo decreto de Lei nº 202, de 4 de junho de 2019, preparado com pão francês, queijo coalho (feito a partir da coagulação e fermentação do leite da vaca), banana pacovã frita (banana cumprida) e tucumã (figura 5), fruta nativa da região e única. Em outros estados, ela muda de cor e até de sabor, e muitas vezes nem chega a ser usado como iguaria, mas em Manaus é um verdadeiro sucesso. Assim, o X-caboquinho se origina como um alimento sem igual, essencialmente manauara, encontrado nos cafés, feiras e lanchonetes.


Figura 3 – Tacacá



Figura 4 – X-Caboquinho





Figura 5 – Tucumã



Consumido há muito tempo pela população brasileira, o açaí amazônico (figura 5) vem ganhando adeptos de vários lugares do mundo. Além da ingestão da sua tradicional poupa (extraído do fruto do açaí) com flocos de farinha da tapioca, consumido pelos nortistas do Brasil, seu consumo ganhou outros formatos, usando uma diversidade de complementos, como granola, frutas variadas, cremes, amendoim entre outros.


Figura 5 – Açaí tradicional



Figura 5 – Açaí com frutas


Esses pratos típicos da região marcam a gastronomia de Manaus com sua bela composição atraente, com texturas, cores vibrantes, sabores marcantes e surpreendentes.
Para Rodrigues et al. (2014), a gastronomia traz grande representatividade no setor turístico, significando uma alocução sobre o prazer da mesa. Além disso é parte integrante da cultura nas diferentes sociedades, tornando-se representação e/ou traço cultural marcante enquanto um resultado das características étnicas, crenças e valores (Dentz et al., 2011). Assim, a gastronomia deixa de ser apenas a satisfação de saciar a fome e o prazer de comer e passa a ser uma ferramenta usada para fomentar o turismo cultural.

Maria Raimunda Barbosa da Silva

Referências
Braz, K., & da Veiga, L. (2009). A Gastronomia Enquanto Atrativo Turístico-Cultural Tourist-Cultural Attractive Gastronomia. Revista Anapolis.
Dentz, Berenice Giehl Zanetti Von. (2011). Identidade Gastronômica Alemã em Águas Mornas (SC): Um Estudo para o Fortalecimento do Turismo de Base Local. Dissertação de Mestrado (Mestre em Turismo). Universidade do Vale do Itajaí.
Rodrigues, Estefani B., Teixeira, M., Lira, A. (2014). As Trocas Culturais no Setor de Alimentos e Bebidas e a Valorização da Regionalidade Amazônica. V Encontro Semintur Jr.

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2019/2020)

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