Certa
vez, Bernardo Soares escreveu “Viajar?
Para viajar basta existir (…)”, isto é, para viajar basta ser
quem somos, no entanto, os seres humanos não devem apenas cingir-se à sua
imaginação para encontrar belezas inexploradas no Mundo.
Assim,
cheio de solidão, esse jardim transmontano floresceu. Para lá dos altos montes pertencentes
às serras existentes a norte de Portugal, situa-se uma das regiões mais
envelhecidas do território luso. Os verdejantes montes traçam a divisão, por
vezes preconceituosa, entre o litoral e o interior de Portugal, e que impedem a
exploração de maravilhas sedentas de companhia.
Em
todo os países existem esplêndidos e monumentais “jardins”, uns mais visitados do que outros, mas mesmo assim não
menos belos. Porém, a terra para Aquém dos Montes merece ser realçada
como um dos mais belos jardins do Mundo. Virgem aos olhos de muitos estrangeiros
e, principalmente, do povo lusitano, a região de Trás-os-Montes tem consigo
muitas histórias que merecem ser contadas aos seus visitantes. Os velhos e históricos
castelos, assim como as áreas protegidas são exemplos de destinos e motivos de
viagens para este mundo.
Contudo,
é necessário demonstrar o fascínio que a Albufeira do Azibo fornece após a
primeira visita. Primeiramente, é preciso conhecer que flor é esta albufeira,
no meio do imenso jardim transmontano. A Albufeira do Azibo ou, melhor
referindo, a Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo é uma área que ganhou o
estatuto de Paisagem Protegida, que fica situada no concelho de Macedo de
Cavaleiros. As suas qualidades ambientais também a integram na Reserva da
Biosfera Transfronteiriça da Meseta Ibérica, classificada pela UNESCO como a
maior reserva da Europa.
A
Albufeira do Azibo é um local que possui um lago que permite a prática de
turismo balnear. De facto, esta albufeira apresenta diversas praias fluviais,
como, por exemplo, a praia da Ribeira e a praia da Fraga da Pegada. A primeira,
respetivamente, é a maior e a mais conhecida da albufeira. Foi eleita como uma
Maravilha de Portugal e é a única praia fluvial com distinção a norte do Tejo.
Já a praia da Fraga da Pegada é a praia fluvial em toda a Europa que tem há
mais anos consecutivos a Bandeira Azul hasteada, o que mostra a pureza da água
límpida que a Albufeira do Azibo possui.
Para
mostrar a sua crescente importância, segundo o jornal Público[1], a Praia Fluvial da Fraga
da Pegada foi nomeada, no ano de 2019, como a melhor praia fluvial de Portugal,
através da votação realizada pelos portugueses e promovida pelo Guia das Praias
Fluviais. Para além disso, nestas praias pode desfrutar-se tanto de um simples
banho de sol como aproveitar atividades aquáticas relacionadas com um pequeno
parque aquático e passeios de gaivotas ou canoas.
Por
outro lado, esta albufeira transmontana também permite usufruir de outras
atividades, como Birdwatching, campismo e visita a um espaço arqueológico.
Segundo os amantes da observação de aves, a Albufeira do Azibo é um lugar de
eleição para esta atividade, quer para uma época sazonal, quer para o ano
inteiro, uma vez que é possível observar uma grande diversidade de espécies,
como as águias, as cegonhas-brancas, o tartaranhão-caçador, os patos-reais, e as
garças, entre outros.
Percorrer
caminhos pedestres e ciclovias, pertencentes à rede dos Trilhos do Azibo,
torna-se numa atividade interessante caso os visitantes estejam interessados em
acampar nesta zona. Por último, os vestígios arqueológicos, desde a
pré-história à época romana, podem ser apreciados num espaço museológico
dedicado à arqueologia.
De
facto, mais de que um rio, mais de que uma albufeira, o Azibo é sinónimo de
qualidade ambiental e beleza paisagística. Basta querer viajar e ultrapassar o
Cabo Bojador português, isto é, a linha verdejante que dita a divisão entre o
litoral e interior do norte de Portugal e, consequentemente, novos mundos,
novas paisagens e novas experiências irão preencher as memórias e prazeres de
cada indivíduo.
Cátia
Sofia Almeida Alves
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2019/2020)
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