terça-feira, abril 14, 2020

Rota Vicentina: qual o impacte na economia local?

Numa atualidade em que é inegável a crescente necessidade dos territórios de implementarem medidas que contribuam para o seu desenvolvimento, as grandes rotas podem ser um importante intermediário desse mesmo desenvolvimento. A Rota Vicentina é disso exemplo. Localizada no sudoeste de Portugal, nasceu do projeto de empresas locais que acreditavam na sustentabilidade que o mesmo traria para a região, na forte contribuição para o aumento da sua notoriedade enquanto turismo nacional e internacional de natureza e na redução da sazonalidade turística, atraindo caminhantes durante todo o ano.
Inaugurada em 2012, a Rota Vicentina conta com uma rede de percursos pedestres, totalizando 450 km, formado pelo Trilho dos Pescadores, percorrido pela costa, segue os caminhos utilizados pelos locais  no acesso às praias e pesqueiros, e pelo Caminho Histórico, que percorre as principais vilas e aldeias num itinerário rural, permitindo levar mais caminhantes ao interior, ajudando a combater o isolamento e promover zonas menos procuradas.



Em 2018, foi concluído um relatório referente ao ano anterior (2017), tendo como foco de estudo o impacte socioeconómico da rota no território, que permitiu aferir qual o número de caminhantes que chegaram à região e a forma como estes influenciaram a economia local. Um dos elementos centrais do impacte da Rota Vicentina na economia local e regional são os efeitos que tem nas empresas que operam no terreno, e que apostam numa lógica de parcerias e iniciativas que fomentam a utilização de produtos locais e de serviços ou atividades geridas pelas próprias comunidades, como o alojamento e a restauração.
O estudo desenvolvido concluiu que os caminhantes, na sua maioria, optam pelo alojamento local, hostels e hotéis, estando os dois primeiros associados a custos por noite mais reduzidos. O consumo do comércio local dentro da rede de parceiros da Rota Vicentina, como o artesanato, produtos locais, como o mel de medronheiro, a aguardante de medronho das Serras de Monchique, as broas de batata doce, e a manteiga de alcagoites são também eles importantes difusores da região. Estas entidades que trabalham no território através de um conjunto diversificado de atividades económicas são essenciais para a construção do futuro da região.

Palmira Mota

Bibliografia
https://www.visitportugal.com/pt-pt/content/rota-vicentina

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, lecionada ao Mestrado em Património Cultural, do ICS/UMinho)

Sem comentários: