terça-feira, janeiro 20, 2009

Os Sinais Vitais de Bracara Augusta

Os City Vitals, sinais vitais das cidades, desenvolvidos pelos CEO’s for cities, providenciam “uma base de medida estatística detalhada que permite aos líderes urbanos compreenderem a performance das suas cidades em quatro áreas-chave: talento, inovação, rede de contactos e distinção”, e permitem suprir algumas lacunas na avaliação das cidades.
Estas quatro dimensões são um óptimo ponto de partida para a política urbana agir no desenvolvimento da sua cidade, e, porque não, da sua região, país. Olhando de uma forma mais detalhada para cada uma das quatro dimensões da cidade, temos[i]:
· A cidade talentosa: propícia ao conhecimento construído em escolas e pela experiência, chamativa e rica em pessoas inteligentes, que nela têm oportunidade de se desenvolver e aplicar os seus conhecimentos. Em que o talento (medido com base em parâmetros como o atendimento escolar, o número de profissionais criativos, entre outros) revela o capital intelectual subjacente no qual uma região pode construir a sua economia e lidar com os inevitáveis choques de mudança e competição.
· A cidade inovadora: A capacidade de gerar novas ideias e de as tornar realidade é uma grande fonte de vantagem competitiva não só negocial mas da região como um todo. As economias avançam num processo de tentativa-erro, e geralmente quanto mais forem esses processos (testes de novos produtos e serviços) maior é o desenvolvimento da cidade. Invisíveis e sem peso, as ideias não podem ser medidas directamente, mas as suas marcas na economia podem sê-lo através de patentes, do valor monetário dos investimentos de capital, a extensão do empreendedorismo pessoal e o número de pequenos negócios.
· A cidade conectada: Conexão de pessoas residentes na cidade entre si e com o resto do mundo. As conexões internas ajudam a promover a criação de novas ideias e a melhorar o funcionamento da cidade. As conexões externas permitem às pessoas e negócios interagirem na economia global.
· A cidade distinta: apesar de esta medida ser incompleta, ela assenta nas características únicas que distinguem uma cidade das outras e para as quais, geralmente, existem poucos, se nenhuns estudos estatísticos.
Posicionar a cidade nestas quatro dimensões é o primeiro passo na definição das medidas de política, saber quais os pontos fortes e fracos, as oportunidades e ameaças desta análise SWOT a quatro dimensões são a medida a adoptar na política urbana.
Mas como em tudo, um desenvolvimento oco destas habilidades não é o suficiente para desvendar todo o potencial de uma cidade, cabe às organizações políticas sustentar este desenvolvimento, apostando em toda uma estrutura que permita que estas quatro dimensões interajam e se complementem criando uma verdadeira cidade de sucesso.
“Braga – Variedade do Comércio” assim é caracterizada a cidade que no ranking do jornal expresso ocupa o 8º lugar das melhores cidades portuguesas para viver em 2007. Com base em critérios de acessibilidade, oferta cultural, espaços verdes, capacidade de atracção estudantil, desempenho económico, entre outros, a cidade é caracterizada, no que ao comércio diz respeito, como concorrente directa de Lisboa e Porto. Destacando-se como uma cidade onde o comércio tradicional se combina de forma harmoniosa com o comércio mundial, em que “do mais simples ao mais sofisticado, (…) do mais caro ao mais barato (…) Braga tem tudo, em quantidade e variedade invejáveis.”
Apesar do 8º lugar ser um lugar digno, será que este ranking é completo?! Será que não esquece outras dimensões importantes, que de forma positiva ou negativa poderiam influenciar estas posições?!
A cidade de Braga ainda não foi avaliada com base nestes quatro sinais vitais, dela apenas podemos dizer que é uma cidade jovem, com um comércio invejável e com capacidade para que estes quatro componentes sejam explorados e desenvolvidos em prol de uma cidade competitiva em todas as suas facetas.
Maria Teresa Pires Morais da Silva Mota

Bibliografia:
Cortright, John; City Vitals, CEO’s for cities: new measures of success for cities, Impresa Consulting; 2006, Outubro in http://www.ceosforcities.org/
Jornal Expresso; As melhores cidades portuguesas para viver em 2007; 2007, Janeiro in http://engenium.wordpress.com/
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[i] Relatório City vitals, Joseph Cortright, CEO’s for cities
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(texto produzido no âmbito da unidade curricular "Desenvolvimento e Competitividade do Território", do Mestrado em Economia, Mercados e Políticas Públicas, da EEG/UMinho)

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