A cooperação Transfronteiriça da
Euro-Região Galiza-Norte de Portugal é datada de 2008 e surge como primeira
Euro-Região da Península Ibérica. Um modelo que pode, assim, ser visto como
exemplo, na medida em que fez ressurgir velhas afinidades apagadas por séculos
de História, muitas das vezes, controversos.
Com a entrada de Portugal e
Espanha na, então, Comunidade Económica Europeia (CEE), ocorre um
desenvolvimento constante das relações inter-regionais, que é, posteriormente,
afirmado pelo Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal
2007-2013, que já conta com um vasto leque de projetos conjuntos, grande parte
dos quais co-financiados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
(FEDER).
Numa luta permanente pela
procura de proximidade, a prioridade do programa tem incidido sobre: o fomento
da competitividade e promoção de emprego; o meio ambiente, património e
ambiente natural; as acessibilidades e ordenação territorial; o fomento da
cooperação e integração económica e social.
Mas, para que uma cooperação
surta o efeito pretendido, obtendo o empenho necessário das partes envolvidas,
urge que estas obtenham igual benefício a nível social, económico, administrativo,
cultural, infra-estrutural e/ou tecnológico.
Com este intuito foram, então,
desenvolvidas ideias realizáveis e, grande parte, já realizadas, como é o caso
do Projeto Euro-Região Termal e da Água, no qual intervêm quatro entidades
portuguesas e três espanholas, com o objetivo de obter um pólo de referência da
oferta termal de alta qualidade da Europa, focando-se na Eurocidade
Chaves-Verín.
Passando para o setor dos
vinhos, surge o projeto “Rotas do Vinho da Euro-Região Galiza-Norte de
Portugal”, também ele co-financiado pelo FEDER. Este projeto visa a criação e
promoção das Rotas do Vinho como instrumento público-privado de cooperação,
para melhorar a competitividade da indústria vitivinícola e o desenvolvimento
do enoturismo. Deste modo, é promovida a competitividade do vinho como
estratégia da economia da EuroRegião, assim como melhora a cooperação
público-privada, a internacionalização das PME, o aumento do número de
enoturistas e a diversificação do meio ambiente.
Excedem uma centena o número de
projetos que podiam aqui ser exibidos dado o seu carater de sucesso - como é o
caso do Euroclustex ou o Bioemprende -, no entanto, há um merecedor de maior
destaque, dada a novidade da sua apresentação. Trata-se do projeto “InveNNta”
que foi, recentemente, lançado, numa parceria entre o Laboratório Ibérico
Internacional de Nanotecnologia de Braga e o Instituto de Investigação de
Santiago de Compostela.
Um projeto que irá desenvolver
inovadores dispositivos úteis à área da saúde, assim como capacitar investigadores
e técnicos na área da nanomedicina e na transferência de conhecimento no que
confere ao diagnóstico e terapia para o cancro e doenças neurológicas. Também
esta iniciativa é, tal como todos os projetos, encarada como meio de
fortalecimento à relação e colaboração com a Galiza. Pretende-se transformar o
INL e o IDSS em centros de referência, promovendo a Euro-Região Galiza-Norte de
Portugal para a participação em projetos europeus.
Visando uma plena integração
europeia, é necessário que não se fiquem por estes projetos os esforços, mas
que se criem, continuamente, novas ideias dignas de apoios, apostando numa
identidade cultural e idiomática que facilita o processo, agilizando as viagens
entre os lados de uma fronteira que se vai tornando cada vez mais ténue. É
necessário que o esforço não parta, exclusivamente, dos governos ou das
entidades públicas e/ou privadas mas de cada individuo, para que os benefícios
atinjam, igualmente, cada cidadão.
Com o lema “Conhecer para
compreender”, a União Europeia tem procurado, incessantemente, obter uma Europa
dos cidadãos que se respeitem na diversidade. Apesar da Euro-Região
Galiza-Norte de Portugal ainda ter um longo caminho a percorrer neste sentido,
há que congratulá-la pelo esforço empenhado e pelas relações, até então criadas
na procura de um benefício comum, que tem apostado, fortemente, numa cooperação
de competitividade.
Ana Maria Silva
(texto de opinião produzido no âmbito da uc. Bases Estruturais da Euro-região Galiza-Norte de Portugal, do Mestrado em Politicas Comunitárias e Cooperação Territorial da EEG e do ICS/UMinho)
(texto de opinião produzido no âmbito da uc. Bases Estruturais da Euro-região Galiza-Norte de Portugal, do Mestrado em Politicas Comunitárias e Cooperação Territorial da EEG e do ICS/UMinho)
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