Nos
últimos anos temos assistido a um maior intercâmbio entre companhias de teatro,
sejam elas profissionais ou amadoras, entre Portugal e a região Espanhola da
Galiza, situação esta protagonizada através da organização de mostras e
festivais de teatro, iniciativas de co-produção, encontros institucionais e
alguns espectáculos, promovidos individualmente por instituições de ambos os
lados da fronteira.
Neste
sentido, o intercâmbio cultural, e neste caso específico, ao nível do teatro,
visa promover a multiculturalidade das regiões envolvidas, portuguesa e galega,
bem como dinamizar as ofertas das mesmas. Devemos, então, reflectir sobre este
tema, a sua importância e relevância para os diferentes povos e qual o seu
impacto no dia-a-dia das pessoas.
Numa
situação mais específica, como a da cidade de Braga e se esta limitar à sua
oferta cultural ao nível do teatro com base apenas nas suas companhias teatrais
residentes, quer elas sejam profissionais ou amadoras, estaremos também a
limitar o acesso da população à cultura, ficando esta “refém” da
disponibilidade e da capacidade de desenvolvimento de actividades da sua
própria oferta. Este intercâmbio teatral permite, entre outros aspectos,
ultrapassar barreiras culturais, a promoção cultural, aumentar a oferta de
espectáculos, uma gestão eficiente e com maior rentabilidade de recursos
instalados, sendo este último ponto essencial e assumindo nesta fase de
dificuldades económicas extrema importância.
Para
percebermos a importância deste último ponto vejamos o caso do Teatro Circo de Braga,
que mensalmente é obrigado a manter determinados recursos para “oferecer” os
seus espectáculos, independentemente do número dos mesmos, o que pode
representar um défice no aproveitamento dos recursos. Assim, se nesse mesmo
espaço temporal se realizassem o maior número de espectáculos possível, os
recursos necessários à sua realização teriam um melhor aproveitamento, não representando
um incremento substancial das despesas, o que confirma que uma maior oferta não
implica necessariamente uma duplicação dos custos.
Assim,
quanto maior for a capacidade organizativa e o intercâmbio, mais beneficiadas
serão as companhias ou associações teatrais e, acima de tudo, será um enorme
benefício para as comunidades abrangidas por estas iniciativas, quer ao nível
da oferta cultural, quer através de um incremento económico no turismo em toda
a sua abrangência (hotéis, restaurantes, museus, transportes, etc), com impacto
directo no aumento dos indicadores de qualidade de vida das populações beneficiadas
por estas iniciativas.
Deste
modo, quanto maior for o investimento nesta partilha de experiências e nesta
mobilização dos agentes culturais e, aqui, concretamente no universo teatral, mais
benefícios e mais estímulos terão os seus intervenientes directos e a
população, permitindo uma optimização dos custos, rubrica esta que nos últimos
anos tem sofrido elevados cortes por parte das entidades locais e nacionais,
não se prevendo num futuro próximo a inversão da situação.
Devemos
então, cada vez mais, assegurar este tipo de actividades de intercâmbio com
iniciativas devidamente organizadas, tentar o envolvimento concertado de todas
as instituições com responsabilidade neste domínio, e “olhar” para a cultura
promovida pelo teatro como um investimento capaz de promover culturas, promover
a qualidade de vida das populações, promover o desenvolvimento socioeconómico e
a cooperação territorial.
José Joaquim Gomes Faria
(texto de opinião produzido no âmbito da uc. Bases Estruturais da Euro-região Galiza-Norte de Portugal, do Mestrado em Politicas Comunitárias e Cooperação Territorial da EEG e do ICS/UMinho)
(texto de opinião produzido no âmbito da uc. Bases Estruturais da Euro-região Galiza-Norte de Portugal, do Mestrado em Politicas Comunitárias e Cooperação Territorial da EEG e do ICS/UMinho)
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