Como parte integrante da Cultura nacional, a gastronomia implica a verdadeira apreciação da boa comida e do bom vinho, que, se acompanhados por um bom serviço, e uma melhor companhia, podem proporcionar verdadeiros momentos de prazer, que serão sempre recordados, e é nesta experiência intercultural que o novo turista do século XXI tem vindo a apostar cada vez mais.
O turismo Cultural tem tido uma maior procura nos últimos anos, mas não basta demonstrar as riquezas tangíveis da região, a beleza natural ou os locais históricos. O turista também visita com o estomago.
Já se costuma dizer que há mulheres que conquistam os homens pelo estomago. Pois bem, há certas regiões que fazem o mesmo com os visitantes.
A busca da cozinha popular ou étnica, a cozinha familiar, caseira ou tradicional, sem deixar de lado a cozinha de autor, têm levado a que os turistas estejam dispostos a percorrer mais de 100 km para apreciar estas iguarias, demonstrando que o turista está disposto a despender uma quantidade razoável de dinheiro para viver novas experiências culinárias.
Tendo em consideração esta realidade, as regiões do país têm apostado cada vez mais na sua gastronomia, no produto que as distingue das demais. Tem sido cada vez mais recorrente a divulgação de Feiras Gastronómicas como um apelo à visita da região.
O facto é que estas Feiras Gastronómicas têm tido cada vez mais procura, atraíndo turistas de todo o pais, e fora deste, sendo que estes eventos não necessitam de estar ligados a outros para se tornarem no motivo principal para uma deslocação turística. De facto, agora são muitos os eventos paralelos que se ligam a Programas Gastronómicos com o objetivo de absorver alguns dos turistas que vão visitar as Feiras Gastronómicas.
Um bom exemplo disso são as Feiras do Artesanato que se realizam no mesmo local, na mesma data, das Feiras Gastronómicas de Vila Nova de Famalicão, uma vez que assim absorvem os mesmos visitantes, aumentando as possibilidades de divulgação e venda dos seus produtos.
O atual turista é curioso, exigente, sabe o que quer, sabe o que procurar e, com as novas tecnologias e publicidade (GPS, internet, redes sociais, …), sabe onde procurar, não tendo problemas, como acima mencionado, em se deslocar pelo país para as apreciar.
Com a abertura da mentalidade dos novos turistas, dispostos a experimentar desde sushi, comida mexicana ou indiana, abre-se também o leque de ofertas gastronómicas, havendo à volta de 300 Festas gastronómicas no Norte do Pais. Muitas delas estão relacionadas com a cozinha étnica. Estes eventos são atualmente fatores de atratividade e autênticos produtos turísticos que, em muitos casos, conseguem colocar a sua região no mapa turístico através dos seus eventos.
Estas situações são possíveis atualmente porque o consumidor está disposto a se deslocar para poder beneficiar de novas experiências, interligar-se com a cultura e com a identidade do povo que está a visitar, e, se houver um bom aproveitamento destes eventos por parte da comunidade residente, o turista irá acabar por usufruir do que a terra tem para oferecer, através do património histórico e natural da região, voltando todos os anos, se não mais, na altura do próximo evento gastronómico.
Vitor Alexandre de Abreu Pacheco
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo” do curso de Mestrado em Economia Social, da EEG/UMinho]
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