O produto turístico «Sol e Mar» é um produto competitivo para Portugal, exibindo o nosso país fatores favoráveis para o desenvolvimento deste produto. O clima ameno, as horas de sol durante todo o ano, a beleza natural de toda a costa portuguesa, a qualidade das praias, a hospitalidade do povo e a segurança, fazem de Portugal um país competitivo quando comparado com outros destinos que oferecem o mesmo tipo de produto.
Apresentando uma extensão de 850kms de costa, é de frisar a qualidade das águas das praias, a existência de instalações sanitárias, estacionamentos e vigilância. Ainda existem praias ao longo da costa que não são conhecidas e que representam um verdadeiro potencial, como é o exemplo da costa alentejana ainda pouco explorada e possuindo praias selvagens. Outro exemplo é o de Porto Santo, na Ilha da Madeira, caracterizado pelo clima estável durante todo o ano, o que torna possível fazer praia devido à agradável temperatura da água do mar. As potencialidades deste destino poderão estar também na saúde, uma vez que poderá ser associado à cura de doenças ortopédicas e reumáticas, através das propriedades terapêuticas das suas praias.
Apesar de todas estas características únicas, Portugal apresenta algumas limitações que fazem com que o produto «Sol e Mar» perca “alguns pontos” quando comparado com outros destinos turísticos, principalmente Espanha (principal concorrente).
Em primeiro lugar, salienta-se a degradação ambiental e paisagística da maioria das áreas costeiras, em resultado da exagerada edificação. Para resolver esta questão, seria fundamental definir uma nova política de ordenamento do território e evitar a construção desenfreada em locais muito próximos das praias, arribas e falésias. Será também imprescindível definir projetos de reparação e requalificação das zonas costeiras mais afetadas pelas intempéries ocorridas este ano.
Deve apostar-se no melhoramento das infraestruturas de transporte, principalmente no verão, bem como no aumento da oferta de serviços de qualidade em algumas zonas costeiras, uma vez que a falta de serviços complementares acaba por afastar os turistas. Sendo também necessário o aumento da sinalização nas praias e nos acessos balneares.
A falta de mão-de-obra qualificada e grande rotação da mesma implica que o serviço oferecido aos turistas não seja o melhor. A falta de financiamento dos municípios litorais constitui também um problema, na medida em que muitas obras de requalificação dos espaços ficam por terminar, assim como os estacionamentos pagos que levam ao afastamento de turistas em determinadas zonas.
O produto turístico «Sol e Mar» está associado a uma grande sazonalidade, sendo atualmente os meses de verão os mais favoráveis. Para diminuir o efeito negativo da sazonalidade na procura turística desse produto é importante a oferta de outros produtos complementares, como por exemplo atividades desportivas ligadas ao mar, aposta na qualidade dos serviços hoteleiros através da oferta de “pacotes” de saúde e bem-estar, relaxamento, entre outros (a título de exemplo, considere-se a programação de excursões pela costa e nas imediações, de passeios a cavalo, etc.).
Apostar mais na promoção é uma solução e deverá continuar a ser uma prioridade para dar a conhecer o que o país tem de melhor, nomeadamente através da publicação em revistas de qualidade. Na minha opinião, seria interessante elaborar um plano de marketing específico de turismo «Sol e Mar» para servir como marco de referência para a promoção e comercialização da oferta portuguesa, coordenando os recursos e esforços do sector público e do sector privado. A realização de um inventário das praias que reúnam as características necessárias para integrar a oferta «Sol e Mar» também deverá ser uma ideia a ter em consideração.
Para tal é necessário agir, criando as condições para que o sector do turismo e todas as entidades (empresas, entre outros) possam tirar o melhor partido deste produto estratégico, que possui todas as condições para ser um sucesso.
Ana Isabel Ferreira Fernandes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo” do curso de Mestrado em Economia Social, da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo” do curso de Mestrado em Economia Social, da EEG/UMinho]
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