Não existe consenso quanto às origens do golfe. Uns apontam a Idade da Pedra; outros referem-se a um jogo romano, muito semelhante - a “paganica” -, onde se usava uma vara dobrada e uma bola de penas; outros ainda, referem um jogo parecido, denominado “chuíw an”, praticado na China, entre finais do séc. VIII e finais do séc. XIII.
Mais aceite é a versão de que este jogo, com as características que tem hoje, nasceu na Escócia, no Séc. XV, resultando de um processo evolutivo de um outro chamado “Kolven”, praticado no gelo pelos holandeses.
Em Portugal, bem como no resto do mundo, foi um desporto difundido pelos emigrantes escoceses e ingleses, que criavam clubes e campos de golfe nos locais onde se instalavam.
O vinho do Porto teve no nosso país um papel preponderante nesta matéria, pois foi por intermédio de uma colónia de ingleses residente no Porto e produtora do nosso vinho, que nasceu o primeiro clube de golfe, em 1890, em Espinho - o Oporto Niblicks Club.
Hoje em dia, o golfe é praticado em todo o mundo, assumindo importância estratégica em várias áreas, nomeadamente no turismo. É um segmento associado a fluxos de turistas de valor acrescentado, em função do rendimento, alcançando taxas de receita per capita superiores à média, representando o maior mercado de viagens relacionado com o desporto.
Em Portugal, embora com reduzida dimensão, é um mercado importante pelo seu gasto médio, por contrariar a sazonalidade dominante e por conferir prestígio ao destino.
Dado o peso estrutural do produto “Sol e Mar”, especialmente nos meses de Verão, entre Junho a Setembro, o golfe assume especial importância na sazonalidade. A época alta no turismo internacional são os meses de Março, Abril e Maio e a seguir Setembro, Outubro e Novembro, quando os campos de golfe do Norte da Europa (Reino Unido e Escandinávia) estão fechados. É este também o mercado emissor com maior peso na Europa.
É um dos 10 produtos estratégicos para Portugal, que constam no Plano Estratégico Nacional de Turismo (PENT), aprovado em 2007, para o horizonte temporal 2007-2015 e validado na sua revisão, para 2013-2015.
A estratégia de desenvolvimento do produto tem por objectivo os mercados externos, através da concentração de esforços, evitando a dispersão em acções de reduzido impacto, importando referir ainda que esta estratégia beneficia igualmente o mercado interno.
Classificado como produto consolidado para a região do Algarve, onde a oferta é organizada, a procura é primária (motivo principal da viagem é o golfe) e objecto de promoção externa. O Algarve representa 50% do total da oferta nacional, sendo também a região de maior procura, principalmente do mercado externo. Tendo já ganho vários prémios internacionais, a região foi recentemente considerada "Destino de Golfe Europeu do Ano 2014" por mais de 500 operadores membros da Associação Internacional dos Operadores Turísticos de Golfe.
A região de Lisboa é a segunda com maior peso no país, onde o golfe é classificado como produto em desenvolvimento, com a oferta em estruturação, procura primária, sendo também objecto de promoção externa.
Na região Norte, a classificação é de produto complementar, querendo isto dizer que o golfe valoriza e enriquece a oferta e corresponde à satisfação de uma motivação secundária de viagem. Aqui, será importante notar que cinco dos maiores campos, dos nove existentes na região, juntamente com vários hotéis e resorts de topo, criaram, em 2013, o primeiro cluster de golfe no Norte de Portugal, apoiados pela Associação de Turismo do Porto (ATP), entidade oficial responsável pela promoção externa da região, apesar do produto não ser considerado objecto de promoção externa por parte do PENT.
Portugal é reconhecido internacionalmente como um destino de excelência de golfe, mas precisa de crescer. A sustentabilidade do negócio passa pelo seu desenvolvimento, dirigido a um cliente internacional de elevado poder de compra e pela dinamização do mercado interno.
É na Europa do Norte e na Europa Central que a dinâmica do golfe no mercado interno é maior, pois há um grande número de jogadores federados. Apesar de maioritariamente ser praticado por homens, é nestes países que a diferença entre jogadores e jogadoras é menor, reflexo de um superior nível de desenvolvimento.
Para que esta indústria cresça, os mercados interno e externo devem crescer em paralelo.
Há muitos anos que está identificado um segmento, neste meio, que merece especial atenção - as “viúvas do golfe”.
As “viúvas do golfe” são as mulheres dos jogadores que, por ficarem sem marido durante largas horas do jogo ou mesmo fins-de-semana ou semanas inteiras, ganharam direito a esta particular expressão.
Especial atenção será, então, seduzi-las para esta modalidade e atrair aquelas que não têm qualquer interesse no desporto em causa, com oferta específica e adequada aos diferentes destinos de golfe, favorecendo assim o seu desenvolvimento.
Mariana Sá
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo” do curso de Mestrado em Economia Social, da EEG/UMinho]
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