sábado, março 04, 2017

Porque é que o Porto está na moda?

Na verdade, já algum tempo que a cidade Invicta faz parte da lista dos destinos preferidos na Europa. Prova disso é o facto de nos últimos cinco anos ter conquistado por duas vezes (em 2012 e 2014) o primeiro lugar da lista invejada por tantas outras cidades europeias.
No passado mês, a cidade do Porto, bem como todo o país, recebeu orgulhosamente a notícia que pela terceira vez era detentora do título “Europen Best Destination 2017”. Ficando à frente de cidades tão famosas como Milão, Atenas e Viena.
No próprio sítio (http://www.europeanbestdestinations.com) podemos ler que “nunca uma escolha para o destino vencedor foi tão unânime para tantos viajantes espalhados pelo mundo”, o que comprova que Portugal, e neste caso o Porto, não tem turistas apenas da Europa. Os turistas vêm de todos os continentes, desde Estados Unidos, África do Sul, Canadá, Coreia do Sul, o que resultou numa decisão de 420 mil pessoas provenientes de 174 países.
Mas, afinal, o que é que o Porto tem que o distingue das outras cidades tão conhecidas? Será a fantástica arquitetura tão caraterística da cidade? Ou as paisagens arrebatadoras da ribeira na margem do rio Douro? Talvez seja a fantástica e vigorosa gastronomia, tão típica da região, que agrada a todos que a ousam experimentar. Na verdade, tudo isto foi decisivo para a escolha. Os turistas referiram que a cidade Invicta era uma surpresa do início ao fim; conseguiam planear diferentes atividades para todos os dias. Os passeios de barco pelo Douro, as viagens de helicóptero, o comércio e a simpatia dos seus habitantes foram os principais responsáveis por esta conquista.
Segundo dados oficiais das autoridades locais, o ano de 2016 provou ser o melhor ano de sempre para o setor do turismo (com um resultado próximo dos 1,5 milhões de turistas atraídos à cidade). O INE assinalou um aumento de 11,4% de hóspedes na região do Norte, onde se encontra o Porto, face ao ano anterior.
Este prémio não só serviu para reconhecer toda a dedicação da população local bem como os esforços que foram feitos pelas autoridades nacionais e locais ao longo do tempo para que a cidade se tornasse cada vez mais atrativa, reconhecida e recomendada. Estes resultados acabaram por levar o atual presidente da câmara do Porto e da Associação de Turismo do Porto e Norte de Portugal, Rui Moreira, a dizer que “A visibilidade que este prémio traz é especialmente útil para o setor do turismo, mas é também uma forma de chamar a atenção do Porto como oportunidade de investimento e de empreendorismo”.
Claro que esta notoriedade e visibilidade é extremamente importante para a economia local, bem como para a economia e o reconhecimento do país. Se conseguirmos atrair turistas a uma cidade, certamente que será mais fácil conduzi-los para outras zonas que poderão passar a constar nas suas listas de recomendações. Mas tal resultado só fará sentido se tivermos condições para receber turistas, quero com isto dizer boas infraestruturas de transporte, hotéis para diferentes tipos de turistas (com diferentes preços e caraterísticas), atividades direcionadas para a atração dos mesmos, mantendo outros atributos já intrínsecos aos portugueses (nível de segurança elevado, uma gastronomia singular e o nosso acolhimento tão caloroso).
Também precisamos de ter um conhecimento bastante pormenorizado das cidades portuguesas que têm neste momento condições adequadas para a receção de novos turistas e as que dificilmente terão. Só assim conseguiremos aproveitar da melhor forma esta fonte de receitas garantida.
Agora, é preciso manter o nível de exigência que é tipicamente pedida aos campeões.

Beatriz Fernandes

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/17)

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