domingo, março 12, 2017

Rally de Portugal: mais do que um desporto ou uma paixão, um produto turístico

        O Rally de Portugal é uma história que já conta meio século. Uma competição organizada pelo Autómovel Clube de Portugal que arrasta milhares de espetadores atraídos pelo desporto motorizado e que gera um incomparável fluxo turístico.
Trata-se de uma tradição cultural concebida em parceria com os municípios de Amarante, Braga, Cabeceiras de Basto, Caminha, Fafe, Lousada, Guimarães, Matosinhos, Mondim de Basto, Paredes, Ponto de Lima, Viana do Castelo e Vieira do Minho, e que passa de geração em geração e com um sucesso estrondoso ao longo das décadas.
Segundo um estudo realizado pelo Centro Internacional de Investigação em Território e Turismo da Universidade do Algarve, realizado em parceria com a Universidade do Minho, desde 2007, o Rally de Portugal demonstrou uma performance positiva no valor de 990 milhões de euros.
Em 2016, o retorno económico foi de 129,3 milhões de euros, o que se traduz numa receita fiscal superior a 24 milhões de euros. No mesmo ano, os adeptos franceses do evento automobilístico permaneceram, em média, 4,7 noites na região norte de Portugal. Este é um excelente exemplo da mais-valia proporcionada pelo apoio dos fundos europeus do Programa Operacional Regional do Norte 2020.
É neste âmbito que surge o título deste artigo. Mais do que um desporto ou uma paixão, o Rally de Portugal, que outrora fora conhecido pela paixão dos espetadores ou pela hospitalidade do povo, apresenta-se agora como um produto turístico. É quase que como um “aproveitar de tudo o que já havia”, a qualidade das pistas, a paixão pelo deporto, o clima, e criar um “produto” final onde pudéssemos juntar o retorno financeiro.
Falar neste desporto sem falar do Norte, seria como falar em Braga e não mencionar o Bom Jesus, e tantas memórias tenho de, entre amigos, ir ver a Super-especial em Lousada, ou a prova especial de Fafe, mais conhecida também pelo “salto”. Memórias essas que vão muito além do Toyota do Sainz a varrer, dos gritos de emoção e do convívio pois, para além da paixão, havia o produto turístico (e já na altura muitos eram os espanhóis e franceses que visitavam a prova).

Este ano assinala-se a 50ª edição, do dia 19 ao dia 22 de maio, que irá ter como novidades mais quilómetros e os regressos dos troços de Luílhas e Montim, onde o centro de Braga será o palco da Super-especial.

Christophe dos Santos 

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/17)

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